05 Agosto 2025
A fé que "me interpela" é esta, retornando à leitura do Evangelho segundo o qual temos um Pai, um Filho, um Espírito Santo, sem nos preocuparmos em definir ou entender o que e quais relações eles têm segundo as categorias filosóficas gregas. É uma realidade tríplice anunciada, e se a olharmos, tem um forte valor simbólico. Os Padres conciliares tinham a necessidade de esclarecer, explicar, teorizar teologicamente.
O artigo é de Fabrizio Mastrofini, publicado por Settimana News, 29-07-2025.
Li com muito interesse os artigos qualificados na SettimanaNews e em outros sites e revistas teológicas, italianas e estrangeiras, sobre o Concílio de Niceia. Considero o próprio Concílio um evento de grande importância histórica e teológica. Não há dúvida. Mas o que ele diz a nós, cristãos do século XXI?
Este aspecto é muito menos claro. Do ponto de vista cultural, me fascina a reconstrução do contexto, do clima, do alcance do debate e dos protagonistas da época. Certamente Niceia estabeleceu uma fórmula de fé que seria fundamental para os séculos vindouros, uma fórmula que repetimos todo domingo no Credo.
O resultado final, como sabemos, concluiu com a afirmação de que Jesus é "gerado, não criado, da mesma substância do Pai", contrastando assim a heresia ariana. Nas décadas seguintes, a questão permaneceu central nas controvérsias teológicas, levando a novos desenvolvimentos nos concílios seguintes.
Reconstruir no plano histórico-teológico é interessante e apaixonante. Mas e depois? Pretendo desenvolver uma tese, no fundo simples, com base em uma pergunta: para que serve Niceia hoje?
Niceia foi indispensável naquela época, quando se precisava definir a teologia do cristianismo, segundo as categorias da filosofia grega. Mas hoje? Se voltarmos ao Evangelho e à pregação de Jesus, sabemos que existem um Pai, um Filho, um Espírito Santo. E cada um intervém na História. Se são da mesma "substância" e quanto o são, não muda muito a nossa fé. E talvez não seja muito importante.
Quero dizer que a reflexão teológica deveria dar um passo fundamental à frente. Ou seja, reconhecer que existe uma história da teologia, que pode e deve ser estudada e aprofundada. Sabendo que existem categorias, conceitos, ideias, desenvolvimentos que pertencem ao passado. Faziam sentido naquela época, não tanto hoje ou muito menos. Perguntar o que significa "da mesma substância" não diz muito às mulheres e aos homens do século XXI.
Diz muito mais tentar entender quais podem ser os traços marcantes de um cristianismo vivido nos contextos difíceis e dramáticos do nosso tempo. A fé que "me interpela" é esta, retornando à leitura do Evangelho segundo o qual temos um Pai, um Filho, um Espírito Santo, sem nos preocuparmos em definir ou entender o que e quais relações eles têm segundo as categorias filosóficas gregas. É uma realidade tríplice anunciada, e se a olharmos, tem um forte valor simbólico. Os Padres conciliares tinham a necessidade de esclarecer, explicar, teorizar teologicamente.
Hoje, a meu ver, temos a necessidade de conhecer e saber, em uma abordagem histórico-teológico-cultural, que nos conduza para frente. E "para frente" significa voltar a ler os Evangelhos, os Atos, as Cartas de Paulo, que falam da vida cotidiana e dos problemas reais das comunidades, que são os mesmos de sempre: anunciar, fazer-se entender, testemunhar. Com dois mil anos a mais de história da cultura: esses são os que temos, uma instrumentalização interdisciplinar capaz de aprofundar cada vez mais o sentido da mensagem "de sentido" do homem de Nazaré.