03 Outubro 2025
Os transportes, incluindo táxis, trens e balsas, foram paralisados, assim como os metrôs e ônibus em determinados horários do dia. Professores, profissionais da saúde e funcionários públicos também cruzaram os braços. “Não somos máquinas” foi um dos principais slogans exibidos pelos milhares de manifestantes reunidos em Atenas.
A informação é de Joël Bronner, publicada por Rfi, 01-10-2025.
A reforma proposta pelo governo conservador prevê a possibilidade de uma jornada de trabalho de até 13 horas por dia. A medida é apresentada como opcional, baseada no voluntariado e com pagamento adicional após as oito horas de trabalho padrão. No entanto, há receio entre os trabalhadores de que sejam forçados a aceitar ritmos de trabalho exaustivos, especialmente pelo fato da Grécia ser um país empobrecido por uma década de crise econômica.
Para o governo, trata-se de oferecer aos trabalhadores a possibilidade de trabalhar mais para ganhar mais. Já os manifestantes entendem essa proposta como uma forma de “trabalhar mais” como se fossem “máquinas”.
Atualmente, a duração legal da jornada diária de trabalho na Grécia é de oito horas, com possibilidade de até três horas extras. O Parlamento ainda não agendou a análise do projeto de lei. Segundo a Eurostat, a jornada semanal de trabalho na Grécia é de 39,8 horas, acima da média dos 27 países da União Europeia, que é de 35,8 horas.
“Não somos robôs”
O trabalhador do aeroporto de Atenas Manos Milonas, que efetua verificações para avaliar se os aviões não estão sobrecarregados antes da decolagem, justifica a dificuldade que pode enfrentar com a possibilidade do aumento de horas de trabalho.
“Trabalhamos no aeroporto, que fica longe de Atenas. O tempo médio que um funcionário leva para chegar lá é 1h30 de ida e 1h30 de volta. Três horas no total. Então, 13 horas de trabalho mais 3 horas de deslocamento dá 16 horas. Não somos robôs. Como querem que vivamos nessas condições?”, questiona.
Electra, funcionária de um hotel de luxo, também participou da manifestação em Atenas. Ela afirma que a medida prejudica os trabalhadores.
“Dizem que essas 13 horas são baseadas em um acordo entre empregado e empregador, mas, na prática, para os trabalhadores sazonais ou com contratos temporários como o meu, se eu recusar mais de uma vez trabalhar 13 horas seguidas, não sou recontratada. Meu contrato termina no fim de outubro. Você acha que vão me chamar de volta se eu disser não às 13 horas? Na verdade, isso é chantagem”, alega.
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