02 Agosto 2025
Não vá por onde o caminho pode levar; em vez disso, vá para onde não há caminho e deixe um rastro.
O artigo é de de Gianfranco Ravasi publicado em Il Sole 24 Ore, 27-07-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
Seu nome pode ser encontrado em uma história da literatura estadunidense, assim como em um dicionário de filosofia, porque ele soube entrelaçar a poesia (publicou em 1847 uma coletânea intitulada simplesmente Poesias) com a reflexão filosófica conhecida como “transcendentalismo” e ligada a uma história de pensamento de viés idealista-hegeliano com veios panteístas. Trata-se de Ralph Waldo Emerson (1803-1882) e nós nos inspiramos em um de seus poemas que contém uma mensagem simples, mas incisiva. Imaginemos um bosque ou uma planície atravessada por uma trilha que conhecemos. A lembrança pode remeter a uma cena descrita por Dante na entrada do Purgatório, quando, com Virgílio, está se embrenhando naquele horizonte: “Pela planície andávamos deserta, Como quem trilha a estrada, que perdera” (I, 118-119).
O caminho conhecido, perdido e reencontrado, é um paradigma espiritual que pode se tornar uma parábola da conversão. Emerson, porém, propõe abrir um novo caminho. É claro que se baseia no risco do desconhecido, mas também pode ser a fonte de uma descoberta: todas as grandes invenções e as próprias obras-primas artísticas ou literárias brotam de uma aventura do espírito e da mente ao longo de caminhos inéditos e experiências criativas e inovadoras. A tentação do hábito está sempre à espreita, porque é uma vida tranquila e sem sobressaltos.
Sabemos, no entanto, o quão perigoso isso é, pois leva lentamente à habituação e ao tédio. Portanto, é necessária uma faísca, um rasgo de novidade no tecido da monotonia, e isso vale para todas as realidades humanas para evitar que elas definhem.
Shakespeare escreveu em um de seus sonetos: "Sweets grown common lose their dear delight”, os doces que se tornaram comuns perdem seu querido deleite.