12 Dezembro 2025
O Papa rebateu as especulações em torno de sua visita à icônica Mesquita Azul de Istambul durante sua recente viagem à Turquia, mas não chegou a dizer se rezou lá.
A reportagem é de Justin Mclellan, publicada por National Catholic Reporter, 10-11-2025.
"Quem disse que eu não rezei?", perguntou o papa em resposta a uma pergunta feita por um repórter ao sair da residência papal em Castel Gandolfo, no dia 9 de dezembro, para retornar ao Vaticano.
"Disseram que eu não orei, mas eu já respondi no avião: mencionei um livro", disse ele, referindo-se a A Prática e a Presença de Deus, do Irmão Lawrence, que citou em seu voo de volta a Roma como representativo de sua espiritualidade pessoal de entregar a vida a Deus.
"Pode ser que eu esteja rezando neste momento", continuou ele. "Na verdade, prefiro rezar em uma igreja católica na presença do Santíssimo Sacramento. O fato de tanto se ter dado a esse momento me pareceu um tanto curioso", disse ele
Asgin Tunca, o muezim da Mesquita Sultan Ahmed de Istambul, responsável por chamar os fiéis à oração e que acompanhou Leão pela visita ao edifício em 29 de novembro, disse a repórteres após a visita que o papa recusou um convite para rezar na mesquita.
"Se o senhor quiser praticar sua fé, pode fazê-lo aqui", disse ele que falou ao papa, "mas ele respondeu: 'Não, vou apenas dar uma olhada'", contou Tunca aos jornalistas. Mais tarde, o Vaticano afirmou que Leão viveu sua experiência na mesquita "em um espírito de contemplação e escuta".
Um vídeo editado da visita, divulgado pelo Vaticano, parece confirmar o relato de Tunca, com o muezim oferecendo em voz alta: "Se quiser, pode rezar aqui", mas Leão apenas continuou a olhar ao redor da mesquita.
Tanto Bento XVI quanto Francisco rezaram na Mesquita Azul durante suas visitas em 2006 e 2014, respectivamente. A visita de Bento XVI marcou apenas a segunda vez que um papa entrou em uma mesquita, e depois ele agradeceu ao imã "por este momento de oração". Francisco juntou as mãos e permaneceu em oração silenciosa por mais de dois minutos.
Papa: comentários de Trump 'desmantelam' aliança EUA-Europa
Após se reunir com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky mais cedo naquele dia, Leão disse a repórteres que partes do acordo de paz proposto pelos Estados Unidos entre a Ucrânia e a Rússia "representam uma mudança enorme no que foi, por muitos e muitos anos, uma verdadeira aliança entre a Europa e os Estados Unidos".
O acordo de paz original proposto pelo presidente Donald Trump estabelece um grupo de trabalho russo-americano sobre questões de segurança na Ucrânia sem o envolvimento da Europa, e nomeia Trump para supervisionar a implementação do acordo. Esperava-se que Zelensky enviasse suas revisões ao acordo de paz aos Estados Unidos em 10 de dezembro.
"Buscar um acordo de paz sem incluir a Europa nas conversas não é realista, a guerra está na Europa", disse o papa. "A Europa deve fazer parte das garantias de segurança que se buscam hoje e no futuro, infelizmente nem todos entendem isso."
O acordo de paz proposto "contém uma série de pontos com os quais, embora muitas pessoas nos Estados Unidos concordem, acredito que muitas outras veriam as coisas de maneira diferente", continuou ele.
Leão também abordou os comentários recentes de Trump em uma entrevista à Politico, na qual ele chamou a Europa de "fraca" e "em decadência" devido à imigração e ao "politicamente correto".
"As declarações feitas recentemente sobre a Europa em entrevistas visam desmantelar o que considero ser uma aliança muito importante hoje e no futuro", disse Leão.
Sobre a guerra na Ucrânia, o papa disse que ele e Zelenskyy conversaram longamente sobre como a Igreja pode ajudar a repatriar as crianças que foram levadas para a Rússia, o que era uma prioridade para o envolvimento diplomático do Vaticano na guerra, desenvolvido sob o pontificado do Papa Francisco.
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