O PT vai rachar?

Mais Lidos

  • O celibato de Jesus: “O que o Papa disse me deixou com um enorme desacordo”. Artigo de Eduardo de la Serna

    LER MAIS
  • A nova extrema-direita e sua atração pela Bíblia e pelas religiões

    LER MAIS
  • Os ataques aéreos permitidos contra alvos não militares e o uso de um sistema de inteligência artificial permitido ao exército israelense levam a cabo sua guerra mais mortífera em Gaza, revela uma investigação de +972 e Local Call

    Uma fábrica de assassinatos em massa

    LER MAIS

Newsletter IHU

Fique atualizado das Notícias do Dia, inscreva-se na newsletter do IHU


Revista ihu on-line

Zooliteratura. A virada animal e vegetal contra o antropocentrismo

Edição: 552

Leia mais

Modernismos. A fratura entre a modernidade artística e social no Brasil

Edição: 551

Leia mais

Metaverso. A experiência humana sob outros horizontes

Edição: 550

Leia mais

08 Agosto 2016

“O PT cometeu muitos erros, e não chega a ser uma surpresa que um grupo grande de militantes pense em deixar a legenda”, escreve Celso Rocha de Barros, doutor em sociologia pela Universidade de Oxford, com tese sobre as desigualdades sociais após o colapso de regimes socialistas no Leste Europeu, em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, 08-08-2016.

Segundo ele, “o problema é outro. Os dirigentes que cometeram crimes eram os que mais aceitavam as regras do jogo, tanto na política quanto na economia. Isso diz algo sobre as regras do jogo. Mas será muito ruim para o país se uma parte importante da esquerda, que inclui quadros de grande qualidade, se recusar a jogar. Isso diminuiria, inclusive, as chances de construirmos um novo jogo no pós-Lava Jato”.

Eis o artigo.

Há um risco real de o PT rachar. O Campo Majoritário e a tendência Mensagem ao Partido, do ex-governador Tarso Genro, vêm adotando posições públicas cada vez mais difíceis de conciliar. Os dissidentes são um grupo importante, com capacidade de levar uma parte razoável do partido com eles. No mínimo, a disputa interna deve se acirrar.

Boatos sobre a saída da Mensagem já circulam há mais de um ano. Mas a crise do segundo mandato de Dilma criou uma tensão. Por um lado, vários grupos dentro do PT passaram a contemplar a possibilidade de sair da sigla. Se Dilma tivesse conseguido fazer o ajuste com Levy/Barbosa, o racha teria sido inevitável.

Por outro lado, a guerra do impeachment criou um constrangimento: um êxodo em massa de petistas teria sido uma rendição sem honra diante da ofensiva conservadora, conduzida por partidos e setores à direita, inclusive, do PSDB.

A batalha do impeachment está acabando e todos sabem qual será seu resultado. Em poucas semanas, não haverá mais o principal obstáculo ao racha. Três eventos recentes sugerem que o risco de dissidência cresceu.

O mais importante, sem dúvida, foi a eleição da presidência da Câmara. Enquanto os dirigentes do partido (Lula incluído) apoiavam Rodrigo Maia (DEM-RJ), parte importante da bancada se retirava do plenário. Os dissidentes não aceitam voltar a jogar o jogo tradicional da política brasileira. Entendo quem não queira fazê-lo, mas, por enquanto, é o jogo que temos.

Na semana passada, uma nova tensão surgiu quando Rui Falcão, presidente do PT, recusou publicamente a tese da consulta popular por novas eleições caso Dilma sobreviva ao impeachment. A própria presidente havia manifestado simpatia por novas eleições. Como notou o jornalista Kennedy Alencar, a declaração de Falcão foi o adeus do partido a Dilma.

A posição do presidente do PT levou Tarso Genro a escrever, em uma rede social, que os dirigentes do PT "omitiram todos os erros sem um pio. Agora que Dilma aponta, corretamente, querer responder com a soberania popular, direção do PT diz não".

E Dilma, por sua vez, parece propensa a romper com a direção do PT. As declarações da presidente pedindo autocrítica do partido se tornaram mais frequentes desde que as denúncias de dinheiro irregular em sua campanha eleitoral se tornaram mais críveis.

Além de jogar a culpa no PT (que não deve mesmo ser inocente), Dilma deu sinais de que pretende cair com o discurso dos dissidentes: em entrevista recente à Folha, declarou que seu grande erro foi tentar um ajuste fiscal rápido demais.

Essa autocrítica pela esquerda é nova: em outros momentos, Dilma dizia que seu erro foi ter subestimado o tamanho da crise internacional em 2014, ou ter se aliado ao PMDB.

O PT cometeu muitos erros, e não chega a ser uma surpresa que um grupo grande de militantes pense em deixar a legenda.

O problema é outro. Os dirigentes que cometeram crimes eram os que mais aceitavam as regras do jogo, tanto na política quanto na economia. Isso diz algo sobre as regras do jogo. Mas será muito ruim para o país se uma parte importante da esquerda, que inclui quadros de grande qualidade, se recusar a jogar. Isso diminuiria, inclusive, as chances de construirmos um novo jogo no pós-Lava Jato.

Comunicar erro

close

FECHAR

Comunicar erro.

Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

O PT vai rachar? - Instituto Humanitas Unisinos - IHU