13 Novembro 2025
- “Como também aconteceu em 2013, houve toda uma campanha midiática na imprensa italiana por um candidato italiano, o cardeal Parolin. Mas o bloco de votos que calculávamos era impossível. Parolin entrou papa e saiu cardeal”, explica Piqué.
- Os resultados da primeira votação mostram que mais de trinta candidatos receberam votos, mas apenas três obtiveram entre vinte e trinta sufrágios: o primeiro foi o húngaro Péter Erdö, aposta dos conservadores; seguido por Prevost, depois Parolin e o francês Jean-Marc Noël Aveline, com entre dez e vinte votos. Na quarta votação, o atual Papa recebeu 108 votos.
A informação é de Cristina Cabrejas, publicada por Religión Digital, 12-11-2025.
A história interna do conclave que elegeu Leão XIV — as manobras que tentaram influenciá-lo, as anedotas dentro da Capela Sistina e o fato de que Robert Prevost nunca teve rivais, nem mesmo Pietro Parolin — é revelada pela primeira vez em um livro publicado nesta quarta-feira na Espanha.
O último conclave (Arpa) narra, pelos olhos dos jornalistas Elisabetta Piqué e Gerard O’Connell, aqueles dias frenéticos que começaram com a morte do papa Francisco em 21 de abril e terminaram com a rápida eleição do norte-americano Robert Prevost em 8 de maio, desmontando a narrativa difundida pelos jornais italianos.
“Nossa versão é diferente porque ouvimos muitos cardeais que contaram coisas muito interessantes, e isso faz deste livro algo até melhor que o filme Conclave, porque a realidade é melhor que a ficção”, afirma à EFE O’Connell, correspondente da revista católica America.
Os autores também afirmam que, olhando em retrospecto, percebe-se como Francisco, “de forma tácita”, pode ter indicado Prevost como possível sucessor. “Com suas últimas decisões, trouxe-o a Roma como prefeito de um dos dicastérios mais importantes do Vaticano, fez dele cardeal e, pouco antes do conclave, nomeou-o cardeal-bispo — o mais alto posto, pois há apenas doze. Por isso dizemos que foi a última surpresa de Francisco”, comenta Piqué, correspondente do jornal argentino La Nación.
No livro, escrito como um diário, O’Connell relata que o cardeal italiano Beniamino Stella desconcertou os demais cardeais ao atacar abertamente o papa Francisco “por ignorar a arraigada tradição da Igreja que vinculava o poder de governo às ordens sagradas”.
Enquanto os cardeais entravam nas congregações, jornalistas de um conhecido site católico tradicionalista distribuíam biografias dos cardeais e outro livro: The St. Gallen Mafia (A Máfia de St. Gallen), subtitulado Expondo o grupo reformista secreto dentro da Igreja, tentando também influenciar o conclave.
Enquanto isso, a mídia italiana continuava sua campanha por um papa italiano — sobretudo Parolin —, assegurando que ele tinha os votos necessários.
O Vaticano deu despertadores aos cardeais
O livro também revela que foi necessário repetir uma votação porque o cardeal espanhol Carlos Osoro Sierra colocou duas cédulas por engano, e que alguns cardeais tiveram de ser acordados na Casa Santa Marta para ir à Sistina, pois haviam adormecido sem o “alarme” de seus celulares — que não podiam levar consigo, já que deviam estar totalmente isolados do exterior. Depois disso, o Vaticano lhes deu despertadores.
Todos, menos um. Durante a primeira votação, os seguranças notaram que havia um sinal sendo captado da Capela Sistina! Avisaram o cardeal Parolin de que, embora a incomunicação devesse ser total, parecia haver um cartão SIM ativo. O cardeal em questão (um dos mais idosos) descobriu que ainda tinha o celular no bolso. Desorientado e constrangido, entregou a “arma do delito”.
Erdö venceu na primeira votação
“Vimos que, como em 2013, houve uma campanha midiática na imprensa italiana por um candidato italiano, o cardeal Parolin. Mas o bloco de votos que calculávamos era impossível. Parolin entrou papa e saiu cardeal, o mesmo que aconteceu com Angelo Scola em 2013”, diz Piqué.
Os cardeais entrevistados revelam a surpresa deste conclave: “Os resultados da primeira votação mostram que mais de trinta candidatos receberam votos, mas apenas três tiveram entre vinte e trinta sufrágios: o primeiro, o húngaro Péter Erdö, a aposta dos conservadores; seguido por Prevost, depois Parolin e o francês Jean-Marc Noël Aveline, com entre dez e vinte votos.”
Durante a contagem das cédulas da primeira votação, Erdö parecia não estar em plena forma, algo que pode ter feito os eleitores mudarem de ideia.
“A segunda votação revela uma mudança drástica em relação à noite anterior. O cardeal Prevost é o principal beneficiado: desta vez está no topo após ganhar muitos votos. Parolin passa da terceira para a segunda posição, embora seus votos não tenham mudado substancialmente” — o que também desmonta a versão de que teria transferido seus votos ao norte-americano.
Prevost continuou ganhando consensos sobre Parolin e Aveline até a quarta votação, quando o cardeal nascido em Chicago, mas que viveu quase 40 anos no Peru, recebeu 108 votos — e aplaudiram na Capela Sistina.
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