17 Mai 2025
Estado registrou 15 homicídios em 2023, aumento de 150% em relação ao ano anterior.
A reportagem é de Karine Dalla Valle, publicada por Matinal, 16-05-2025.
O Rio Grande do Sul é um dos estados mais perigosos do Brasil para indígenas, segundo a edição mais recente do Atlas da Violência, publicado na segunda-feira pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Considerado o relatório mais importante sobre segurança pública no país, o documento mostra que o estado registrou 15 homicídios de indígenas em 2023, um aumento de 150% em relação aos seis homicídios de 2022. É o maior número de assassinatos de indígenas desde o início da série histórica, em 2013.
À frente do Rio Grande do Sul estão somente três estados localizados nas regiões Norte e Centro-Oeste: Roraima, com 59 homicídios em 2023; Mato Grosso do Sul, com 47 mortes; e Amazonas, com 36 assassinatos. Segundo o relatório do Ipea, os números elevados de assassinatos de indígenas no Brasil configuram “um problema grave e complexo”. Os autores afirmam que “a ausência de caracterização dos povos indígenas nos microdados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) impede a compreensão detalhada da violência letal enfrentada por cada povo”.
O aumento nos homicídios de indígenas no Rio Grande do Sul é muito maior que o crescimento nacional – foram 227 assassinatos registrados no Brasil em 2023, 10,7% a mais se comparado a 2022. O atual cenário de violência contra indígenas no estado também é alarmante em comparação com 2013, primeiro ano de dados do relatório, quando apenas duas mortes de indígenas foram registradas no Rio Grande do Sul. Daquele ano até 2023, houve um aumento de 650% no total de assassinatos.
Outro dado preocupante diz respeito às taxas de suicídio de indígenas. Segundo o Atlas da Violência, o Brasil teve 185 mortes autoinfligidas por indígenas em 2023, um aumento de 63,7% em comparação com 2013. O estado com maior número de suicídios de indígenas é o Amazonas, onde 76 pessoas se mataram em 2023. Depois aparece Mato Grosso do Sul, com 37 mortes, e Roraima, com 19. O Rio Grande do Sul ocupa a quarta posição, com 10 suicídios de indígenas.
Organização não governamental que atua na defesa dos povos indígenas, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), ligado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), também divulgou relatório com dados sobre a violência praticada contra os povos originários em 2023. O documento traz os mesmos estados no topo dos mais perigosos – com Roraima, Mato Grosso do Sul, Amazonas e, em quarto lugar, Rio Grande do Sul. Porém, os números têm sutil variação – o Rio Grande do Sul aparece com 16 homicídios. Segundo o Cimi, os dados podem sofrer alterações à medida que as bases de informação são atualizadas.