29 Outubro 2025
Quem passar diante da igreja de Santa Isabel, em Lisboa, nas manhãs de 3 a 8 de novembro, entre as 7h30 e as 8h00, encontrará um semicírculo de pessoas a ler poemas, cantar e fazer silêncio como manifestação para exigir aos líderes mundiais reunidos na Cimeira do Clima (COP30) de Belém do Pará decisões corajosas e vinculativas que “conduzam a uma decidida aceleração da transição energética, com compromissos eficazes que possam ser monitorizados de forma permanente”.
A reportagem é publicada por Sete Margens, 27-10-2025.
A iniciativa é do Grupo Cuidar da Casa Comum em Santa Isabel e prolongar-se-á até às vésperas da Cimeira do Clima que este ano se realizar em Belém do Pará na Amazônia (Brasil) de 10 a 21 de novembro. O foco de cada uma das alvoradas variará de manhã para manhã, procurando cobrir as principais áreas de ação para impedir que a devastação causada pela crise climática continue. Assim, os poemas, bem como todos os momentos desta manifestação matinal, serão escolhidos de acordo com o tema do dia.
No comunicado enviado à redação do 7MARGENS, o grupo recorda que a evolução verificada até agora já ameaça de modo quase irreversível o objetivo de manter a subida da temperatura média do planeta abaixo dos 1,5 graus Celsius em relação ao que era a temperatura média dos tempos pré-industriais, valor indicado pelos cientistas e acordado na Cimeira do Clima de Paris, em 2015.
Uma década depois daquela cimeira, a COP30 tem como grande tema o financiamento da mitigação, da adaptação e da transição climática para as quais deveriam ser (finalmente!) elaboradas as regras e o modelo de distribuição dos prometidos 100 mil milhões de euros anuais. Este montante deveria também servir para ressarcir os países do Sul Global dos danos que as alterações climáticas causadas pelo Norte poluente neles provocam e para os apoiar no caminho para a transição climática.
A convergência de todos os países, incluindo os grandes produtores e exportadores de petróleo, sobre o calendário para o abandono definitivo da exploração e do uso dos combustíveis fósseis, bem como ações e iniciativas para a preservação e a restauração das florestas tropicais, com ênfase especial na Amazônia, um dos maiores sumidouros naturais de carbono do planeta, são outros temas na ordem do dia da cimeira.
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