04 Agosto 2025
As gravações, divulgadas neste final da semana pelo grupo Hamas e pela Jihad Islâmica, suscitam uma forte comoção na comunidade internacional. Nas imagens, Rom Breslevski, 22 anos, e Avyatar David, 24, aparecem visivelmente debilitados e em estado avançado de desnutrição.
A informação é de Michel Paul, publicada por RFI, 03-08-2025.
Em um dos três vídeos, datado de 27 de julho, David é exibido em um túnel, em estado esquelético, e parece estar extremamente fraco. O jovem explica que está há três dias sem comer e exibe um calendário de papel em que anota os dias em que se alimentou. "Quero dizer ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu simplesmente: sinto que fui abandonado", afirma.
Em outra gravação, Breslevski aparece chorando, identificando-se como um soldado do Exército israelense, prisioneiro de um braço da Jihad Islâmica há um ano e nove meses. O jovem de 22 anos explica que até antes da última operação militar na Faixa de Gaza ele recebia um pouco de comida, mas desde então não se alimenta mais. Deitado no chão e aos prantos, Breslevski se contorce e diz que está "à beira de morte".
As imagens circulam o mundo, suscitando uma imensa repercussão em Israel. Milhares de pessoas saíram novamente às ruas de Tel Aviv na noite de sábado (2) após a divulgação das imagens.
Por meio de um comunicado, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou estar “chocado” com as gravações. O documento também indica que o premiê conversou com as famílias de David e Breslevski e que "continuam todos os esforços para levar de volta todos os reféns".
"A crueldade do Hamas não tem limites", comentou o premiê, denunciando uma encenação "cínica e odiosa", e acusando novamente o Hamas de "também estar deliberadamente provocando a fome nos habitantes da Faixa de Gaza, impedindo-os de receber ajuda".
HAMAS FORCED EVYATAR DAVID TO DIG HIS OWN GRAVE pic.twitter.com/Ob98U6Cu0e
— נועה מגיד | Noa magid (@NoaMagid) August 2, 2025
O presidente israelense, Isaac Herzog, anunciou ter "transmitido uma mensagem urgente aos seus colegas de todo o mundo". Herzog também indicou que "iniciou uma reunião especial do Conselho de Segurança das Nações Unidas" sobre a questão.
Em entrevista à RFI, um membro do alto escalão do governo israelense, afirmou, sob anonimato, que os vídeos provocam uma mudança no posicionamento de Israel. Segundo ele, o país determinou que os reféns devem ser libertados de forma conjunta e não mais em etapas, como ocorreu até o momento. Outra exigência é o desarmamento do Hamas.
Segundo a mesma fonte, a resposta do grupo palestino teria sido imediata, rejeitando baixar as armas antes da criação do Estado palestino, com Jerusalém como capital. Por isso, o gabinete de segurança de Netanyahu deve se reunir na segunda-feira (4) para discutir um reforço da ofensiva na Faixa de Gaza. A medida, de acordo com o alto membro do governo israelense, estaria sendo defendida pela extrema direita, mas contestada pela alta hierarquia militar israelense.
A comunidade internacional também reagiu. Nesta manhã, a chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas, classificou as imagens "terríveis" e fez um apelo em prol da libertação imediata dos dois reféns. Na noite de sábado, o ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Noël Barrot, disse que as gravações divulgadas pelo Hamas e a Jihad Islâmica são "repugnantes" e "insuportáveis".
Em Roma, na missa de encerramento do Jubileu - o Ano Santo da Igreja Católica -, o papa Leão XIV expressou neste domingo (3) solidariedade aos jovens da Faixa de Gaza, da Ucrânia e todos os países em guerra.
Segundo informações da Defesa Civil da Faixa de Gaza, 19 civis morreram nos ataques israelenses neste domingo, entre eles, nove que aguardavam pela distribuição de ajuda da controversa Fundação Humanitária de Gaza, controlada por Israel e os Estados Unidos.
"Os soldados abriram fogo contra as pessoas. Eu estava lá, ninguém representava uma ameaça", declarou uma testemunha, Jabr Al-Sha'er, de 31 anos, em entrevista por telefone à b. "Eles só querem matar", acusou.
Já a ONG Crescente Vermelho informou que um de seus empregados foi morto e outros três ficaram feridos em um ataque israelense contra a sede da organização em Khan Younes, no sul da Faixa de Gaza.
O Exército israelense diz desconhecer a existência de uma operação na cidade. Mais cedo, Israel indicou que matou um comandante de médio escalão do Hamas.