11 Setembro 2025
A iniciativa "offen.katholisch", fundada em 2022 por jovens católicos da Diocese de Dresden-Meissen, defende uma Igreja diversa, inclusiva e livre de discriminação. Defende, em particular, a igualdade no casamento e a ordenação de mulheres ao sacerdócio. O grupo tornou-se conhecido por meio de uma carta aberta a dom Heinrich Timmerevers e da petição "Declaração de Amor a uma Igreja para Todos".
A entrevista é de Jasmin Lobert, publicada por Katholisch, 10-09-2025.
Sua campanha no Instagram, "Inscrição para Ser Padre", está em andamento. Offen.katholisch convidou as pessoas a responderem à seguinte pergunta em um pequeno vídeo: "O que precisaria mudar para você considerar se tornar padre?" Até agora, o grupo recebeu cerca de 30 respostas, e quatro vídeos já estão disponíveis no canal. Um novo vídeo é publicado a cada dois dias. Josy Henning (22), uma das quatro iniciadoras da campanha, explica o que está por trás dela em uma entrevista.
Eis a entrevista.
Como surgiu a ideia de publicar inscrições para o sacerdócio no Instagram?
Na verdade, houve uma campanha semelhante na conta do Instagram "@meingottdiskriminiertnicht". Nove estudantes de teologia se candidataram ao seminário de Freiburg. A iniciativa gravou um vídeo deles entregando suas inscrições. Viralizou bastante. Foi assim que tivemos a ideia da nossa campanha. Ela se baseia nisso, por assim dizer.
O que te inspirou neste vídeo?
Simplesmente a coragem de se candidatar, mesmo sem ter permissão. Chegamos a considerar enviar inscrições oficiais para os seminários. Mas decidimos continuar com os vídeos.
Como seu grupo organiza essas atividades?
Temos um grupo no WhatsApp com 46 membros de toda a Alemanha. Quem quiser pode participar. E se alguém tiver uma ideia, basta postar no grupo: "Ei, você quer participar? Estou planejando algo". Para este evento, quatro de nós nos unimos e dividimos as tarefas entre nós.
Qual é o objetivo da campanha?
Esta campanha é sobre visibilidade. Queremos simplesmente mostrar quantas pessoas desejam um sacerdócio para todos. E que há muitas pessoas que se tornariam padres se a Igreja mudasse alguma coisa. É também um sinal para as igrejas, considerando a escassez de padres. E, acima de tudo, achamos interessante ver as histórias pessoais por trás da demanda — um sacerdócio para todos.
Por exemplo?
Por exemplo, há alguns homens que disseram que não querem ser padres porque acham injusto que mulheres não possam ser padres. Eles não querem apoiar o sistema. Ou mulheres mais velhas que falam sobre terem estado envolvidas na Igreja a vida toda, sentindo um chamado para o sacerdócio e sofrendo porque esse desejo lhes foi negado. Dá para ver como isso as afetou profundamente.
Que tipo de pessoas participaram dos vídeos?
Desde jovens ainda na escola até idosos aposentados, todos estão envolvidos. Recebemos mais vídeos de mulheres, mas também há alguns homens. Em geral, todos os que participaram estão envolvidos na igreja.
Qual é a posição da Diocese de Dresden-Meissen sobre esta ação?
A diocese e o bispo sabiam da nossa iniciativa desde a carta que lhe escrevemos. Até agora, mantiveram-se neutros em relação a nós. Também não houve nenhuma crítica à ação atual.
Houve alguma outra crítica?
Ainda não. Mas também estamos desativando a função de comentários nos vídeos. Não queremos que as pessoas que participaram da campanha sejam prejudicadas por comentários irrelevantes ou ofensivos. Queremos nos concentrar nelas e em suas histórias.
O que acontece depois com a campanha?
Queremos ver o que acontece primeiro. Ainda não temos uma data específica para o término da campanha. Quem quiser nos enviar um vídeo, fique à vontade.
Percebe que está conseguindo algo com tais ações?
Esperamos que algo mude na igreja. Mas também sabemos que é irrealista que nossas reivindicações sejam implementadas em um futuro próximo. Mas sempre vemos pequenos sucessos. Por exemplo, quando alguém escreve que sente o mesmo, que se reconhece nos vídeos e que eles lhe dão esperança. Isso nos motiva a continuar.
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