COP15 da biodiversidade: coabitando com a natureza

Rewilding do National Park Hunsrück-Hochwald, na Alemanha. Foto: European Wilderness Society

Mais Lidos

  • A ideologia da Vergonha e o clero do Brasil. Artigo de William Castilho Pereira

    LER MAIS
  • Juventude é atraída simbolicamente para a extrema-direita, afirma a cientista política

    Socialização política das juventudes é marcada mais por identidades e afetos do que por práticas deliberativas e cívicas. Entrevista especial com Patrícia Rocha

    LER MAIS
  • Que COP30 foi essa? Entre as mudanças climáticas e a gestão da barbárie. Artigo de Sérgio Barcellos e Gladson Fonseca

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

09 Dezembro 2022

“Pode parecer paradoxal, portanto, pressionar pelo que os conservacionistas chamam de 'rewilding' de nosso planeta. No entanto, nossa sobrevivência depende disso. E aqui reside o paradoxo. Ao tentar nos proteger da natureza, nós a ignoramos. Nós o exploramos e o estamos destruindo. E, ao fazer isso, estamos nos destruindo”, escreve Jérôme Chapuis, editor da revista La Croix International, 07-12-2022. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.

Eis o artigo.

Delegados de 192 nações se reunirão em Montreal, Canadá, nas próximas duas semanas para a 15ª Cúpula da Biodiversidade da ONU.

Para a maioria das pessoas, o estado de natureza não é um ideal invejável. Desde o início dos tempos, os seres humanos empregaram uma riqueza de engenhosidade para se proteger de calamidades: inundações, tempestades, fome, epidemias. Por isso, pertencemos à espécie que – de longe – mais profundamente modifica seu ambiente.

Pode parecer paradoxal, portanto, pressionar pelo que os conservacionistas chamam de “rewilding” de nosso planeta (reintrodução de animais e plantas nativos para restauração de ecossistemas naturais). No entanto, nossa sobrevivência depende disso. E aqui reside o paradoxo. Ao tentar nos proteger da natureza, nós a ignoramos. Nós o exploramos e o estamos destruindo. E, ao fazer isso, estamos nos destruindo.

Os últimos dois séculos foram marcados por mudanças ecológicas em grande escala. Os danos ao meio ambiente são tantos que estamos vivendo o que os cientistas consideram ser a Sexta Extinção. E recentemente o World Wide Fund for Nature – WWF estimou que 70% da vida selvagem desapareceu nos últimos cinquenta anos.

Portanto, a COP15 tem a obrigação de obter resultados concretos. Os organizadores desta 15ª Cúpula da Biodiversidade da ONU, que começa na quarta-feira em Montreal, estabeleceram uma meta ambiciosa, mas não inatingível: fazer com que os países se comprometam a proteger 30% da terra e do mar até 2030. Esses lugares devem ser deixados por conta própria e intervenção humana deve ser limitada.

Algumas experiências encorajadoras foram realizadas na Europa nos últimos anos. Como explicou um dos líderes da área a La Croix, restaurar áreas à natureza não é uma questão de “afugentar os humanos, mas de melhor articular sua presença com o mundo natural”.

A interdependência é tal que temos pouca escolha. “Todas as criaturas caminham conosco”, lembra o Papa Francisco em sua encíclica Laudato si'. Não é apenas nosso dever, mas também do nosso interesse vivermos juntos. Porque, no final, a natureza sempre acaba retomando seus direitos.

Leia mais