09 Dezembro 2024
"O Domingo da Anunciação da Imaculada Conceição da Encarnação de Deus - todo amor é sagrado, sem mácula, e nossos corpos também! - é o da afirmação do feminino no mundo, contra as seculares discriminações e opressões. O feminino fecundante está em nós, está no mundo. Divinamente, para sempre!", escreve Chico Alencar, deputado federal - PSOL-RJ, comentando, nesse 2º domingo do Advento, o evangelho da Anunciação.
Nesse 2º domingo do Advento, a leitura de Lucas (1, 26-38) é a da Anunciação.
O anjo Gabriel, que em hebraico significa "Deus é minha força", sussurra a Maria: "Alegre-se, cheia de graça: Deus é com você! (28). O Espírito Santo virá sobre você e a força do Altíssimo a cobrirá. O Santo que nascerá de você será chamado Filho de Deus!" (35).
É um contrassenso a estrutura patriarcal e machista de muitas igrejas cristãs. Nos relatos dos evangelhos, as mulheres têm um papel central na história de Jesus, do Natal à Páscoa, passando pelas ceias e pelo calvário. Presença marcante. "De Jessé nasceu a vara, da vara nasceu a flor, e da flor nasceu Maria, e de Maria o Salvador", canta Milton, inspirado na tradição popular natalinas dos Santos Reis. As mulheres são também as primeiras a ver o Ressuscitado e a proclamar a Boa Nova da vida vencendo a morte.
No livro mais traduzido no mundo depois da Bíblia, "Dom Quixote de la Mancha" (Miguel de Cervantes, 1547-1616), a mulher - naquele tempo ainda de "caça às bruxas" e fogueiras inquisitoriais - é reverenciada: "Porque deves saber, Sancho, que as mulheres são a mais perfeita das criações divinas. Que embora sejam mais bonitas que as flores, as estrelas e a lua cheia juntas, são fortes como o aço da minha lança. (...) O nosso mundo sem elas estaria completa e irremediavelmente perdido, pois elas são a força da vida e o motor que impulsiona a nossa existência".
O Domingo da Anunciação da Imaculada Conceição da Encarnação de Deus - todo amor é sagrado, sem mácula, e nossos corpos também! - é o da afirmação do feminino no mundo, contra as seculares discriminações e opressões. O feminino fecundante está em nós, está no mundo. Divinamente, para sempre!
Amém!
"Eu não duvido, eu já escuto teus sinais! E tu virias numa manhã de domingo, eu te anuncio no sino das catedrais!" (Alceu Valença, "Anunciação", 1983)
