Papa Francisco: “É urgente devolver a beleza ao rosto do homem, desfigurado pela guerra”

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05 Abril 2022

 

"A solução para as crises de cada um é cuidar das crises de todos, porque os problemas globais exigem soluções globais. Ajudemo-nos mutuamente a escutar a sede de paz das pessoas, trabalhemos para lançar as bases de um diálogo cada vez mais amplo, voltemos a nos reunir nas conferências internacionais pela paz, onde o tema do desarmamento seja central", afirmou o Papa Francisco na sua chegada a Valeta, capital da ilha de Malta, 02-05-2022. Os destaques do discurso são publicados por Il Sismografo. A tradução é de Luisa Rabolini.

 

Eis trechos do discurso.

 

Bem estar/pobreza/paz-guerra

 

Malta, que brilha de luz no coração do Mediterrâneo, pode inspirar-nos, porque é urgente devolver a beleza ao rosto do homem, desfigurado pela guerra. Uma bela estátua mediterrânea que remonta a séculos antes de Cristo retrata a paz, Irene, como uma mulher segurando Pluto, a riqueza. Lembra que a paz gera bem-estar e a guerra apenas pobreza. E sugere o fato de que na estátua a paz e a riqueza são retratadas como uma mãe segurando um filho nos braços. A ternura das mães, que dão vida ao mundo, e a presença das mulheres são a verdadeira alternativa à perversa lógica do poder, que leva à guerra. É preciso uma "medida humana".

Precisamos de compaixão e cuidado, não de visões ideológicas e de populismos, que se alimentam de palavras de ódio e não se preocupam com a vida concreta do povo, das pessoas comuns. Há mais de sessenta anos, num mundo ameaçado de destruição, onde as contraposições ideológicas e a lógica férrea dos alinhamentos ditavam a lei, ergueu-se da bacia do Mediterrâneo uma voz contracorrente, que à exaltação do próprio lado opôs um despertar profético em nome da fraternidade universal. Foi a de Giorgio La Pira, que disse: "A conjuntura histórica que vivemos, o choque de interesses e de ideologias que abalam a humanidade em meio a um incrível infantilismo, devolvem ao Mediterrâneo uma responsabilidade capital: definir novamente as normas de uma Medida em que o homem deixado ao delírio e ao excesso possa se reconhecer" (Discurso no Congresso Mediterrânico de Cultura, 19 de fevereiro de 1960). São palavras atuais: o quanto precisamos de uma "medida humana" diante da agressividade infantil e destrutiva que nos ameaça, diante do risco de uma "guerra fria ampliada" que pode sufocar a vida de povos inteiros e gerações!

 

O vento gélido da guerra foi alimentado ao longo dos anos

 

Infelizmente, aquela "infantilidade" não desapareceu. Ela ressurge com prepotência nas seduções da autocracia, nos novos imperialismos, na agressividade generalizada, na incapacidade de construir pontes e partir dos mais pobres. (...) Daqui começa a soprar o vento gélido da guerra, que mais uma vez foi alimentado ao longo dos anos. Sim, a guerra vem se preparando há algum tempo com grandes investimentos e negócios de armas.

É triste ver como o entusiasmo pela paz, que surgiu após a Segunda Guerra Mundial, tenha se desvanecido nas últimas décadas, assim como o caminho da comunidade internacional, com poucos poderosos que avançam por conta própria, em busca de espaços e zonas de influência. E assim não apenas a paz, mas muitas questões importantes, como a luta contra a fome e as desigualdades, foram de fato removidas das principais agendas políticas.

 

Problemas globais exigem soluções globais

Mas a solução para as crises de cada um é cuidar das crises de todos, porque os problemas globais exigem soluções globais. Ajudemo-nos mutuamente a escutar a sede de paz das pessoas, trabalhemos para lançar as bases de um diálogo cada vez mais amplo, voltemos a nos reunir nas conferências internacionais pela paz, onde o tema do desarmamento seja central, tendo em vista as gerações vindouras! E os enormes fundos que continuam a ser destinados para os armamentos sejam convertidos para o desenvolvimento, saúde e nutrição.

 

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