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Na Faixa de Gaza, até o custo de um túmulo se tornou um luxo. Artigo de Ghada Abu Muaileq

Foto: Kevin Yudhistira Alloni/Unsplash

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03 Setembro 2025

"Quebramos cadeiras para usar a madeira como lenha. Diluímos o sabão para que dure mais. Os bens essenciais estão cada vez mais inacessíveis."

O artigo é de Ghada Abu Muaileq, publicado por Truthout, e reproduzido CTXT, 02-09-2025. 

Ghada Abu Muaileq é estudante de literatura inglesa e tradução na Universidade Islâmica de Gaza. Ela escreve artigos e histórias sobre a vida de guerra em Gaza, documentando as experiências de um povo que merece uma vida melhor do que aquela imposta pela ocupação israelense. Ela publicou em diversas plataformas, como Electronic Intifada, We Are Not Numbers, Truthout e Institute for Palestine Studies.

Eis o artigo.

Enquanto vivemos na Faixa de Gaza sob o medo de foguetes e bombardeios de Israel, e com a ameaça iminente de uma invasão pelo Exército israelense à vista de todos, em nossos mercados os moradores travam outra guerra: a guerra contra a subida dos preços. É uma guerra que esvaziou os bolsos, esgotou as pessoas e transformou a vida diária em um fardo não menos cruel que os bombardeios. Os gritos dos vendedores ambulantes ecoam pelas ruas estreitas e seus preços parecem flutuar sem limite, enquanto o poder de compra diminui a cada dia. O bloqueio asfixia toda a Faixa; os cortes salariais agravam a luta; e as notas de dinheiro danificadas são frequentemente rejeitadas pelos comerciantes. O desafio já não é apenas garantir comida, mas também garantir as necessidades básicas não alimentares, que se tornaram um luxo em tempos de guerra.

Entre os produtos que, tragicamente, se tornaram “necessidades de guerra” está a madeira, que se tornou cada vez mais importante depois que o gás de cozinha acabou e Israel proibiu sua entrada. Com o aumento da demanda desde que Israel retomou a guerra após quebrar o cessar-fogo, as pessoas começaram a quebrar seus próprios objetos de madeira ou a vasculhar os escombros em busca de pedaços para queimar, cozinhar ou aquecer água.

Na minha própria família, desmontamos nossas cadeiras de madeira e até cortamos os galhos das roseiras que havíamos plantado em nosso jardim, que antes embelezavam nossa casa. Não fomos os únicos. Nossos vizinhos cortaram todas as oliveiras que seu avô havia plantado. O aumento do preço da lenha nos obriga a queimar qualquer coisa feita de madeira antes mesmo de pensar em comprar lenha já cortada, que, em qualquer caso, frequentemente vem de oliveiras ou outras árvores que sobreviveram à devastação das terras agrícolas pelos tanques israelenses. Aventure-se nas áreas de fronteira para pegar lenha é uma aposta perigosa; o exército designa essas áreas como “zonas vermelhas”. Quando compramos lenha apenas o suficiente para assar pão, custou cerca de 16 dólares americanos, e isso foi apenas o custo do material para cozinhar. Enquanto isso, os ingredientes essenciais para fazer pão, como a farinha e o fermento, custaram cerca de 73 dólares no mês passado, em meio a preços em constante flutuação que sobem ou descem dependendo das decisões dos comerciantes e do número de caminhões que Israel permite entrar.

O custo não é apenas econômico; nossos corpos pagam um preço muito alto. Meu irmão se esgota partindo lenha à mão, enquanto a fumaça que exala ao queimá-la causa dificuldades para respirar e irrita seus olhos. Minha mãe se senta perto do fogo por quase uma hora para preparar uma refeição simples que levaria metade do tempo ou menos se cozinhasse com gás. Dia após dia, vejo como seu corpo enfraquece, suas costas doem e suas mãos escurecem com o fogo. Também minhas próprias mãos secaram de tanto lavar panelas e frigideiras enegrecidas e cobertas de fuligem e cinza, sobretudo agora que o sabão de lavar louça de boa qualidade deixou de poder ser comprado.

Uma vez enviei meu irmão Musab para comprar sabão para lavar louça. Ele voltou com um produto de má qualidade, fabricado localmente e vendido a um preço elevado. Com as matérias-primas esgotadas e as fábricas sem meios para produzir bons produtos, os detergentes locais são aguados e fracos, o que nos obriga a usar muito mais para limpar a louça. O mesmo acontece com o shampoo: na maioria é água, tingida com cor e um pouco de sabão, ineficaz para lavar o cabelo. Um litro desses produtos de limpeza locais custa entre 10 e 15 dólares, enquanto um shampoo importado, se tiver a sorte de encontrar, custa 26 dólares. Até a água para lavar a louça ou tomar banho agora exige uma longa caminhada sob o sol, carregando um barril até a estação de abastecimento mais próxima, onde um gerador bombeia água de um poço por uma taxa de cerca de 26 dólares, suficiente para uma única família. As famílias maiores precisam encher mais de uma vez por dia.

