31 Julho 2025
"Crianças, famílias, aqui todos estamos vivendo em pânico agora. O primeiro pensamento todas as manhãs é: 'Quando acontecerá o próximo ataque?' Porque acontecerá..." O padre Bashar Fawadleh está desalentado. Durante a noite entre domingo e segunda-feira, um comando de colonos invadiu Taybeh, um vilarejo a trinta quilômetros de Ramallah. O único na Cisjordânia onde todos os 1.300 habitantes são cristãos. "Acordei de repente às 2h20 com o estrondo das explosões. Os agressores entraram na parte nordeste da comunidade e alcançaram o complexo da igreja ortodoxa grega e explodiram dois carros", relata o sacerdote da paróquia de Cristo Redentor. Em seguida, incendiaram um terceiro carro e atiraram pedras contra várias casas. Antes de fugir, deixaram sua "assinatura". "Árabes fora ou morte", "Vocês vão se arrepender", escreveram, em hebraico, nos muros. Foi o quarto ataque em um mês.
A reportagem é de Lucia Capuzzi, publicada por Avvenire, 29-07-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
O mais grave ocorreu em 7 de julho, quando incendiaram o cemitério e a igreja bizantina de São Jorge al-Khader, a mais antiga dos Territórios, que hospedou Charles de Foucauld em 1898. O episódio provocou a condenação internacional. "Diante de tais ameaças, o maior ato de coragem é continuar a chamar essa terra de sua casa. Estamos ao seu lado, apoiamos sua resiliência e rezamos por vocês", disse o Patriarca Pierbattista Pizzaballa em 14 de julho, quando viajou para Taybeh com os líderes das Igrejas de Jerusalém em sinal de solidariedade. Cinco dias depois, o vilarejo recebeu o embaixador dos EUA em Israel, Mike Huckabee. Evangélico e ultraconservador, o diplomata definiu a profanação de locais de culto como "inaceitável". Ontem, após mais uma incursão, o Ministro das Relações Exteriores italiano, Antonio Tajani, telefonou para o Cardeal Pizzaballa para expressar seu apoio. "O governo israelense deve agir para impedir essas incursões", disse ele, sugerindo a adoção de novas sanções da UE contra os colonos violentos.
Por mais de uma década, a faixa entre Jerusalém e Jericó tem estado entre os epicentros da "conquista" dos Territórios. Um processo de apropriação de terras e expulsão de habitantes locais, tornando efetivamente impossível a criação de um Estado palestino. Os protagonistas — como denunciado por Kerem Novot e Peace Now, organizações israelenses especializadas na monitoração dos assentamentos — são os postos avançados: extensões de campos e pastagens administradas por poucos pioneiros, muitas vezes uma única família. Para se expandir, eles empregam milícias privadas de adolescentes e jovens, geralmente recrutados graças a uma rede de uma dezena de ONGs que "recuperam" garotos problemáticos por meio de programas de trabalho voluntário, ou quase, no campo.
Desde 7 de outubro, o fenômeno explodiu: se antes sete novos postos eram formados a cada ano, agora a média é sete vezes maior. Junto com os postos avançados, aumentaram as violências, direcionadas – como enfatiza o Vatican News – contra todos os palestinos de qualquer religião, incluindo os cristãos. Em 4 de junho, um posto avançado surgiu na colina oriental de Taybeh. É uma extensão da "fazenda de Neria", do extremista religioso Neri ben Pazi, sancionado pelo governo Biden e da Grã-Bretanha. Pouco depois, começaram os ataques, realizados por "bandidos crianças" se valendo da impunidade generalizada. A polícia negou as responsabilidades dos colonos pelo incêndio de Saint George.
Ontem, o exército, chamado pelos residentes após a incursão, chegou depois de uma hora. A guerra em Gaza transformou a Cisjordânia em um barril de pólvora. Nas últimas semanas, a fome em curso, aliada à pressão internacional, agravou ainda mais as tensões. Ontem, da Escócia, Donald Trump reconheceu a presença de "muitas pessoas famintas" na Faixa, contradizendo as palavras do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu que, no domingo, havia negado a crise. O presidente EUA também reconheceu "a grande responsabilidade israelense em relação às ajudas humanitárias" e anunciou a abertura de um centro de distribuição. Mais do que outras estruturas, o problema fundamental continua sendo a entrega.
Há dois dias, o exército de Tel Aviv vem realizando pausas táticas nos combates na Cidade de Gaza, al-Mawasi e Deir al-Balah, e "rotas seguras" para a passagem dos comboios humanitários. A ONU conseguiu, assim, distribuir o conteúdo de 120 caminhões, e outros 6 mil estão aguardando para entrar. Isso não impediu que outras 14 pessoas morressem de fome, segundo o Ministério da Saúde controlado pelo Hamas, elevando o número de mortos desde o início do conflito para 147. Somam-se a esses os 98 mortos nos combates, sempre segundo as autoridades locais. Com o fracasso das negociações, não se vislumbra o fim iminente do massacre.