A colheita de azeitonas mais sangrenta da Cisjordânia: 167 ataques de colonos só em outubro

Agricultores palestinos inspecionam suas oliveiras danificadas por colonos israelenses. (Foto: Issam Rimawi | Anadolu Agency)

Mais Lidos

  • A marca de Francisco no conclave de 2025. Artigo de Alberto Melloni

    LER MAIS
  • Ur-Diakonia: para uma desconstrução do anacronismo sacerdotal e a restauração do 'homo diaconalis' na igreja. Artigo de Thiago Gama

    LER MAIS
  • De quintal a jardim de horrores: América Latina no centro da Doutrina Donroe. Destaques da Semana no IHUCast

    LER MAIS

Assine a Newsletter

Receba as notícias e atualizações do Instituto Humanitas Unisinos – IHU em primeira mão. Junte-se a nós!

Conheça nossa Política de Privacidade.

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

16 Dezembro 2025

Dados divulgados pela ONU. Um menino palestino de 13 anos morreu. O jornal Haaretz escreve: "Nasceu aqui uma Ku Klux Klan judaica".

A informação é de Anna Lombardi, publicada por La Repubblica, 16-11-2025,

Colonos israelenses declaram guerra às oliveiras: a colheita se transformou em um pesadelo para os palestinos que trabalham nela. No entanto, sempre foi o evento sazonal mais importante da modesta economia rural palestina, crucial para o sustento de milhares de famílias: uma boa colheita pode render o suficiente para sobreviver por um ano.

Era uma vez, era uma celebração: uma ocasião de convívio, onde os vizinhos se ajudavam mutuamente e depois comemoravam o fim do dia de trabalho com grandes piqueniques ao ar livre. Bem, essa era acabou. A época da colheita, que agora se aproxima do fim, foi a mais violenta e sangrenta de sempre, marcada por emboscadas e intimidações perpetradas por colonos que — apoiados pelo governo messiânico de direita — se tornam cada vez mais agressivos. Eles sabem, além disso, que contam com o apoio do Ministro da Defesa, Israel Katz, que se prepara para as eleições internas do Likud e precisa dos seus votos, proibindo assim o uso de detenção administrativa contra eles.

Só em outubro, as Nações Unidas registaram 167 ataques à sombra dessas árvores centenárias: uma média de cinco por dia. Nos confrontos, 151 palestinianos ficaram feridos: 83 por colonos e os restantes pela polícia. E alguns perderam a vida debaixo dessas árvores, como Ayssam Maala, um menino de 13 anos da aldeia de Beita, que morreu na semana passada depois de passar um mês ali, em consequência de um ataque que sofreu enquanto colhia azeitonas com a mãe nas terras da família.

Os colonos, por outro lado, já não se importam. Não atacam apenas os moradores das aldeias palestinas. Atacam também os ativistas judeus israelenses que tentam protegê-los, acompanhando-os aos campos. E até mesmo os jornalistas que tentam relatar os fatos. "Esta é a terra que Deus nos deu", dizem esses fanáticos. E não ouvem nenhuma outra razão. Tanto que os palestinos agora estão convencidos: a violência e a extrema tolerância das autoridades fazem parte de uma campanha mais ampla para tornar suas vidas tão insuportáveis ​​que os leve a abandonar suas terras. Isso abre caminho para novos assentamentos israelenses que continuam a surgir rapidamente nas colinas. Essa urbanização também está mudando a morfologia da terra: enquanto antes havia quase 8 milhões de oliveiras na Cisjordânia — que ocupavam 57% das terras agrícolas palestinas — agora até essas árvores estão sob ataque. Vandalizadas, queimadas e derrubadas, mais de 4 mil foram perdidas somente em 2025.

Os agressores costumam ser muito jovens: como o rapaz que espancou Afaf Abu Alia, uma mulher de 53 anos, até deixá-la inconsciente num campo em Turmus Aya. O agressor, posteriormente preso, tem 21 anos. O grupo mais radical que realiza esses ataques é composto, segundo as autoridades israelenses, por 40 pessoas, às quais se juntam ocasionalmente dezenas de "simpatizantes". A maioria deles é conhecida da polícia, que já chegou a emitir ordens de restrição contra alguns, as quais, obviamente, foram ignoradas.

Entretanto, a situação deteriorou-se a tal ponto que até mesmo os militares — até então frequentemente aliados aos colonos — estão agora sendo alvo dos atacantes. Foi o que aconteceu ontem à noite em Herbron, onde dois deles foram parar no hospital. A situação é tão grave que levou o chefe do Estado-Maior, Eyal Zamir, a pedir a intervenção do governo. Mas enquanto o líder militar os chama de "extremistas anarquistas menores de idade", ontem um longo editorial do jornal israelense de esquerda Haaretz teve a coragem de chamá-los pelo que são: "Terroristas com um plano claro. Uma Ku Klux Klan judaica nasceu aqui, não apenas meninos perdidos."

Leia mais