16 Mai 2025
Mesmo com queda expressiva no desmatamento, o Cerrado segue como o bioma mais atingido, representando mais da metade do total nacional.
A informação é publicada por ClimaInfo, 16-05-2025.
Pela primeira vez desde 2019, todos os biomas brasileiros apresentaram redução ou estabilidade no desmatamento em um mesmo ano, revelou o Relatório Anual do Desmatamento (RAD) divulgado nesta 5a feira (15/5) pelo MapBiomas.
Os dados de 2024 mostram um recuo de 32,4% na área total desmatada em relação a 2023, consolidando uma tendência de queda após o declínio de 11% registrado no ano anterior. No total, 1,24 milhão de hectares de vegetação nativa foram suprimidos, distribuídos em 60.983 alertas validados.
O Cerrado segue como o bioma mais atingido, com 652 mil hectares desmatados (52,5% do total nacional), mas registrou queda expressiva de 40%. Como destacou Carlos Madeiro no UOL, a região do MATOPIBA (territórios de intersecções entre Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), palco de avanço agressivo da fronteira agrícola, concentrou 75% dessa perda.
Enquanto isso, a Amazônia atingiu seu menor índice na série histórica: 377.708 hectares devastados, com destaque para a redução na região da AMACRO (nas intersecções entre Amazonas, Acre e Rondônia), embora o estado do Acre tenha apresentado um aumento de 30%.
Apesar da queda, como o g1 lembrou, a área degradada na Amazônia entre 2022 e 2024 cresceu 163% devido principalmente aos incêndios florestais e queimadas durante a seca extrema do ano passado. Em 2024, foram degradados 25 mil km² de floresta, com o desmatamento caindo 54% no mesmo intervalo.
Entre as quedas mais significativas, o Pantanal surpreendeu com redução de 58,6%, seguido por Pampa (-42,1%) e Cerrado (-41,2%). A Caatinga, porém, viveu um paradoxo. Mesmo com recuo geral, ela abrigou o maior alerta individual já registrado pelo MapBiomas – 13.628 hectares devastados em uma única propriedade no Piauí em três meses. Já a Mata Atlântica manteve-se estável após queda de 60% em 2023, mas eventos climáticos no Rio Grande do Sul elevaram as perdas locais em 70%.
Maranhão (pelo segundo ano consecutivo) e Pará lideram o ranking dos estados, somando 65% da destruição nacional. Porém, como ressaltado pela Exame, o estado sede da COP30 foi o que mais acumulou desmatamento entre 2019 e 2024, um total aproximado de 2 milhões de hectares, enquanto municípios piauienses como Canto do Buriti e Jerumenha viraram epicentros de crescimentos proporcionais alarmantes.
O relatório traz nuances esperançosas para as Unidades de Conservação, que tiveram queda de 42,5% no desmatamento, e Terras Indígenas, que registraram alertas em apenas 33% de seus territórios. Em relação aos tipos de vegetação mais atingidos, as formações savânicas lideraram a perda, com 52,4%, seguidas pelas formações florestais, com 43,7%.
Como Giovana Girardi destacou na newsletter da Agência Pública, o coordenador do MapBiomas, Tasso Azevedo, indica que os bons números podem ser resultado de uma combinação de pelo menos três fatores: a retomada, por parte do governo federal, do programa de combate ao desmatamento na Amazônia e a elaboração de planos similares para todos os biomas do país; um aumento da participação dos estados nessas ações, se somando ao aumento dos embargos e autuações feitos pelo IBAMA; e uma atenção maior dos bancos para dados sobre desmatamento na hora de decidir sobre a concessão de crédito rural.
Agência Brasil, Brasil de Fato, CNN Brasil, Deutsche Welle, Folha, UOL e VEJA, entre outros, noticiaram os números do MapBiomas.