04 Novembro 2025
O Departamento de Energia (DoE, sigla em Inglês) dos Estados Unidos anunciou na 6ª feira (31/10) que liberará US$ 100 milhões (cerca de R$ 535 milhões) para reformar e modernizar termelétricas a carvão. A cifra será destinada a três áreas: gerenciamento avançado de águas residuais, conversão de combustível entre carvão e gás fóssil e sistemas de cogeração de carvão e gás.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 03-11-2025.
Segundo a Reuters, é mais uma medida do governo do negacionista Donald Trump para reverter o declínio do uso de carvão nos EUA. No mês passado, o DoE também anunciou que forneceria US$ 625 milhões (aproximadamente R$ 3 bilhões) para expandir a geração de energia a carvão no país.
O governo Trump alega que o carvão é uma “energia segura” e pode alimentar centros de dados dos EUA e o mercado de inteligência artificial, informa o E&E News. “Felizmente, o presidente Trump pôs fim à guerra contra o carvão e está restaurando políticas energéticas sensatas que colocam a população em primeiro lugar”, disse o secretário de Energia, Chris Wright.
Um exemplo simbólico no apoio ao combustível fóssil mais poluente e caro está no caso da termelétrica J.H. Campbell, localizada no Lago Michigan. Graças a uma ordem de emergência do governo, a usina segue operando além da data de desativação planejada e custou aos consumidores pelo menos US$ 80 milhões (R$ 428 milhões) desde maio, destacam Inside Climate News e POLITICO.
O valor de US$ 615 (R$ 3 mil) por dia será compartilhado por um número maior do que apenas os 1,9 milhões de clientes da Consumers Energy, operadora da usina. Críticos afirmam que a operação da planta de 63 anos gera custos desnecessários, além da poluição do ar, claro.
Em um documento contestando a ordem do DoE, uma coalizão de grupos ambientalistas apontou que mesmo no dia de maior pico de demanda elétrica neste verão, a concessionária que atende nove estados do centro-oeste dos EUA tinha um excedente de energia não utilizada superior a 10 vezes a fornecida pela usina de Campbell.
“Forçar essa usina de carvão desnecessária a continuar operando está lesando os consumidores em benefício da indústria do carvão”, disse Michael Lenoff, advogado da Earthjustice, que representa os grupos ambientalistas.
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