07 Agosto 2025
Sob pressão internacional causada pela escalada dos preços das hospedagens para a COP30, o governo do Pará tem recorrido a uma nova estratégia para ampliar a oferta de quartos. De acordo com a Folha, a gestão paraense vem liberando vagas em hotéis, apartamentos e casas que só poderiam ser reservadas pela plataforma oficial de hospedagem do governo federal.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 07-08-2025.
“A gente acha que com isso vai distensionar. Estamos fazendo um esforço concentrado em relação especificamente às hospedagens em apartamentos e aplicativos de locação para permitir que as hospedagens cheguem a preços aprazíveis”, afirmou Ricardo Sefer, procurador-geral do estado do Pará, citado também pelo Valor.
Na última 3ª feira (5/8), o Ministério Público do Pará (MP/PA) realizou uma reunião de emergência com representantes do governo estadual e do setor hoteleiro de Belém para tratar da carestia da hospedagem para a COP. Segundo O Globo, apesar do esforço, as autoridades locais entendem que não há opções legais para controlar os preços das reservas, e a resposta imediata seria uma “campanha educativa” para conscientizar os estabelecimentos.
“Pela lei da Livre Iniciativa, não podemos obrigar a pessoa a baixar o preço por causa de reclamações”, argumentou a promotora de justiça Érica Almeida, que coordena o Núcleo do Consumidor do MP/PA. “A lei diz que há ilegalidade se interferir no interesse público, mas não vislumbramos isso. Só vemos forte demanda, e um fenômeno natural, não ilegalidade ou abuso”.
Enquanto o governo paraense tenta responder à crise, o presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago reiterou a realização da COP30 em Belém. Segundo ele, o governo federal também atua para resolver o problema da carestia das hospedagens, afirmou em evento realizado ontem (6/8) no Congresso.
“Só queria reiterar a importância da presença em Belém, uma cidade incrível com uma história extraordinária, e que vai nos receber em novembro, em pleno coração da Amazônia”, disse Corrêa do Lago. “Esse debate todo está vindo porque os países que estão procurando para fazer reserva estão vendo que os preços são 10, 15 vezes maiores do que os hotéis oferecem”.
CartaCapital, CNN Brasil, g1, O Globo, Poder360 e Valor repercutiram a fala do embaixador.
Já o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo, reconheceu a “falta de estrutura” em Belém, mas mencionou uma suposta torcida contra a COP30 no Brasil. “Sabemos das limitações de estrutura que tem em Belém. Tem muita gente torcendo contra a COP, mas ela será a maior COP do mundo. Claro que temos que ter responsabilidade para que as pessoas não vão a Belém sem preparo”, pontuou durante a 5ª reunião plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, em Brasília.
O Valor deu mais detalhes.
Enquanto isso, os altos preços das hospedagens já causaram uma baixa na cúpula de chefes de Estado a ser realizada antes da COP30. O presidente da Áustria, Alexander van der Bellen não participará do evento por “disciplina orçamentária”. “Os custos particularmente elevados não cabem no orçamento restrito da Presidência”, declarou o gabinete presidencial austríaco. O país será representado pelo ministro do meio ambiente, Norbert Totschnig.
A negativa do presidente austríaco foi noticiada por Correio Braziliense, Estadão, Exame, Folha, O Globo, Poder360, Valor e VEJA, entre outros.