17 Junho 2025
A região vive uma escalada de tensão após o ataque de Israel ao Irã e a resposta deste. A troca de ataques não cessou durante todo o fim de semana.
A informação é publicada por El Salto, 16-06-2025.
Após o início dos ataques de Israel ao Irã na madrugada de sexta-feira, 13 de junho, e a resposta do regime iraniano com mísseis balísticos, a tensão e a retórica belicista entre esses dois inimigos históricos não fizeram mais do que aumentar. Israel iniciou o ataque sob a justificativa de que o regime dos aiatolás representa um risco para a sobrevivência do Estado judeu.
Durante todo o fim de semana e também na segunda-feira, 16 de junho, a confrontação militar entre os dois persistiu. De ambos os lados, foram atingidos alvos tanto militares quanto civis. Na defesa de Israel, teriam colaborado seus aliados tradicionais: Estados Unidos, Grã-Bretanha e França.
Segundo os números divulgados pela Al Jazeera, cerca de 250 pessoas teriam morrido desde o início da ofensiva — a grande maioria no Irã — e, por enquanto, há poucas perspectivas de que as relações se normalizem, o que coloca toda a região em uma situação complicada.
Além dos ataques, ambas as partes mantêm, desde a última sexta-feira, a narrativa das represálias. Mais uma vez, Israel Katz, ministro da Defesa israelense, não hesitou em ameaçar o Irã, afirmando que o país irá “pagar” pelos ataques contra Israel nas últimas horas. Também o presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, pediu no Parlamento iraniano a formação de uma frente comum contra o Estado israelense.
O governo de Netanyahu tem concentrado seus ataques nas instalações da Guarda Revolucionária Islâmica e nos centros de operações da inteligência iraniana. De fato, em uma dessas operações morreu o chefe de inteligência da Guarda Revolucionária.
Esse não é o primeiro alto funcionário morto nos últimos dias por Israel: no ataque inicial de sexta-feira, também morreu o general Hoseein Salamí, comandante da Guarda Revolucionária, junto com outros altos oficiais e dirigentes do programa nuclear iraniano.
Após uma alta de 7% na última sexta-feira, quando começou essa nova rodada de ataques entre os dois países, o preço do petróleo apresentou sinais de volatilidade no início da semana, enquanto os dois exércitos continuam bombardeando. Nas últimas horas desta segunda-feira, ao se confirmar que as infraestruturas energéticas do Irã não foram afetadas pelos ataques israelenses, os preços voltaram a se estabilizar, aproximando-se dos níveis anteriores ao início do conflito. No entanto, os mercados seguem em alerta, atentos ao desenrolar da situação.
O problema não é apenas a produção iraniana — quarto maior produtor mundial de petróleo e segundo na OPEP, atrás apenas da Arábia Saudita —, mas também o risco de que o conflito paralise o trânsito de petróleo e gás no estreito de Ormuz. Localizado entre o Golfo Pérsico e o Golfo de Omã, esse corredor é a principal via de escoamento de petróleo e outros hidrocarbonetos exportados por potências produtoras da região, como Iraque, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Catar.
De acordo com diversas estimativas, cerca de 20% do petróleo comercializado globalmente e aproximadamente 35% do gás natural liquefeito (GNL) passam diariamente pelo estreito, o que evidencia a importância dessa rota e explica o nervosismo dos mercados em relação aos preços do petróleo diante da possibilidade de um corte no fornecimento causado pela escalada do conflito entre Israel e Irã.
O terceiro ator neste cenário de ataques e hostilidades é o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que já afirmou que, se seus interesses na região forem ameaçados, não hesitará em lançar uma operação contra os iranianos.
Estava prevista para os próximos dias, em Omã — país que atua como mediador —, a quinta rodada de negociações entre Irã e Estados Unidos para tratar do programa nuclear iraniano, especialmente no que diz respeito ao enriquecimento de urânio. No entanto, a reunião foi suspensa devido à situação atual na região.
Aliás, será difícil retomar as negociações, já que, há poucas horas, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Esmail Baghaei, anunciou que o país está se preparando para abandonar o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP).
Sabe-se que o governo Trump auxiliou Israel na derrubada de mísseis iranianos. Um funcionário israelense declarou ao Jerusalem Post que “houve total coordenação com os americanos” no bombardeio israelense contra o Irã na madrugada de sexta-feira, que desencadeou o atual conflito, segundo informou o Common Dreams. Além disso, o governo de Netanyahu está pressionando Trump a se envolver ainda mais diretamente contra o Irã.