A roupa também não está a salvo. A demanda disparou, já que quase dois anos de guerra e deslocamentos deixaram muitos sem nada além de seus documentos oficiais. Mas os alfaiates locais são forçados a confeccionar roupas com qualquer tecido que encontram. As peças que antes custavam 11 dólares agora são vendidas por 29.

Durante uma visita ao mercado, meu coração doeu ao me lembrar da época em que nossas lojas estavam cheias de roupas elegantes e na moda. Agora, ao olhar os cabides que tínhamos na frente, não nos restava outra opção senão comprar roupas de má qualidade e cores opacas. Minha irmã brincou, enquanto nos dirigíamos a uma papelaria, dizendo que jogaria fora as roupas que havia comprado durante a guerra e as substituiria por peças coloridas e modernas, na última moda. Mas, ao ouvi-la dizer isso, fiquei em silêncio, me perguntando: A última moda de que ano? A guerra realmente terminará este ano ou se prolongará por mais dois?

Meus pensamentos foram interrompidos pela voz do dono da loja, que me disse que imprimir meus slides da universidade custaria 43 dólares. Eu esperava um preço elevado, mas não tão alto: imprimir o mesmo material não costumava custar mais de 15 dólares. Ao ver minha surpresa, ele me explicou que a tinta de impressora está se esgotando na Faixa, e que agora ele tem que comprá-la a um preço inflacionado. O alto custo da eletricidade também contribui para encarecer os preços. Quando lhe perguntei por canetas e cadernos, ele me disse que uma única caneta custa 1,50 dólares e um caderno de 60 páginas, 17 dólares.

Saí da loja me sentindo desesperançado por Gaza e pelo nível de devastação que nos foi imposto. Como de costume, não encontrei nenhum meio de transporte para voltar para casa: muitos carros foram destruídos e a escassez de combustível é grave. Se você encontra um veículo para te levar a qualquer lugar, você tem sorte. A única opção agora é um caminhão grande e aberto com teto, equipado com longos bancos com capacidade para cerca de dez pessoas, enquanto o resto vai em pé em uma pequena plataforma na parte traseira. É uma invenção improvisada que só se vê em Gaza, junto com burros e cavalos usados para o transporte.

Morrer é o mais fácil aqui, mas depois da morte, um túmulo custa entre 290 e 377 dólares. Eu me sentei no caminhão com outros dez passageiros, na maioria mulheres. O cansaço se refletia em seus rostos, uma palidez sem vida que a guerra havia pintado neles. Toda a conversa girava em torno dos preços, que flutuam como se fossem determinados pelo mercado de valores: um pacote de dez fraldas custa 29 dólares, enquanto o leite em pó e outros produtos para bebês são inacessíveis. Algumas haviam vendido seu ouro, outras falavam do que cozinhar nesse dia, das comissões que haviam atingido 50%.

Falavam dos comerciantes que se recusavam a aceitar papel-moeda; os vendedores cobram preços mais altos pelos pagamentos feitos por transferência bancária em vez de em dinheiro; por exemplo, um saco de açúcar de 50 dólares pode custar 70 dólares se for pago através do banco. As histórias se acumulavam umas sobre as outras, cada uma delas uma janela para uma vida que poucos fora de Gaza já sentiram, uma vida que deixou a maioria das pessoas aqui caminhando como corpos sem alma, como mortos-vivos.

Até o luxo da morte se tornou mais caro em Gaza. Morrer é o mais fácil aqui, mas depois da morte, um túmulo – incluindo a escavação, as pedras e a mão de obra – custa entre 290 e 377 dólares. Devido à falta de espaço, os trabalhadores costumam enterrar mais de um corpo no mesmo túmulo. Quando meu avô faleceu há alguns meses, ele foi enterrado sobre o túmulo de seu irmão, que morreu há muito tempo. Esta é uma visão da vida cotidiana aqui: tanto vivos quanto mortos, temos que pagar.

Essa batalha que todos os moradores de Gaza são obrigados a travar é fruto de uma política deliberada imposta por Israel. Deixa o palestino médio de Gaza se perguntando dia após dia o mesmo: os preços baixaram hoje?

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