Golpe duro para o “catolicismo político” de Orban. Artigo de Francesco Strazzari

Foto: Wikimedia Commons

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12 Setembro 2024

"Um duro golpe tanto para a Igreja húngara quanto para o primeiro-ministro Viktor Orban. O pároco Gergo Bese não é um clérigo desconhecido. As mídias o conhecem bem e aqueles que estão do lado de Orban o transformaram numa figura de destaque, até porque seu caso inflama os ânimos de um grande grupo de simpatizantes de Orban e certamente não da hierarquia e dos fiéis católicos", escreve o cientista político italiano Francesco Strazzari, professor de Relações Internacionais na Scuola Universitaria Superiore Sant’Anna, em Pisa, na Itália. O artigo foi publicado por Settimana News, 11-09-2024. A tradução é de Luisa Rabolini.

Eis o artigo.

Em 6 de setembro último, D. Babel Balazs, bispo da diocese húngara de Kalocsa, suspendeu do ministério com efeito imediato o padre Gergo Bese. A notícia repercutiu fortemente porque Bese é a ponta eclesial mais exposta do “catolicismo político” de Viktor Orban. Muito ativo como influencer nas mídias sociais, presente nas reuniões do partido de maioria durante as campanhas eleitorais, presente como capelão na bênção da sede renovada do partido, na primeira fila das avaliações anuais do primeiro-ministro, objeto de grandes doações públicas para suas atividades, Bese participou de orgias homossexuais, cultivando relacionamentos íntimos com rapazes e jovens. Assim que a notícia vazou, suas fotos desapareceram dos sites do governo e do partido. Em uma carta ao portal 777, ele admitiu seu erro ("Pequei contra a Igreja e a minha comunidade. Quebrei meu voto sacerdotal") e pede desculpas àqueles que ele decepcionou e escandalizou.

Um duro golpe tanto para a Igreja húngara quanto para o primeiro-ministro Viktor Orban. O pároco Gergo Bese não é um clérigo desconhecido. As mídias o conhecem bem e aqueles que estão do lado de Orban o transformaram numa figura de destaque, até porque seu caso inflama os ânimos de um grande grupo de simpatizantes de Orban e certamente não da hierarquia e dos fiéis católicos.

O caso de Bese tem um passado controverso. Não apenas por causa de sua declarada homossexualidade, não pedofilia, se diz, mas por causa de sua história estreitamente ligada ao mundo eclesiástico. Sempre houve problemas com Gergo Bese, mesmo antes de sua ordenação sacerdotal. Bese nasceu na diocese de Vác em 1983, e foi lá que ele entrou no seminário. Afastado de sua diocese, ele foi acolhido pela diocese de Kalocsa. Sua tentativa de seguir o caminho do monaquismo não teve seguimento. Ele fez seus estudos teológicos como leigo e só depois entrou no seminário, onde viveu alguns anos antes de ser ordenado padre (2013).

É enfaticamente considerado “amigo de Orban”, por quem tem uma grande admiração. Bese não esconde suas convictas simpatias pelo primeiro-ministro e pelo governo atual. As mídias de massa de todas as cores gostam de trazê-lo ao centro das atenções, de modo que Gergo Bese é de fato uma figura muito conhecida na Hungria.

O escândalo é grave. A Igreja húngara e o Vaticano estão indignados e tomaram as devidas providências.

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