29 Setembro 2025
As mais de 300 vítimas Sioux do Massacre de Wounded Knee de 1890 acabaram em uma vala comum.
A informação é de Massimo Basile, publicada por La Repubblica, 27-09-2025.
O secretário de Defesa anunciou que os vinte militares que receberam a mais alta honraria poderão mantê-la. Mais de 300 nativos americanos morreram no massacre, a maioria mulheres, crianças e idosos.
Quando o comandante da 7ª Cavalaria ordenou que os Sioux Lakota entregassem suas armas, um nativo chamado Black Coyote permaneceu com o rifle na mão, como se estivesse em desafio. Houve um momento de silêncio, como o de um meio-dia, na neve.
Ao tentar arrancar a arma de sua mão, um tiro foi disparado. Os soldados, posicionados ao redor, responderam com metralhadoras Hotchkiss. Mataram mais de trezentos nativos, a maioria mulheres, crianças e idosos, que pouco antes haviam participado de uma "dança com os espíritos", um rito sagrado que prometia o renascimento das terras indígenas e o fim do domínio branco.
As mulheres, como contariam ativistas Sioux mais tarde, cantavam canções de ninar para acalmar os filhos enquanto as balas caíam. Algumas crianças sobreviveram escondendo-se sob os corpos dos pais. O chefe da tribo, chamado Pé Grande, sofrendo de pneumonia, hasteou uma bandeira branca em sinal de rendição, mas foi morto mesmo assim. Seu corpo, congelado em uma posição quase sentada, tornou-se o símbolo do massacre.

Retrato de um Sioux (Foto: Domínio Público).
A loucura dos brancos
Tudo aconteceu por causa da insensatez dos brancos e talvez de um mal-entendido. Mais tarde, descobriu-se que o Coiote Negro era surdo e não entendia o que eles queriam, ou pelo menos não esperava algo em troca.
Era 29-12-1890, em Pine Ridge, Dakota do Sul. Aquele episódio, conhecido na história como o Massacre de Wounded Knee, se tornaria um símbolo da opressão dos povos nativos e inspiraria muitos filmes, incluindo algumas cenas de Soldado Azul, que se concentrava em outro massacre, o de Sand Creek.
Agora, Wounded Knee voltou ao centro do debate político americano depois que o secretário de Defesa, Pete Hegseth, anunciou que os vinte soldados que receberam a Medalha de Honra, a mais alta honraria militar, poderão mantê-la e seus herdeiros não precisarão mais devolvê-la. O governo Biden havia ordenado a revisão, atendendo a um pedido dos nativos americanos e do Congresso. Até o momento, 900 medalhas foram revogadas.
“Eles são merecidos”
No fim do julgamento, as vinte medalhas concedidas aos soldados do Wounded Knee foram confirmadas, mas o então chefe do Pentágono, Lloyd Austin, não tomou uma decisão. "Agora", declarou Hegseth, "queremos deixar claro que essas medalhas são merecidas".
A operação militar, que também matou 25 soldados, é agora considerada a essência do "espírito guerreiro", o mesmo espírito que Hegseth lembrará aos generais e almirantes reunidos na próxima semana na Virgínia para uma cúpula sem precedentes. O chefe do Pentágono prometeu "priorizar a capacidade de combate em detrimento do politicamente correto".
A opressão dos nativos americanos é considerada "woke", mas por décadas essas medalhas lançaram uma sombra sobre a consciência americana. Os democratas têm repetidamente pedido sua retirada, não para reescrever a história, mas para reconhecê-la. Hegseth reiterou que, na nova América de Trump, certos tipos de "erros " serão doravante celebrados como atos de coragem.
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