Domingo de Páscoa – Ano B – Inauguração da nova forma de presença de Jesus, o Vivente Ressuscitado

Por: MpvM | 29 Março 2024


“Às vezes somos tipo Pedro que vê, não entende, precisa de tempo e volta para a casa em silêncio. Outras vezes somos tipo João: aquele que tem olhos pascais, que vai além do sinal e começa a ver para crer que a ausência do corpo não significa a morte da esperança e sim um novo horizonte, tanto para Jesus como para seus discípulos e discípulas! O Mestre entrou numa outra dimensão de vida, mais plena, mais ampla, mais cósmica, porque doada no amor aos irmãos e irmãs. Decididamente, o amor é mais forte do que a morte! ‘João viu e acreditou’ (Jo 20, 8).”


A reflexão é de Irmã Annette Havenne, sm. Ela é religiosa da Congregação das Irmãs de Santa Maria. Possui graduação em psicologia e em teologia pastoral. Vive há 43 anos no Nordeste e reside na periferia de Aracaju/SE. Integra a equipe de assessoria da Conferência dos Religiosos do Brasil – CRB e atua na da formação humana e espiritual de comunidades religiosas e grupos de leigos. Continua residindo no Nordeste do Brasil, mas serve sua congregação como conselheira geral.

Leituras do dia

Primeira leitura: At 10,34a.37-43
Salmo: Sl 117(118),1-2.16ab-17.22-23 (R. 24)
Segunda leitura: Cl 3,1-4 ou 1Cor 5,6b-8
Evangelho: Jo 20,1-9

Eis a reflexão

O evangelho da liturgia desta manhã de Páscoa começa com o choque da notícia trazida pela Madalena: o corpo de Jesus não esta mais no túmulo: “Tiraram o Senhor do túmulo e não sabemos onde o colocaram!” Jo 20,2.

Vamos nós também correr até lá para verificar o que aconteceu, na companhia de Pedro e João! Cada um corre no seu ritmo, tem seu próprio percurso para passar da desolação da morte para a fé na ressurreição! Mas um espera pelo outro para juntos entrar na penumbra do sepulcro e tentar enxergar alguma luz! Jo 20, 3-8

O que tem para ver? Nenhuma prova da ressurreição, mas um humilde sinal: As tiras de pano que encerravam o corpo do crucificado, conforme o ritual de sepultura na cultura judaica, estão agora no chão e o sudário que cobria-lhe o rosto esta dobrado, num lugar a parte. Lázaro, a quem Jesus deu um suplemento de vida, saiu atado do túmulo e os outros tiveram que desata-lo! Aqui se trata sem dúvida de outra realidade: Nenhum judeu, nenhum soldado romano iria desatar um cadáver para transporta-lo, não faz sentido!

Às vezes somos tipo Pedro que vê, não entende, precisa de tempo e volta para a casa em silêncio. Outras vezes somos tipo João: aquele que tem olhos pascais, que vai além do sinal e começa a ver para crer que a ausência do corpo não significa a morte da esperança e sim um novo horizonte, tanto para Jesus como para seus discípulos e discípulas! O Mestre entrou numa outra dimensão de vida, mais plena, mais ampla, mais cósmica, porque doada no amor aos irmãos e irmãs. Decididamente, o amor é mais forte do que a morte! ‘João viu e acreditou’ (Jo 20, 8).

Por que João, o mais novo, e não Pedro o mais experimentado? Você lembra que desde sexta-feira à noite, João levou Maria para sua casa? Provavelmente passaram longos momentos relembrando as palavras e gestos de cuidado, de compaixão, de amor-doação de Jesus. Segundo os padres da Igreja, esses teólogos dos primeiros séculos da antiguidade cristã, Maria, a mãe de Jesus, foi a única que não perdeu a fé no grande sábado santo! Podemos compreender que Maria e João, que Jesus confiou um ao outro antes de morrer, agora são cúmplices e se fortalecem mutuamente na esperança de que a morte não teve a última palavra!

Neste momento se inaugura uma nova forma de presença de Jesus aos seus, que Ele não deixa órfãos! Doravante experimentarão a presença do Vivente a partir do centro dos seus corações, movidos pelo sopro do Espírito! Descobrirão novos caminhos de ir ao seu encontro na missão: Não se trata mais de olhar para céu, nem para o chão, mas para o rosto do irmão, da irmã!

Esta experiência das visitas dos três discípulos: Maria Madalena, Pedro e João ao túmulo vazio de Jesus esta no centro da fé pascal. A partir dela, constitui-se a comunidade pós-pascal que em breve será chamada: “os do caminho”! Nós também somos convidados a nos envolver nesta dinâmica:

Contemplemos os três discípulos, que fizeram o caminho de ida e volta para o túmulo... Com eles ousemos enfrentar a escuridão! Que sinais de morte somos convidad@s a reler com olhos pascais para descobrir neles a vida e a esperança que insistem em renascer?

Contemplemos a pequena comunidade pós-pascal que começa com esses três, discretamente amparados pela fé de Maria... Estamos ainda em sintonia com este movimento de Jesus que empurra para a missão junto aos irmãos e irmãs? Ou apenas fazemos parte de uma instituição piedosa, porém parada no espaço e no tempo?

Iluminad@s por este evangelho ao vivo, podemos deixar ecoar outros versículos fortes dos demais textos da liturgia do dia:

- Realmente, o Senhor ressuscitou, aleluia! (antífona da entrada)

- Nós somos testemunhas de tudo que Jesus fez! At 10, 39 (primeira leitura)

- Vossa vida esta escondida, com Cristo, em Deus! Col 3,3 (segunda leitura)

- Vi o Cristo ressuscitado, o túmulo abandonado, os anjos cor do sol, dobrado no chão o lençol! (Sequência)

O que nos impede de sair de nossos túmulos para deixar ecoar a palavra da Páscoa? Que durante este tempo, possamos nos abençoar e nos saudar uns aos outros com estas belas palavras da saudação inicial da eucaristia de hoje:

“Meu irmão, minha irmã, PAZ E FÉ, o Senhor ressuscitou!

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