22 Dezembro 2022
Nada da família, melhor progenitor A e progenitor B. Enquanto o Vaticano insiste no fato de que a família é apenas entre um homem e uma mulher, na Alemanha um bispo bastante influente vem repetindo há meses que o conceito na Igreja deveria ser ampliado. Os tempos mudam, a sociedade evolui, os laços tornam-se mais complexos e por isso o bispo de Essen, dom Franz-Josef Overbeck, convidou o Vaticano a refletir sobre como rever a definição de família de forma inclusiva, considerando que já existem tantos filhos nascidos de pais homossexuais.
A reportagem é de Franca Giansoldati, publicada por Il Messaggero, 20-12-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
"Uma família é aquela em que as pessoas vivem com os filhos", declarou em entrevista à agência noticiosa católica KNA, explicando que tradicionalmente a família no sentido católico significava "pai, mãe, filho e casamento", enquanto hoje se torna difícil ater-se apenas uma forma ideal. Nenhum modelo garante estabilidade e segurança por si só. A sugestão do bispo é considerar o bem-estar das crianças como ponto de partida quando se fala de família.
"Desse ponto de vista, outras formas também podem ser descritas". Por exemplo, crianças nascidas pela técnica do útero de aluguel e criadas por casais homossexuais, ou ainda crianças nascidas de mulheres lésbicas ou de pais que, no meio tempo, decidiram mudar de sexo por meio de cirurgia. O quadro familiar é agora bastante fluido e complexo e o caminho sinodal que a Igreja alemã empreendeu para reformar o magistério não poderia deixar de incluir um novo horizonte para as famílias cristãs. O tema, naturalmente, continua sendo um tabu para Roma.
O bispo de Essen também destacou que o sucesso de uma família certamente não é a composição, mas a maneira como os filhos são criados e educados em harmonia. Hoje, em muitas formas de família, se assumem responsabilidades, tanto pelos filhos quanto pelo parceiro. Overbeck também falou de casais homossexuais que, segundo o ensinamento católico, vivem em pecado. Quando questionado se eles podem ser igualmente bons pais, ela respondeu: "Por que não deveriam ser?" Em vez de serem moralizadores, o que importa é “desenvolver em conjunto perspectivas para uma boa pastoral de todos os modelos de família com todas as pessoas que ali vivem”.
Nas consultas sinodais para a reforma da Igreja, o bispo de Essen é um dos líderes do fórum sobre a questão do poder e da separação dos poderes. Ele é considerado um dos porta-vozes da maioria reformadora dos bispos alemães. O Papa Francisco, em recente entrevista ao jornal espanhol Abc, admitiu que o que está acontecendo na Alemanha é motivo de grande preocupação.
As reformas que a Igreja na Alemanha pede, dizem respeito ao sacerdócio feminino, à abolição do celibato sacerdotal, à eleição direta dos bispos, à revisão do Catecismo na parte relativa à homossexualidade.
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No Vaticano, a família é apenas aquela tradicional, mas na Alemanha um bispo prega: “É aquela em que as pessoas vivem com os filhos” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU