21 Agosto 2025
Em meio à guerra tarifária, a Casa Branca “não mostrou nenhum interesse” no convite, de acordo com o governo brasileiro.
A reportagem é publicada por climaInfo, 20-08-2025.
Faltando menos de três meses para a Conferência do Clima (COP30) da ONU em Belém, o presidente dos Estados Unidos ainda não respondeu ao convite para a Conferência feito pelo presidente Lula. Segundo a diretora executiva da COP30, Ana Toni, Trump não mostrou nenhum interesse na agenda.
“Estamos fazendo reuniões multilaterais desde o início do ano, e os Estados Unidos não participaram de nenhuma”, afirmou Toni, citada pelo jornal O Globo. A CEO da COP30 participou em um evento promovido pelo Financial Times e a emissora americana CNBC, nesta 3ª feira (19/8).
O convite foi feito feito por Lula em julho passado, logo após a imposição por Trump de tarifas abusivas sobre os produtos brasileiros importados pelos EUA, com o propósito ilegal de interferir no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, aliado da Casa Branca, pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no caso da intentona golpista de 8 de janeiro de 2023.
Mesmo sob tensão, Lula assinalou a possibilidade de um encontro com Trump na Assembleia Geral da ONU em setembro – tradicionalmente, o presidente brasileiro abre as sessões de discursos antes do norte-americano. Apesar do esforço, dificilmente os EUA participarão, ao menos em alto nível, da COP30, já que o país está deixando o Acordo de Paris e rejeita qualquer compromisso sobre o clima. A eixos também abordou o assunto.
Já nesta 4ª feira (20), Lula recebeu a confirmação da presença na COP30 de outro peso-pesado da política internacional: o presidente francês Emmanuel Macron. O sinal verde aconteceu durante uma conversa telefônica entre os dois líderes, na qual trataram das guerras na Ucrânia e em Gaza e das negociações sobre o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia.
Agência Brasil, CartaCapital, CNN Brasil, Metrópoles e VEJA, entre outros, repercutiram a notícia.
Segundo a jornalista Daniela Chiaretti, no Valor, a nova carta divulgada pelo embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, coloca na mesa pontos que deveriam ser centrais nas conversas em Belém: como lidar com a falta de ambição dos compromissos climáticos dos países, como discutir o abandono gradual do uso de combustíveis fósseis, como chegar ao desmatamento zero em 2030, e como debater o financiamento climático. “A COP30 deve discutir 'indicadores', fazer avançar um 'grupo de trabalho' e promover um 'diálogo'. Enquanto isso, o mundo vive impactos da crise climática todos os dias, as emissões aumentam e os recursos financeiros subsidiam mais petróleo, gás e carvão", frisou Chiaretti.
A crise hoteleira que preocupa negociadores e participantes da COP30 também está tirando o sono da população de Belém. Isso porque, segundo O Globo, moradores de imóveis alugados na cidade estão sendo despejados pelos proprietários para liberar as casas para locações bem mais caras durante a Conferência.
A Folha abordou a frustração de movimentos da sociedade civil e de Povos Tradicionais com a cobrança da taxa de montagem dos quiosques de alimentação no Parque da Cidade, onde ocorrerá a COP30. Eles argumentam que o valor acaba restringindo a capacidade de participação no evento de pequenos produtores e empreendedores, privilegiando os grandes restaurantes. A organização da COP30 afirmou que avaliará a possibilidade de uma isenção a esses prestadores de serviço.