07 Junho 2025
Uma proibição do presidente Donald Trump que restringe total ou parcialmente as viagens aos EUA de cidadãos de vários países gerou ansiedade e incerteza entre os defensores católicos da imigração.
A reportagem é de Gina Christian, publicada no National Catholic Reporter, 05-06-2025.
Em 4 de junho, Trump emitiu uma proclamação declarando que cidadãos de Afeganistão, Birmânia, Chade, República do Congo, Guiné Equatorial, Eritreia, Haiti, Irã, Líbia, Somália, Sudão e Iêmen não serão mais admitidos nos EUA. Além disso, Trump restringiu parcialmente a entrada de cidadãos do Burundi, Cuba, Laos, Serra Leoa, Togo, Turcomenistão e Venezuela.
A proibição se aplica tanto a imigrantes quanto a não imigrantes, que a lei de imigração dos EUA define como aqueles que buscam residência permanente ou temporária. Atualmente, existem mais de 20 tipos de vistos de não imigrantes.
"Estamos particularmente preocupados com a forma como essa política afetará as famílias que tentam se reunir nos Estados Unidos", disse Anna Gallagher diretora executiva da Catholic Legal Immigration Network Inc., conhecida como CLINIC, à OSV News.
Para o padre haitiano Eugène Almonor, Oblato de Maria Imaculada e capelão da Comunidade Católica Haitiana da Arquidiocese da Filadélfia, a proibição significa que ele não poderá visitar sua família imediata, embora agora seja cidadão americano. Almonor disse que não quer arriscar viajar para o Haiti.
"Se eu não puder voltar (para os EUA), não sei o que posso fazer", disse ele. "Ontem à noite, não consegui dormir, porque pensei: 'Tenho um plano de ir ao Haiti este ano'. Mas se eu for, será que consigo voltar?" Até mesmo uma futura peregrinação à França e à Itália foi questionada, disse Almonor.
O Padre Thomas Hagan, Oblato de São Francisco de Sales e cidadão americano, viaja regularmente entre os EUA e o Haiti, onde passou três décadas ministrando em Porto Príncipe através da Hands Together. Ele fundou a organização sem fins lucrativos em 1986 para oferecer desenvolvimento educacional, pastoral e humanitário à maior e mais pobre favela do Haiti, a Cité Soleil.
Questionado pela OSV News se ele teme não ser admitido de volta nos EUA, apesar de seu passaporte americano, Hagan disse: "Terei que ver. Avisarei se houver algum problema".
Entre os motivos citados por Trump para a proibição estavam política externa, segurança nacional, preocupações com o combate ao terrorismo, altas taxas de permanência com visto vencido e a "recusa histórica" dos países listados em aceitar seus cidadãos deportados.
A política — sujeita a revisão regular e mais robusta do que uma proibição semelhante para várias nações muçulmanas sob o primeiro governo Trump — se aplica especificamente a cidadãos estrangeiros dos países designados que estão fora dos EUA e não têm um visto válido na data efetiva da proibição, 9 de junho às 00h01 EDT.
Residentes "permanentes legais" dos EUA e aqueles com vistos de imigrante e não imigrante emitidos antes dessa data não são afetados. Também estão excluídos aqueles que receberam asilo, refugiados já admitidos nos EUA ou indivíduos que receberam proteção contra deportação ao abrigo da Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos Cruéis, Desumanos ou Degradantes. A proclamação também declarou que os indivíduos podem continuar a buscar tais proteções "em conformidade com as leis dos Estados Unidos".
Cidadãos com dupla nacionalidade que possuam cidadania de um dos países designados estão isentos se viajarem com um passaporte emitido por uma nação não afetada.
Outras exceções incluem vistos de imigrantes para familiares próximos "com evidências claras e convincentes de identidade e relacionamento familiar", como dados de DNA; adoções; vistos especiais de imigrantes afegãos; vistos especiais de imigrantes para funcionários do governo dos Estados Unidos; e vistos de imigrantes para minorias étnicas e religiosas que enfrentam perseguição no Irã.
A proibição não afeta diplomatas, funcionários da OTAN, funcionários de organizações internacionais designadas (como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial) e indivíduos em "trânsito imediato e contínuo" pelos EUA em missão oficial ou diretamente para a sede das Nações Unidas em Nova York.
Também estão fora da proibição atletas, treinadores, familiares próximos e funcionários-chave da Copa do Mundo, das Olimpíadas e de qualquer outro grande evento esportivo aprovado pelo secretário de Estado americano.
Tanto Hagan quanto Almonor disseram que a proibição para o Haiti era muito dura. "Não acho que haja a necessidade de impedir a entrada de todos que vêm do Haiti. Isso não faz sentido, especialmente para muitas pessoas boas", disse Hagan.
"O Haiti considera os Estados Unidos um país amigo", disse Almonor. "Se vocês são amigos, por que (a proibição)? ... Acho que não é bom para o povo haitiano, nem para o povo americano, porque entre o povo americano e o povo haitiano existe... uma boa relação".
Dom Thomas Wenski, arcebispo de Miami, disse à OSV News que a proibição ao Haiti ocorre porque as viagens de e para aquele país já estão limitadas, com os pedidos de visto para a embaixada americana paralisados e apenas voos limitados para o país.
"Mais preocupante", disse ele, é o fim, pelo governo Trump, do status de proteção temporária, ou TPS, e dos vistos humanitários para cubanos, haitianos, nicaraguenses e venezuelanos.
"Cerca de 500 mil pessoas serão afetadas pelo fim dos vistos humanitários — tornando pessoas que chegaram aqui legalmente e receberam autorização de trabalho repentinamente ilegais e sem permissão para trabalhar", disse Wenski em um e-mail de 5 de junho à OSV News. "O mesmo acontecerá com o fim do programa TPS, que afeta milhares de outros, incluindo haitianos, venezuelanos e nicaraguenses".
O arcebispo disse que o Departamento de Imigração e Alfândega "intensificou a fiscalização, prendendo não apenas 'maus atores' (aqueles com antecedentes criminais), mas também outros. Os centros de detenção estão superlotados, as famílias estão ansiosas, os empregadores estão perplexos (sobre) como substituir aqueles que perderão suas autorizações de trabalho".
"Já vimos o impacto devastador que o cancelamento de oportunidades de imigração humanitária e de refugiados teve até agora neste ano em termos de distanciamento familiar, e esta política só vai agravar e ampliar esse dano", disse Gallagher, da CLINIC. "Continuamos comprometidos em apoiar as famílias imigrantes e defender políticas que promovam a unidade familiar e estejam alinhadas aos valores católicos de misericórdia e justiça. É essencial que nossos líderes reflitam esses valores em suas ações, garantindo que todos os indivíduos sejam tratados com o respeito e a justiça que merecem".