Eleições francesas: movimentos católicos dão voz à Igreja

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24 Abril 2022

 

Católicos comprometidos e movimentos cristãos lançaram recentemente vários apelos a não votar em Marine Le Pen. Posições decisivas, ao contrário do silêncio da quase totalidade dos bispos.

 

A reportagem é de Xavier Le Normand, publicada em La Croix, 21-04-2022. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

 

“Gostaríamos de dizer aos católicos: abster-se significa votar em Le Pen”, escreve o jornal La Croix. “Apelo a um sobressalto de cidadania a serviço do bem comum”, escreve o Ouest-France. Ou ainda: “Carta aberta aos católicos que se sentem tentados a votar na candidata de extrema direita”, escreve a Témoignage Chrétien.

Depois que Marine Le Pen se qualificou para o segundo turno das eleições presidenciais, multiplicam-se os artigos, os abaixo-assinados e as cartas abertas de católicos comprometidos para pedir que a vitória não lhe seja dada.

“Deixamos aos eleitores a escolha da sua livre consciência, mas queríamos colocar alguns indicadores para lembrar o essencial no que diz respeito ao seguimento de Cristo”, assegura Sylvie Bukhari-de-Pontual, presidente do CCFD-Terre Solidaire, uma das signatárias do texto publicado no Ouest-France. Nem partidos nem candidatos são indicados, mesmo que o texto seja facilmente identificável como um apelo a votar no concorrente da candidata do Rassemblement National.

“A maioria dos signatários ficou profundamente impressionada com as porcentagens obtidas por Eric Zemmour e Marine Le Pen”, explica Dominique Quinio, presidente das Semanas Sociais da França (e ex-diretor do La Croix), também ela signatária. “Isso pode levar alguns a serem mais explícitos do que outros, para mostrar que o catolicismo é uma diversidade de opiniões e de posicionamentos políticos.” O que de modo algum constitui, sublinha ela, dar carta branca a Emmanuel Macron, ainda que as Semanas Sociais tenham convidado explicitamente a votar nele.

No entanto, essas não são as únicas motivações para as posições tomadas pelos católicos. Segundo uma dirigente de associação, trata-se também de “levantar a honra dos cristãos” no que diz respeito à grande prudência do episcopado. Enquanto em 2002 muitos deles haviam convidado a se opor a Marine Le Pen, neste ano a quase totalidade dos bispos permanece em silêncio ou faz referência às declarações da Conferência Episcopal Francesa que apontam para “a inteligência, a consciência e a liberdade de cada um”.

“Não me testem: eu não darei indicações de voto!”, respondeu o presidente da Conferência Episcopal, Dom Eric de Moulins-Beaufort, em uma entrevista publicada no domingo, 17 de abril, no Le Parisien. Rompendo essa discrição unânime, apenas o arcebispo de Estrasburgo deu a conhecer o seu voto aos microfones da France-Info. “O cidadão Ravel, que sou eu, votará em Emmanuel Macron”, assegurou. Além desse único posicionamento explícito, a assinatura do bispo de Agen e presidente da Pax Christi, Dom Hubert Herbreteau, se soma ao apelo publicado no Ouest-France.

Para este último, a palavra dos bispos “não é tão discreta”. O documento preparado pelo Conselho Permanente da Conferência Episcopal em vista das eleições, intitulado “A esperança não decepciona”, é “bastante claro” sobre temas como os migrantes e a ecologia. “Mesmo que não seja claramente dito, compreende-se que somos convidados a votar em alguém que tenha um horizonte mais amplo do que a França”, continua o bispo, que acredita que, em todo o caso, haverá “muito a dizer” sobre a pessoa que será eleita.

Co-organizador em 1983 da “Marcha dos Imigrantes” (“Marche des Beurs”), o padre Christian Delorme acredita que tais afirmações não são suficientes. “Que os bispos da França digam que nenhum voto cristão vá para a extrema direita no dia 24 de abril!”, pede ele em um artigo publicado no Le Monde.

“Mesmo que a maioria dos bispos votará como Dom Ravel”, diz ele ao La Croix, “eles não querem dizer isso para não levar a pensar que estão criando divisão.”  Mesmo assim, segundo o padre de Lyon, os bispos, que já estão perdendo credibilidade após as revelações da Ciase, “não querem ir contra os católicos identitários com os quais acreditavam que poderiam recristianizar a França”.

 

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