13 Novembro 2025
No dia 5 de novembro, no sugestivo cenário da Abadia de Tre Fontane, em Roma, foi assinada a nova edição da “Charta Oecumenica – Diretrizes para o crescimento da colaboração entre as Igrejas na Europa”. A primeira versão datava de 2001; a edição atualizada foi assinada pelos presidentes das duas entidades promotoras: o Arcebispo Ortodoxo Nikitas (Lioulias) de Thyateira e Grã-Bretanha, presidente da Conferência das Igrejas Europeias (CIE, que reúne protestantes e ortodoxos), e o Arcebispo Católico Gintaras Grusas de Vilnius, chefe do Conselho das Conferências Episcopais Europeias (CCEE).
A informação é de Luca Maria Negro, publicada por Riforma, 13-11-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
A Charta Oecumenica é um documento conciso que podemos definir como um “empenho ecumênico”: na verdade, indica uma série de empenhos concretos que as igrejas assumem para promover a colaboração ecumênica no “Velho Continente”. Na primeira edição, esses empenhos eram 26; na primeira versão da nova edição, lançada em julho de 2024, esse número mais que dobrou (55).
E, após receber, nos meses seguintes, cerca de 70 reações e propostas de emendas de igrejas e organismos ecumênicos, os empenhos comuns subiram para 68.
Sessenta e oito “comprometemo-nos” para fazer do ecumenismo não um evento episódico, mas uma preocupação contínua e diária na vida das igrejas europeias.
A nova Charta Oecumenica continua sendo um documento enxuto, mas enriquecido com novos parágrafos, dedicados aos jovens, aos migrantes e refugiados e aos problemas postos pelas novas tecnologias; e uma série de novos empenhos. Mencionarei alguns pontos, no aguardo que as Igrejas façam uma análise mais detalhada deles. Merecem destaque: o empenho de ler e estudar a Bíblia juntos e de promover as traduções bíblicas ecumênicas (§ 2); denunciar todos os comportamentos abusivos que ocorrem nas igrejas, responsabilizando tanto os culpados quanto aqueles que os protegem (§ 4); renunciar ao proselitismo contra os judeus (§ 8), opor-se à islamofobia e promover o diálogo com os muçulmanos em todos os níveis (§ 9); promover a educação intercultural e inter-religiosa em apoio ao respeito mútuo e à convivência pacífica (§ 10); incentivar processos de reconciliação, dando prioridade a abordagens não violentas para a resolução de conflitos (§ 11).
Algumas falhas na nova Charta: assim como na versão anterior, pouco espaço é dedicado ao fortalecimento da posição da mulher na Igreja e na sociedade (§ 7); silêncio total sobre a questão do acolhimento das minorias sexuais. Por fim, é lamentável que a assinatura da nova Charta tenha acontecido de forma praticamente privada, com uma reunião reservada a poucos convidados e até mesmo a portas fechadas. A tradição do movimento ecumênico europeu, ao contrário — não apenas na assinatura da primeira Charta Oecumenica em Estrasburgo, mas também durante as três Assembleias Ecumênicas Europeias em Basileia, Graz e Sibiu — sempre foi a de dar amplo espaço à participação do “povo ecumênico”. Permanece, de toda forma, o empenho, expresso no seu parágrafo 5, para “promover e apoiar redes ecumênicas, comunidades religiosas e movimentos de base”.
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