14 Mai 2025
No dia 3 de maio passado, a Alemanha atingiu o Dia da Sobrecarga da Terra, alertou a bispa luterana Kristina Kühnbaum‑Schmidt ao falar no Kirchentag, que reuniu mais de 80 mil pessoas em Hannover dias 30 de abril a 4 de maio. “Nesse ritmo, precisamos de cerca de três planetas Terra para sustentar nosso estilo de vida”, disse.
A reportagem é de Edelberto Behs.
“Quando sua terra natal se torna inabitável – uma conversa com testemunhas do clima” foi o tema do Kirchentag de 2025. “Para nós, a crise climática é uma realidade e não um problema para o futuro”, declarou a diretora executiva da Aliança Pan‑Africana pela Justiça Climática do Quênia, Dra. Mithika Mwenda.
Ela viu secar o rio de onde a comunidade em que cresceu e fazia pescarias na juventude. A fundadora do Climate Justice Africa, Hamira Kobusingye, de Uganda, frisou que a África contribui com menos de 5% das emissões de CO₂, “mas é duramente atingida pelos efeitos das mudanças climáticas”. Justiça climática, portanto, significa que os países desenvolvidos devem apoiar os afetados, defendeu.
Kobusingye enfatizou que os efeitos socioeconômicos sobre comunidades vulneráveis afetam os direitos das crianças e das mulheres. A chefe do Centro de Clima e Política Externa do Conselho Alemão de Relações Exteriores, Dra. Kira Vinke, citando dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), mencionou que 134,1 milhões de pessoas, um terço delas composto por crianças, foram descolocadas por tempestades, inundações, secas e incêndios florestais entre 2016 e 2021.
Os países com as maiores dívidas de carbono são os Estados Unidos, o Reino Unido, a Alemanha, a República Tcheca e a Eslováquia. A Alemanha também sofre os efeitos dessa dívida. O ministro Tobias Goldschmidt, do estado federal alemão de Schleswig‑Holstein sofre os impactos do aquecimento global. O nível do mar, citou, subiu cerca de 20 centímetros e Schleswig‑Holstein tem 1 mil quilômetros de litoral.
“Precisamos proteger o litoral com diques”, e cada dique custa cerca de 10 milhões de euros (cerca de 63,7 milhões de reais) por quilômetro, “um dinheiro que não está disponível para outras medidas”.
Vinke destacou no evento a conexão entre mudanças climáticas, migração e a crescente instabilidade em certas regiões do planeta, como condições climáticas extremas, elevação do nível do mar e escassez de recursos, fenômenos que influenciam as migrações, além do papel que fatores políticos, sociais e econômicos desempenham nessas situações.