04 Outubro 2025
Alguns meios de comunicação agora falam abertamente sobre paranoia. O Departamento continua sua cruzada contra vazamentos.
A reportagem é de Massimo Basile, publicada por La Repubblica, 02-10-2025.
Nos Estados Unidos, alguns meios de comunicação estão começando a falar abertamente sobre paranoia. O Departamento de Defesa — ou Departamento de Guerra, como o presidente Donald Trump decidiu chamá-lo — quer que funcionários que trabalham na sede sejam submetidos, sem aviso prévio, a testes de "detector de mentiras". Alguém pode estar em um computador e ser chamado. Ou na máquina de café e dez minutos depois encontrar seu corpo coberto de eletrodos. Tudo porque Pete Hegseth é obcecado por gargantas profundas. O cenário foi revelado pelo Washington Post, e esse vazamento por si só já faria Hegseth pular da cadeira.
A revelação ocorre após o Pentágono ter solicitado a jornalistas credenciados que jurassem não publicar notícias sobre Defesa, a menos que fossem autorizados pelo governo. A história causou constrangimento, mas foi apenas o aperitivo. Até mesmo "altos funcionários", incluindo generais, terão que se submeter a testes de detector de mentiras, que, no entanto, são considerados pouco confiáveis e inadmissíveis nos tribunais dos EUA. Dois rascunhos de memorandos vistos pelo Washington Post foram escritos pelo vice de Hegseth, Steve Feinberg, e indicam que a nova versão vem da cúpula militar.
Outra medida exige que qualquer pessoa que trabalhe no gabinete de Hegseth e no Estado-Maior Conjunto assine acordos de confidencialidade que proíbem "a divulgação de informações não públicas sem aprovação ou fora dos procedimentos estabelecidos". A repressão drástica aos vazamentos levou alguns críticos a apelidar Hegseth, ex-apresentador da Fox News, de "Pete Paranoico". Eles o descrevem como extremamente tenso, e a frieza constrangedora de oitocentos generais e almirantes que receberam seu discurso em Quantico, Virgínia, não deve ter melhorado seu humor.
Hegseth, relembraram alguns dos altos funcionários, poderia ter usado o e-mail para dizer que barbas, cabelos longos e generais obesos eram proibidos. Em vez disso, Hegseth convocou os altos escalões de todas as bases americanas ao redor do mundo, uma operação que custou entre US$ 4 e US$ 6 milhões somente em viagens e procedimentos de segurança.
Segundo o Daily Mail, o secretário de Defesa tornou-se ainda mais "maníaco" após o assassinato de Charlie Kirk, o ativista radical de direita morto em 10 de setembro durante um evento público. Hegseth teria se tornado "obcecado" com sua equipe de segurança, exibindo comportamento frenético, como ficar inquieto ou andar de um lado para o outro durante as reuniões. No entanto, alguns lembram que o pior inimigo de Hegseth, até agora, tem sido o próprio Hegseth. Entre os vazamentos ocorridos sob seu comando, o mais sensacional continua sendo a confusão do "Signalgate", quando, em um bate-papo desprotegido, ele compartilhou detalhes de uma operação militar dos EUA contra os houthis no Iêmen. Um jornalista havia sido incluído erroneamente no grupo.
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