Gaza: um foguete da IDF mata crianças que faziam fila com suas mães em uma clínica pediátrica

Foto: Anadolu Ajansi

Mais Lidos

  • Legalidade, solidariedade: justiça. 'Uma cristologia que não é cruzada pelas cruzes da história torna-se retórica'. Discurso de Dom Domenico Battaglia

    LER MAIS
  • Carta aberta à sociedade brasileira. Em defesa do Prof. Dr. Francisco Carlos Teixeira - UFRJ

    LER MAIS
  • Governo Trump alerta que a Europa se expõe ao “desaparecimento da civilização” e coloca o seu foco na América Latina

    LER MAIS

Assine a Newsletter

Receba as notícias e atualizações do Instituto Humanitas Unisinos – IHU em primeira mão. Junte-se a nós!

Conheça nossa Política de Privacidade.

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

11 Julho 2025

Quinze pessoas morreram na fila para distribuição de leite em pó: 10 eram crianças. O exército israelense disse: "O incidente está sob investigação, mas matamos um terrorista".

A reportagem é de Fabio Tonacci, publicada por La Repubblica, 11-07-2025.

O som de uma trégua que nunca chega são os gritos das crianças feridas de Deir Al Balah. São os lamentos das mães que aguardam sob uma árvore a abertura da clínica infantil "Projeto Esperança", onde ontem de manhã também distribuíram leite em pó para os desnutridos. Elas tinham ido cedo para o cruzamento de Altayara, segurando as mãos dos filhos, porque em Gaza são as mulheres que cuidam dessas coisas, então o foguete israelense explodiu e agora estão todas lá no chão. Há uma criança sobre a qual nada sabemos que é filmada no hospital depois, abraçada a um saco branco. "Desculpe, mãe, desculpe pelo que eu fiz com você...", diz ele, assumindo uma culpa que não lhe pertence.

Você nem precisa ver essas imagens. Não adianta seguir o rastro de sangue deixado pelos corpos congelados no momento instável da morte. Basta ouvir os sons nas imagens gravadas pela jornalista palestina Doaa Alharazee para entender o que significa mais um dia de negociações inconclusivas.

Quinze pessoas morreram em Deir al-Balah. Dez eram crianças, a mais nova tinha dois anos, e dois eram homens. Os corpos destes últimos foram encontrados fora da fila de pacientes, no meio da rua. Eles foram atingidos pelo foguete.

Doaa Alharazee caminhava em direção a um prédio com internet e telefone carregando por volta das 7h15 quando viu uma fila de mulheres e crianças em frente à clínica. "De repente, o foguete caiu, provavelmente disparado por um drone do exército israelense. A poeira tomou conta da rua, eu não conseguia me mexer, estava paralisada. Não consegui nem ajudar os feridos". Os sobreviventes foram levados para o hospital Deir al-Balah, com oito menores em tratamento intensivo. "Vi pessoas sem membros".

Mais um massacre, mais um, a contagem se perdeu. Ontem, mais 82 mortos no total. Em Doha, discutem-se os detalhes — a retirada das tropas israelenses do corredor de Morag, as garantias dos EUA ao Hamas, o destino da Fundação Humanitária Americana para Gaza — em Gaza, a guerra continua. Exatamente como antes. "Atacamos um terrorista do Hamas que atacou os kibutzim em 7 de outubro", anunciaram as Forças de Defesa de Israel (IDF). "O incidente está sob investigação, e as IDF lamentam qualquer dano causado a civis não envolvidos".

Israel reitera sua disposição de assinar a trégua de 60 dias, mas não a qualquer custo. Netanyahu ainda estava em Washington ontem, conversando com as famílias dos reféns, expressando otimismo. "Desde o primeiro dia em que o cessar-fogo estiver em vigor, negociaremos o fim do conflito." No entanto, as condições que ele impõe – o desarmamento das Brigadas Al Qassam e o exílio dos líderes do Hamas – sempre foram rejeitadas pelo movimento islâmico palestino.

Leia mais