16 Junho 2025
Pesquisa do Centro Rossing, uma ONG com sede em Jerusalém e comprometido com o diálogo inter-religioso, mostrou que 36% dos cristãos estão pensando em deixar o país. Esse percentual sobe para 48% entre jovens com menos de 30 anos. De acordo com o registro populacional do país, os cristãos somam 181 mil pessoas – menos de 2% do total da população de Israel. Destes, 78% são cristãos árabes.
A reportagem é de Edelberto Behs.
“A sociedade israelense como um todo tornou-se amplamente polarizada e cada vez mais hostil a qualquer pessoa percebida como ‘diferente’. As relações entre judeus e árabes são marcadas por crescente tensão, desconfiança e um declínio acentuado na interação, como fica evidenciado pela marginalização de professores árabes em escolas judaicas. Essa discriminação é frequentemente apresentada como uma medida se segurança no clima pós-outubro de 2023. Nesse contexto, os cristãos árabes são percebidos como parte integrante da sociedade árabe, sem qualquer distinção”, explica a diretora do Centro de Relações Judaico-Cristãs de Jerusalém, Hana Bendcowsky, em entrevista para Anne-Sylvie Sprenger, do portal ProtestInfo, da Suíça.
A acadêmica arrola ainda outro aspecto: “Quase 80 anos após a fundação do Estado de Israel, as atitudes judaicas em relação aos cristãos ainda são repletas de suspeitas, decorrentes de profundas divergências teológicas e de uma longa e dolorosa realidade histórica marcada por perseguições e hostilidade”. Nesse quadro sempre surge o Holocausto como um trauma e memória dolorosa. “Os judeus chegaram a Israel e trouxeram consigo essa bagagem histórica”, relata.
Essa desconfiança fica manifesta em todos os aspectos da vida cotidiana. Há um aumento da violência, de ataques verbais e físicos, desde o comportamento de motoristas nas ruas até de membros do governo e da polícia. No entendimento da diretora do Centro, a sociedade israelense precisa de um processo de construção de identidade e desenvolver uma identidade israelense-judaica confiante. “Isso envolve abandonar a perspectiva de vítima e construir uma identidade forte, estável e autêntica. Só então relacionamentos saudáveis e construtivos com o cristianismo e os cristãos poderão se consolidar”, assinala.
A comunidade cristã de Jerusalém é pequena, mas de alto nível socioeconômico, e muitos de seus membros ocupa cargos influentes, como médicos, advogados, engenheiros, acadêmicos. “A emigração dessa população representaria uma perda substancial para a sociedadeisraelense como um todo”, lamenta Anne-Sylvie.
Já nos Estados Unidos, pastores emitiram palavras de apoio a Israel, depois do ataque perpetrado contra o Irã, e pediram orações ao povo israelense. “Israel fez um favor ao mundo ao impedir um Irã nuclear”, declarou o pastor John Haggee, da organização Cristãos Unidos por Israel.
Segue nesta mesma linha o posicionamento do pastor Greg Laurie, da Harvest Christian Fellowship, da Califórnia: “O regime iraniano apoia há muito tempo o terrorismo em todo o mundo – especialmente contra Israel. Eles vêm desenvolvendo uma arma nuclear há algum tempo, e seus líderes têm repetidamente ameaçado usá-la para ‘varrer Israel da face da Terra’.”
A Igreja Free Chapel em Gainesville, Geórgia, do pastor Jentezen Franklin, instalou câmaras, mostrando pontos históricos para judeus e cristãos, em transmissão ao vivo “direto do coração de Jerusalém”, para que as pessoas possam “vigiar e orar pelo povo judeu e pela terra de Israel”.
A Dra. Susan Michael, da Embaixada Cristã Internacional em Jerusalém, pediu aos estadunidenses que se juntassem a ela em orações pela proteção dos civis e das forças armadas de Israel, por sabedoria e força aos líderes israelenses, bem como “paz, justiça e contenção do mal”.
Sobre situação em Gaza e Cisjordânia nenhuma palavra! Silêncio, também, quanto a perseguição de judeus em Jerusalém!