Comportamento humano é chave para salvar a biodiversidade

Foto: Amazônia Real

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11 Abril 2025

Estudo revela como a mudança de comportamento humano é essencial para conservar a biodiversidade. Conheça estratégias eficazes e casos de sucesso globais.

A reportagem é publicada por EcoDebate, 09-04-2025. 

A crise da biodiversidade global continua se agravando, apesar de décadas de esforços de conservação.

Um artigo sugere que talvez estejamos abordando o problema da maneira errada: em vez de focar apenas em áreas protegidas e políticas ambientais, deveríamos concentrar nossos esforços em mudar os comportamentos humanos que também causam a perda de biodiversidade.

A mudança de paradigma na conservação

O estudo “Changing Human Behavior to Conserve Biodiversity”, publicado na revista Annual Review of Environment and Resources, apresenta uma análise abrangente sobre como as ciências comportamentais podem revolucionar os esforços de conservação da biodiversidade.

“Tradicionalmente, os conservacionistas têm se concentrado em proteger áreas naturais e criar políticas ambientais, mas frequentemente ignoram um fator importante: as pessoas e seus comportamentos”, explica o estudo.

Esta abordagem tradicional falha em reconhecer que são as ações humanas — como consumo excessivo, desmatamento, descompromisso político e práticas agrícolas insustentáveis — que impulsionam diretamente a perda de biodiversidade.

Ciências comportamentais: a nova fronteira da conservação

O artigo propõe uma estrutura interdisciplinar que integra conhecimentos das ciências comportamentais com estratégias de conservação. Os pesquisadores identificaram cinco áreas-chave de comportamento humano que afetam significativamente a biodiversidade:

Consumo de recursos naturais: Desde a alimentação até o uso de energia, nossas escolhas diárias têm impacto direto nos ecossistemas.

Práticas agrícolas e de uso da terra: Como cultivamos alimentos e utilizamos o solo tem consequências profundas para habitats naturais.

Comportamentos de recreação e turismo: Nossas atividades de lazer podem perturbar ecossistemas sensíveis.

Comportamento político e cívico: Nossas escolhas eleitorais e participação civil influenciam políticas ambientais.

Comportamento corporativo e organizacional: As decisões empresariais afetam significativamente os padrões de produção e consumo.

Por que as pessoas não agem?

O estudo identificou múltiplas barreiras que impedem as pessoas de adotarem comportamentos pró-conservação:

“Muitas pessoas simplesmente não estão cientes do impacto de suas ações na biodiversidade”, aponta o artigo. “Outras enfrentam barreiras estruturais, como falta de alternativas acessíveis ou pressões econômicas que tornam difícil fazer escolhas sustentáveis.”

Os pesquisadores também destacam o papel das normas sociais e culturais: “Comportamentos prejudiciais à biodiversidade frequentemente são normalizados ou até valorizados em muitas sociedades.”

Estratégias eficazes para mudança comportamental

O estudo apresenta evidências de intervenções bem-sucedidas que utilizam:

Educação e conscientização: Quando bem direcionadas, podem superar a falta de conhecimento.

Incentivos econômicos: Subsídios para práticas sustentáveis e taxação de atividades prejudiciais.

Mudanças no ambiente de escolha: Tornando opções sustentáveis mais acessíveis e convenientes.

Uso de normas sociais: Aproveitando a tendência humana de seguir comportamentos de grupos.

Engajamento comunitário: Envolvendo comunidades locais na conservação.

“Não existe uma solução única para todos os contextos”, advertem os pesquisadores. “As intervenções devem ser adaptadas às realidades culturais, econômicas e sociais específicas de cada comunidade.”

Casos de sucesso

O artigo apresenta diversos exemplos de sucesso na aplicação dessas abordagens:

Programas comunitários de conservação na África que reduziram a caça ilegal em 60% em algumas regiões.

Iniciativas de rotulagem ecológica que aumentaram a demanda por produtos sustentáveis em mercados europeus.

Campanhas de normas sociais que reduziram o consumo de produtos prejudiciais à biodiversidade em países asiáticos.

O caminho à frente

Os pesquisadores concluem com uma série de recomendações:

Integração interdisciplinar: Conservacionistas devem trabalhar com cientistas comportamentais, sociólogos e psicólogos.

Abordagem baseada em evidências: As intervenções devem ser testadas rigorosamente antes de serem ampliadas.

Foco em comportamentos de alto impacto: Priorizar a mudança de comportamentos que causam os maiores danos à biodiversidade.

Adaptação ao contexto: Reconhecer que diferentes culturas e comunidades requerem abordagens distintas.

Engajamento com setores diversos: Trabalhar com empresas, governos e sociedade civil para criar mudanças sistêmicas.

“A conservação da biodiversidade não pode mais ser tratada apenas como uma questão científica ou política”, conclui o estudo. “É fundamentalmente uma questão comportamental que requer uma compreensão profunda do que motiva as pessoas a agir.”

cEstrutura conceitual que ilustra os fatores comportamentais multiníveis, desde comportamentos individuais e de grupo até políticas governamentais, que impulsionam as principais ameaças à biodiversidade e contribuem para a perda de biodiversidade.In "Changing Human Behavior to Conserve Biodiversity"

Referência

Changing Human Behavior to Conserve Biodiversity”, publicado na revista Annual Review of Environment and Resources. 

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