Trabalho escravo: quem é o ex-governador de SC beneficiado por decisão de juíza

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21 Setembro 2016

Uma juíza de Santa Catarina não se impressionou com um flagrante de trabalho escravo ocorrido em 2010, em São Joaquim. A equipe do Ministério do Trabalho libertou 156 trabalhadores de uma fazenda de maçã. A magistrada defendeu o empregador por não devolver a carteira de trabalho e criticou os fiscais. Ela definiu os trabalhadores como “viciados em álcool e drogas ilícitas”. A reportagem pode ser conferida aqui: “Juíza diz que trabalhadores são ‘viciados’ e que reter seus documentos ‘causa bem à sociedade’“.

A reportagem é de Alceu Castilho, publicado por De Olho no Agronegócio, 20-09-2016.

O empregador, o advogado Henrique Cordova, pertence a um setor muito específico da sociedade: a política. Foi governador biônico de Santa Catarina entre 1982 e 1983, pelo PDS, deputado estadual e federal pela Arena e deputado federal Constituinte, primeiro pelo PDS, depois pelo PFL. Hoje recebe uma aposentadoria de R$ 9.550,95 de aposentadoria pelo Instituto de Previdência de Santa Catarina (Iprev). E, principalmente, vive do agronegócio.

Em 2012, candidato derrotado à prefeitura de São Joaquim, pelo PPS, declarou R$ 7,9 milhões. Vejamos:

As empresas estão em nome da mulher, portanto, Marita Stadler Cordova. A Ipê foi aberta em 1976. A São Luiz, sociedade dela com a filha Cilene, em novembro de 1984 – nos estertores da ditadura. A Mareli Agropastoril Ltda (este é o nome real da empresa), em 1987. Todas voltadas para o cultivo de maçã.

Foi a São Luiz Fruticultura a empresa flagrada com trabalho escravo, em 2010.

Em nota à imprensa, em 2012, Henrique Cordova negou a existência de trabalho em suas fazendas. Contou que não era mais sócio da empresa, desde 1996 (ele não informou que os bens da esposa constam de sua declaração), e atribuiu as denúncias a uma campanha para que ele não fosse eleito prefeito.

A Mareli Agropastoril é uma sociedade com Aristorides Stadler, o Ari Stadler, que chegou a ser senador, em 2002, pelo PP, como suplente de Jorge Bornhausen – uma figura bem mais conhecida entre os quadros catarinenses da ditadura de 1964. Cordova era vice-governador de Bornhausen, antes de assumir o governo de Santa Catarina.

Em 2014, Marita era a 9ª maior devedora para o Banco Regional de Desenvolvimento para o Extremo Sul (BRDE), com R$ 4,7 milhões.

Segundo a Repórter Brasil, os trabalhadores libertados em 2010 não conseguiam voltar para suas casas no interior do Rio Grande do Sul: “Sequer conseguiam chegar à cidade mais próxima, São Joaquim, a 40 quilômetros da fazenda onde trabalhavam, por estrada de chão”.

A reportagem informa que – em pleno frio catarinense – eles moravam em um barracão de alvenaria, “em camas com pregos expostos, sem lençóis ou cobertores”. “Os banheiros não possuíam portas e eram integrados aos quartos, fazendo com que a água do banho escorresse por debaixo das camas e aumentasse a umidade do local”.

Não tinham acesso a água potável e nem proteção para a aplicação de agrotóxicos. Os banheiros das frentes de trabalho não tinham papel higiênico.

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