22 Agosto 2025
Povos Indígenas e Tradicionais ainda pedem o fim da exploração de petróleo e gás na região; líderes dos países amazônicos se reúnem hoje em Bogotá.
A reportagem é publicada por Climainfo, 22-08-2025.
Representantes de povos e organizações da sociedade civil da Amazônia divulgaram uma carta a ser entregue aos líderes da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), que se reúnem hoje (22/8), em Bogotá, na Colômbia. Entre as demandas listadas no documento está o pedido de mais participação social na tomada de decisões sobre assuntos estratégicos para a região.
O manifesto pede a criação de uma OTCA Social, que inclua Povos Tradicionais, Indígenas, Quilombolas e organizações sociais na governança da organização, com voz nas instâncias de decisão. Também propõe iniciativas para assegurar direitos territoriais, fomento às atividades econômicas de base comunitária, além do enfrentamento ao desmatamento e da resolução de conflitos socioambientais, detalha a Agência Brasil.
“Expressamos nossa profunda preocupação com a crise socioecológica que atravessa nossa região e convocamos os governos a cumprir os compromissos assumidos na Declaração de Belém [assinada pelos líderes na cúpula de 2023 e cuja implementação pouco evoluiu], avançando com urgência na criação de mecanismos efetivos de participação da sociedade civil nas diversas instâncias do Tratado de Cooperação Amazônica”, destaca o comunicado, assinado pelo Fórum Social Pan-Amazônico (FOSPA) e mais 18 entidades.
Além desse manifesto, mais de 50 organizações divulgaram uma carta pública convocando os líderes da região a declarar a Amazônia a primeira zona de exclusão para exploração e produção de combustíveis fósseis transnacional, informam InfoAmazonia e Exame. O documento pede que os governos amazônicos protejam a biodiversidade, garantam os Direitos dos Povos Originários e enfrentem a crise climática freando a expansão do petróleo.
“A Amazônia não é uma zona de sacrifício; é um território de vida, cultura e resistência. A partir das nossas lutas históricas e propostas concretas, chamamos seus governos a tomar uma decisão firme pela vida e pela Justiça: a Declaração de uma Amazônia Livre de Combustíveis Fósseis”, destaca o manifesto.
A carta se soma a outra, entregue ao Itamaraty, na qual organizações defendem o apoio do Brasil ao fim da exploração de combustíveis fósseis na Amazônia. As entidades signatárias também pedem que a Declaração de Bogotá inclua um compromisso explícito de transformar a Amazônia na primeira zona global de exclusão da exploração e produção de combustíveis fósseis.
Para Lena Estrada Añokazi, ex-ministra colombiana do Meio Ambiente e líder indígena do Povo Uitoto-Minika da Amazônia colombiana, a cúpula de líderes da OTCA é uma oportunidade fundamental para a transição dos combustíveis fósseis e a proteção da floresta tropical. “Embora deter o desmatamento seja absolutamente crucial, a ciência é clara: não atingiremos as metas do Acordo de Paris sem abandonar os combustíveis fósseis. Essa transição deve ser feita de forma ordenada, mas precisa começar agora e requer vontade política”, disse em artigo na Context.
No entanto, a chance de um compromisso dos países amazônicos com o fim dos combustíveis fósseis é pequena. Segundo a Folha, o presidente Lula vai a Bogotá para conseguir a adesão dos parceiros da OTCA ao Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), que o Brasil lançará formalmente na COP30. Discutir a exploração de petróleo e gás na região, a princípio, não está na pauta – até porque Lula é entusiasta da atividade petrolífera na Foz do Amazonas.
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