13 Junho 2025
Polêmica sobre a chegada do corpo do exército, enviado para reprimir os protestos pró-imigrantes. O governador democrata se apresenta como líder nacional: "Nossa democracia está sob ataque".
A reportagem é de Massimo Basile, publicada por La Repubblica, 13-06-2025.
Os fuzileiros navais poderão parar, mas não prender, e usarão balas não letais. Mas, enquanto isso, a chegada anunciada a Los Angeles de 700 soldados do corpo mais famoso do Exército americano elevou o nível de tensão e levou o governador da Califórnia, Gavin Newsom, a falar em uma guinada autoritária. E a Casa Branca respondeu assim: "O presidente não deixará a lei das ruas prevalecer".
Desde o início dos protestos contra as batidas anti-imigrantes em 6 de junho, mais de 300 imigrantes ilegais foram presos em Los Angeles. O conflito se espalhou para o resto do país: 86 prisões em Nova York e 17 em Chicago, além de manifestações em pelo menos 25 cidades, incluindo Las Vegas, Santa Ana, Milwaukee, Washington e Seattle. O prefeito de Chicago, Brandon Johnson, chamou Trump de autoritário e "um tirano que demonstra total desprezo pela Constituição". O chefe do Pentágono, Pete Hegseth, ameaçou enviar a Guarda Nacional para outras cidades, enquanto o governador do Texas, Greg Abbott, o fez, enviando reservistas para Austin, palco dos confrontos, sem notificar o prefeito.
No entanto, a chegada dos fuzileiros navais a Los Angeles tem sido, por enquanto, menos épica do que o chefe do Pentágono gostaria: imagens de soldados dormindo no chão de um quarto viralizaram nas redes sociais, porque a Defesa não havia preparado um plano logístico. Hegseth fala há dias de Camp Pendleton, ao sul de Los Angeles, como base de partida, enquanto o Segundo Batalhão partiu de Twentynine Palms, no deserto a leste.
Enquanto isso, Donald Trump evocou teorias da conspiração, alegando que os manifestantes "são criminosos pagos", a mesma acusação que fez em 2020, em meio aos protestos do Black Lives Matter, e chamou o governador da Califórnia de "incompetente". O embate beneficia a popularidade de Newsom, apresentado nas redes sociais como o novo Superman, um defensor dos governadores democratas que, nos últimos dias, o ligaram para perguntar como se comportar em caso de chegada da Guarda Nacional.
Newson, que almeja as eleições presidenciais de 2028, aceitou a nova vitrine nacional e, em um discurso de oito minutos aos americanos, acusou o presidente de "destruir o Estado de Direito" e de querer conduzir o país a um regime autoritário. Newsom condenou o uso da Guarda Nacional e dos Fuzileiros Navais e alertou: "Isso acontecerá em outros estados em breve. A democracia está sob ataque diante de nossos olhos. Isso é autoritarismo, disfarçado na linguagem da lei e da ordem". "Eles estão usando", acrescentou, "nosso próprio exército contra nosso próprio povo".
O Congresso, atacou ele, "desapareceu", enquanto o presidente da Câmara, Mike Johnson, "abdicou completamente de suas responsabilidades". "Se alguns de nós", lembrou, "podem ser tirados das ruas sem mandado, apenas com base em suspeitas ou na cor da pele, então nenhum de nós está seguro". "Sei que muitos de vocês", concluiu, "estão vivendo este momento com medo, mas vocês são o antídoto. O que Donald Trump mais quer é o seu silêncio. Não cedam".