04 Junho 2025
A Comissão Europeia está considerando incluir créditos de carbono internacionais em sua próxima meta climática, o que poderia reduzir a exigência de cortes de emissões diretamente nas indústrias locais. Segundo fontes ouvidas pela Reuters, a proposta está em discussão com países-membros e parlamentares, alguns contrários à meta inicial de reduzir 90% das emissões até 2040.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 04-06-2024.
O bloco já perdeu o prazo para anunciar a meta no mês passado, enfrentando resistência política diante de outras prioridades, como defesa. Críticos também argumentam que as regras ambientais da UE estão prejudicando setores industriais, já pressionados por tarifas dos EUA e concorrência de importações baratas.
Entre as opções em estudo está a definição de uma meta menor que 90% para as indústrias europeias e a permissão de se compensar emissões comprando créditos de carbono de projetos em países pobres. Esses créditos poderiam vir de projetos em outras nações, como iniciativas de restauração florestal no Brasil contabilizando as reduções para o cumprimento do objetivo da UE.
A discussão foi inicialmente reportada pelo site POLITICO, mas a Comissão Europeia não confirmou publicamente a inclusão de créditos externos na meta climática. A medida, se adotada, poderia facilitar o alcance das metas, mas levantaria questões sobre o real impacto ambiental dentro da Europa.
O impasse reflete os desafios da UE em equilibrar ambições climáticas com pressões econômicas e geopolíticas. Enquanto alguns defendem metas mais rígidas, outros buscam flexibilidade para proteger a competitividade industrial do bloco. A decisão final deve influenciar o rumo das políticas verdes europeias nos próximos anos.
O comissário europeu do Clima, Wopke Hoekstra, destacou ao Euronews que “as emissões caíram 37% desde 1990, enquanto a economia cresceu quase 70%, provando que a ação climática e o crescimento andam de mãos dadas”, exortando os Estados-membros a “aproveitar esse impulso” com investimentos em tecnologias limpas para reforçar a competitividade.
A Comissão Europeia pediu que os países mantenham o rumo na implementação de seus planos climáticos. “Temos motivos para nos orgulhar, embora não possamos ficar satisfeitos. Percorremos um longo caminho, mas ainda não estamos onde precisamos estar”, alertou o comissário europeu de energia, Dan Jørgensen.
Bloomberg, Forbes, Valor, VEJA, Ecowatch e ESG News repercutiram a possibilidade de flexibilização das metas de emissões da UE.