"O Cristo é rei por nos instigar ao real, a fim de torná-lo menos opressivo, injusto e violento. Ele reina na flor baldia do caminho e nas grandes causas da Humanidade", escreve Chico Alencar, deputado federal - PSOL-RJ, ao comentar o primeiro domingo do Advento.
Estamos na primeira semana do lindo e promissor tempo do Advento - preparação para o Natal.
A festa de hoje é do Cristo Rei. Que rei é esse? Um não-rei, despojado de pompa, coroa (exceto a de espinhos) e palácio.
Um mestre, um irmão, um Deus conosco (Emanuel), que assumiu a carne humana. E, assim, a sacralizou: "tudo o que move é sagrado".
Esse Cristo Jesus Rei do Universo é desconhecido pelos que usam a Bíblia para exaltar tiranos, prepotência e ânsia de poder. Pelos que exortam um "Deus dos Exércitos" para negar ciência, democracia, igualdade e fraternidade.
Um Deus que certamente não é dos que usam a boa fé do povo para, sequiosos por poder e prestígio, induzi-lo ao ódio, à burla. Às fugas das responsabilidades, às falcatruas por amor sacrílego ao dinheiro.
"Eu não preciso de muito dinheiro, graças a Deus", garantiram Jards Macalé (1943-2025) e Waly Salomão (1943-2003), ao "descer a ladeira para tomar aquele velho navio". Nosso Deus soberano nos quer emancipados e a caminho: navegar é preciso!
Nosso Deus é o do Cristo crucificado, aparentemente derrotado. Um homem que, mesmo na sua agonia, dá esperança ao "bom ladrão" (Lucas, 23, 35-43).
Deus conosco, companheiro, que não nos quer como súditos mas como parceiros. Para que nos lancemos na desafiadora tarefa de viver, entre conquistas e perdas, dores e amores.
O Cristo é rei por nos instigar ao real, a fim de torná-lo menos opressivo, injusto e violento. Ele reina na flor baldia do caminho e nas grandes causas da Humanidade.
O Cristo Rei do Universo é um plebeu, vindo de Maria e de José. Nascerá sem terra, trono e teto: luz na cruz, na manjedoura, no calvário. Brilho na escuridão. Amor igualitário.
Louvado seja, abençoados sejamos!