09 Junho 2022
Após ter promulgado o código das concorrências e a centralização do caixa, o Vaticano institui um comitê que vigiará sobre a natureza dos investimentos, como previsto pela nova Constituição Apostólica sobre a reforma da Cúria, a "Praedicate Evangelium", decidida pelo Papa Francisco e que entrou em vigor no dia 5 de junho. O presidente do comitê, cujos membros permanecerão no cargo por 5 anos, é o cardeal Kevin Joseph Farrell, prefeito dos leigos, estadunidense, homem de confiança do Papa que nos últimos tempos conseguiu a difícil "conversão" dos movimentos eclesiais de organizações autorreferenciais a comunidades abertas a todos no espírito de acolhimento do Evangelho.
A reportagem é de Paolo Rodari, publicada por la Repubblica, 08-06-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
Depois do caso que ainda gera discussões sobre o investimento pela Secretaria de Estado do Vaticano em um imóvel em Londres cujo processo ainda está em andamento dentro dos muros leoninos, eis um organismo chamado a garantir a natureza ética dos investimentos de acordo com o que afirma a doutrina social da Igreja. Os membros do comitê, à parte o cardeal Farrell, são todos leigos e especialistas em finanças e economia, enraizados em uma vida de fé e também com posições conservadoras.
Um exemplo é Jean Pierre Casey, neto do filósofo alemão antinazista von Hildebrand, fundador e diretor administrativo da RegHedge na Grã-Bretanha. Há quatro anos, de fato, foi ele quem assinou uma carta aberta dirigida aos bispos católicos da Inglaterra e do País de Gales, na qual disse sem rodeios: "Tenho vergonha de ser um católico inglês." Casey criticou os bispos por sua atitude de apoio ao Alder Hey Hospital no caso de Alfie Evans, a criança de Liverpool hospitalizada desde dezembro de 2016 devido a uma doença neurodegenerativa associada a uma forma grave de epilepsia e que depois morreu em 2018. De acordo com Casey, os bispos foram demasiado fracos em relação ao hospital, que posteriormente decidiu interromper o suporte à vida.
Outros membros do comitê são especialistas em economia e finanças, além de católicos, Giovanni Christian Michael Gay, diretor administrativo da Union Investment Privatfonds GmbH na Alemanha, David Harris, gerente de portfólio da Skagen Funds na Noruega e John J. Zona, chefe de investimentos do Boston College, nos Estados Unidos, uma universidade dirigida pelos jesuítas. São todas figuras da galáxia católica, que na esperança da Santa Sé terão que garantir a avaliação correta sobre onde e como investir os recursos econômicos do Vaticano.
Quando foi eleito para o trono de Pedro, Francisco começou a reformar a cúria a partir do IOR. O balanço publicado ontem também reflete a transparência que já existe há tempo. De acordo com as demonstrações financeiras anuais certificadas com critérios internacionais, o banco do Vaticano registrou 18,1 milhões de euros em lucros líquidos, com uma redução pela metade em relação a 2020, quando os lucros foram de 36,4 milhões. 25% dos lucros serão colocados em reserva, enquanto o dividendo distribuído será de apenas 2 milhões e quinhentos mil euros. Desde 2013, o IOR eliminou várias contas suspeitas. E a atividade continuou também no ano passado, quando o Instituto fechou mais 400 porque, explicam, “fomos mais seletivos com os clientes”.
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“Apenas investimentos éticos”. Após o escândalo de Londres, o Papa conta com os leigos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU