90 anos vividos corajosamente: a herança intelectual de Charles Taylor

Charles Taylor | Wikimedia Commons

07 Novembro 2021

 

"O dom principal que Charles Taylor deixa de herança aos seus leitores é aquela ponte lançada entre a vida ativa e a contemplativa. Nos anos difíceis que nos esperam, deveremos percorrer várias vezes essa instável passarela em ambas as direções, para responder aos desafios de uma civilização que provavelmente chegou à encruzilhada mais traiçoeira de uma história feita de grandezas e misérias, a qual devemos valorizar com a dose certa de humildade e coragem".

 

O comentário é de Paolo Costa, filósofo italiano e pesquisador do Centro de Ciências Religiosas da Fundação Bruno Kessler, na Itália, e curador da edição italiana das obras de Charles Taylor. É autor deVerso un’ontologia dell’umano. Antropologia filosofica e filosofia política in Charles Taylor [Rumo a uma ontologia do humano. Antropologia filosófica e filosofia política em Charles Taylor, em tradução livre] (2001) e de “La città post-secolare. Il nuovo dibattito sulla secolarizzazione” [A cidade pós-secular. O novo debate sobre a secularização, em tradução livre] (2019).

 

O artigo foi publicado por Le Parole e le Cose, 05-11-2021. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

 

Eis o texto.

 

1. 90 anos de Charles Taylor

 

Charles Taylor, filósofo canadense, completou 90 anos no dia 5 de novembro.

O aniversário é uma ocasião propícia para refletir sobre a herança intelectual de um pensador fora do comum. Por muito tempo, foi difícil indicar com precisão a sua principal contribuição para o debate filosófico contemporâneo. Nascido como filósofo da mente e da ação, Taylor posteriormente se afirmou como um intérprete não convencional do idealismo alemão, particularmente da obra de Hegel [1].

Na onda do renascimento da filosofia política, seu perfil público ganhou reconhecimento como crítico do novo liberalismo da igualdade de John Rawls e como defensor não incondicional do multiculturalismo e das políticas de identidade [2].

É nesse ponto, porém, que o verdadeiro eixo da sua reflexão ganhou forma de maneira inconfundível. Após a publicação de “As fontes do self” (Ed. Loyola, 2010[1989]), os esforços de Taylor se concentraram progressivamente no objetivo de indagar a fundo a identidade moderna e os seus conflitos, e os resultados desse empenho o consagraram como um dos intérpretes mais originais da Grande Transformação [3].

Um programa de pesquisa tão ambicioso permitiu-lhe, entre outras coisas, valorizar ao máximo as competências transversais apuradas em três décadas de grande laboriosidade, como evidenciam os dois volumes dosPhilosophical Papers(1985) [4].

A identidade moderna, segundo Taylor, não é uma questão estritamente psicológica. Trata-se, antes, de uma questão de posicionamento do sujeito em um espaço moral que, após o Renascimento, mudou progressivamente a sua topografia e, com ela, o número, a força motivacional e a distribuição do leque de bens arquitetônicos (liberdade, justiça, benevolência, razão, natureza, Deus) que servem como fontes para as escolhas importantes do agente.

Ser um indivíduo ocidental moderno, em suma, significa tanto pertencer ao gênero humano (e, portanto, à luz da antropologia filosófica tayloriana, ser e ter um corpo dotado de uma intencionalidade complexa, tornada ainda mais intrincada pela articulação dos desejos em dois níveis com grandezas de valor não comensuráveis e de caráter irredutivelmente interpretativo da relação do sujeito consigo mesmo), quanto realizar a própria humanidade dentro de marcos culturais e imaginários cósmicos, sociais, religiosos, não só histórica e geograficamente específicos, mas até mesmo “especiais” em virtude do dinamismo e da expansão global da civilização europeia ao longo dos últimos cinco séculos.

Refletir sobre a identidade moderna significa, portanto, interrogar-se sobre a origem e a destinação de fenômenos históricos relevantes e enigmáticos como a descoberta da interioridade, a universalização do autogoverno democrático, a laicidade, a afirmação da vida comum, o nascimento da soberania estatal, a “naturalização” do cosmos, a autonomização da arte, além das várias aventuras intelectuais e institucionais que tais inovações trouxeram consigo.

 

 

Em outras palavras, indagar a identidade moderna equivale substancialmente a realizar uma nova “fenomenologia do espírito”. A partir desse ponto de vista, o itinerário de Taylor pode ser descrito retrospectivamente como uma reescrita metódica da sua monografia sobre Hegel que, não por acaso, havia sido enquadrada por uma dupla reflexão sobre os “objetivos de uma época nova” e sobre as macroincômodos em que a Neuzeit se encalha por último: individualismo, hegemonia da racionalidade instrumental, perda de significado e liberdade, eclipse dos fins etc.

A força dessa versão, ao mesmo tempo enfraquecida e reflexivamente potencializada, de fenomenologia da consciência moderna reside essencialmente na sua flexibilidade e inclusividade. De fato, ela nasce como um projeto de pesquisa estruturalmente aberto e, como obra em princípio inacabada, solicita a contribuição ativa do leitor, seja qual for a sua idade, profissão ou competência.

Por outro lado, o segredo da civilização moderna está precisamente na ambição de viver sem um centro conclamado de gravidade ou, para usar outra metáfora, com horizontes irredutivelmente fraturados. “Modernos”, de fato, são tanto o racionalismo iluminista quanto o contrailuminismo romântico, tanto o ideal autocentrado de uma liberdade como não interferência quanto o impulso excêntrico do modelo de uma autodeterminação expressiva, tanto a paixão pelo autogoverno quanto a fuga ao privado, tanto a rejeição do próprio passado religioso quanto o florescimento selvagem das espiritualidades, tanto o biocentrismo quanto a destruição sem precedentes do ambiente natural.

A consciência moderna, portanto, nasce desde o início dilacerada, descentrada e engajada em um exercício de autocrítica implacável, cujo primeiro exemplo é oferecido pela virada romântica da qual a cultura alemã do fim do século XVIII é palco. Nesse sentido, a modernidade sempre se encontrou diante de uma encruzilhada que, a partir de fora, assumiu acima de tudo a forma de desafios mortais (guerras, totalitarismos, crises políticas e econômicas, emergências de saúde e ecológicas), enquanto, a partir de dentro, foi vivida normalmente como uma crise de identidade latente.

Hoje, assim como há dois séculos, as perguntas “quem somos?” e “quem queremos ser?” enquadram as escolhas cotidianas dos indivíduos modernos e talvez tornem ainda mais preciosas as lições que podem ser tiradas da conflitualidade espiritual, intelectual e moral que permeia as suas existências.

 

 

2. Modernidade na encruzilhada

 

EmModernità al bivio [Modernidade na encruzilhada], o livro que projetei e editei para celebrar os 90 anos de Taylor, eu me propus como objetivo precisamente iluminar a sua capacidade, na minha opinião mais única do que rara, de fazer justiça a essa complexidade cultural e valorizá-la com uma intenção não apenas teórica, mas também prático-orientadora [5].

O eixo do volume consiste em um longo ensaio inédito sobre as poéticas românticas que é uma antecipação do livro já anunciado há cinco anos nas páginas finais deThe Language Animal[6]. Para dar pelo menos uma ideia de como esse eixo é o vértice de um triângulo cuja área abrange um território filosófico repleto de nuances e ressonâncias, o texto foi acompanhado por dois escritos nunca antes publicados em italiano que remontam a dois períodos distintos da carreira de Taylor (respectivamente, os anos 1990 e 1970).

A partir do jogo de remissões, ecos e articulações entre os três trabalhos, deveria emergir com clareza aquele retrato ambivalente e não conciliado da condição humana (indivíduo e totalidade, afirmação e transcendência da vida, coexistência dialética de força e sentido) que provavelmente representa a principal herança da virada romântica do século XVIII.

A segunda parte do livro, por sua vez, gira em torno de uma longa entrevista realizada para a ocasião, em que Taylor repassa as principais etapas do seu itinerário filosófico e discute o seu alcance e o seu significado sem meias palavras. Por fim, essas reflexões oferecem o impulso para um grupo representativo de intérpretes internacionais da sua obra para esclarecer e elucidar os pontos nodais fundamentais do seu pensamento.

O propósito do tributo, como observei acima, é fazer com que seja possível tocar com as mãos a utilidade daquela ponte lançada entre a vida ativa e a contemplativa que é o dom principal que Charles Taylor deixa de herança aos seus leitores. Nos anos difíceis que nos esperam, deveremos percorrer várias vezes essa instável passarela em ambas as direções, para responder aos desafios de uma civilização que provavelmente chegou à encruzilhada mais traiçoeira de uma história feita de grandezas e misérias, a qual devemos valorizar com a dose certa de humildade e coragem.

 

Reprodução da capa do livro Modernità al bivio

 

3. Obsoleta virtude intelectual

 

É precisamente a essa última e obsoleta virtude intelectual que eu gostaria de dedicar a segunda parte do meu tributo.

Um dos efeitos colaterais mais interessantes da cisão entre ciência, ética e estética inaugurada na primeira metade do século XVIII pelo Iluminismo escocês é o curto-circuito que surge a partir da atribuição da virtude da coragem aos intelectuais ou aos artistas.

Quem considera crucial a contraposição entre obras edificantes ou sentimentais e obras autênticas quando é chamado a julgar o valor de um produto da engenhosidade humana normalmente está convencido de que a diferença é precisamente a “coragem”. Segundo essa intuição, para dar vida, senão a uma obra-prima, pelo menos a uma contribuição significativa à cultura, ou seja, à autoconsciência humana, é essencial olhar direto nos olhos do abismo da existência.

A rejeição das fáceis consolações, em particular, é frequentemente considerada um requisito indispensável para a genuína criatividade intelectual. Nesse sentido, os membros do panteão filosófico, artístico, literário moderno, em suma, seriam indivíduos “geniais” que não recuam diante da miséria, brutalidade ou insensatez da condição humana.

Isso não significa, porém, que se espera a mesma coragem na vida cotidiana de tais talentos. O fato de um gigante do pensamento poder ser um covarde na cotidianidade não nos desconcerta mais tanto. Se ficamos sabendo que ele tem medo até da sua sombra, a descoberta certamente não prejudica o nosso julgamento sobre ele como um “artista”. Que tipo de coragem, então, é a coragem intelectual? E que relação ela tem com a capacidade de enfrentar firmemente as inevitáveis provas da existência?

Talvez a relação seja a mesma que subsiste entre tipologias diferentes de coragem, das quais registramos a existência quando, por exemplo, encontramos alguém que não tem medo de se lançar de parapente enquanto treme como uma folha diante da cadeira do dentista, ou ficamos perplexos diante de uma medalha de honra por bravura militar que desmaia ao ver uma inofensiva cobra d’água. Por outro lado, quem, depois de Darwin e Freud, espera mais coerência ou uma personalidade harmoniosa dos seres humanos?

Nenhum desses exemplos, porém, parece ter uma relação direta com a coragem de olhar nos olhos do abismo da condição humana. A coragem de um artista ou de um pensador fora do comum, digamos, uma Simone Weil ou uma Hannah Arendt, parece ser antes a exemplificação de uma coragem “universal” ou “absoluta” – algo análogo ao caráter “inteligível” de que Schopenhauer fala no rastro de Kant –, uma espécie de virtude arquetípica ou de tonalidade moral fundamental.

Se esse for o caso, então não faria sentido esperar de um mestre – e Taylor para mim o foi em todos os sentidos da palavra – senão um temperamento corajoso, pelo menos o empenho de viver a vida com coragem?

 

Charles Taylor (Foto: McGill University)

 

4. Virtude da coragem

 

Seguramente, haverá alguém que, tendo chegado a este ponto, terá a tentação de cortar a corda bufando: “Mas isso são delírios de românticos incuráveis: o que a ciência e a arte têm a ver com tudo isso?!”.

Se assim o fez, tocou exatamente o ponto que eu gostaria de desenvolver em três rápidas passagens antes de concluir. Quando pensamos hoje no romantismo, a primeira associação que nos vem espontaneamente, com efeito, é com uma sensibilidade exaltada.

Por outro lado, na poesia, na pintura e também na prosa romântica, a intensidade com que é tematizado, representado ou nomeado aquilo que está em jogo da existência humana, do nosso estar no mundo, alcança sempre níveis de guarda: isto é, está perigosamente perto da fronteira que separa o autocontrole do abandono a forças que, fugindo do controle do indivíduo adulto, ameaçam a sua autonomia.

Por que é tão intensa, tão dramática a relação dos “românticos” com os outros, com a sociedade, com a natureza? A resposta que Charles Taylor deu a essa pergunta representa, na minha opinião, o verdadeiro tesouro filosófico, nem sempre apreciado até o fim, da sua longa e bem-sucedida aventura intelectual.

O que devemos aos românticos, em particular à geração dos românticos alemães do fim do século XVIII, à qual a reflexão do filósofo quebequense está explicitamente ligada, é uma modulação moderna específica daquilo que faz de nós, humanos, uma espécie animal sui generis. Taylor tem um termo técnico para indicar esse elemento: strong evaluations – “avaliações fortes”.

Gostaria de chamar a atenção do leitor sobretudo para o adjetivo: as avaliações em questão são “strong”. O termo “força”, obviamente, se insere na constelação semântica da “coragem”, mesmo que a força exercida por esse tipo de valores seja antes a força invisível e enigmática de um centro de gravidade ou de um eixo de rotação.

Isto é, os seres humanos são criaturas especiais porque não se limitam a desejar coisas, ações, pessoas, quimeras, fazendo delas os referentes das suas próprias volições arbitrárias, mas as desejam porque as consideram desejáveis, ou seja, dignas de serem desejadas. Nessa condição de tensão estrutural entre o eu e o mundo, entre o eu e o não eu, descerra-se um espaço de relações ideais que torna as existências humanas um assunto enormemente mais denso, mais intrincado, mais sério do que seria se o simples fato de desejar algo o tornasse automaticamente desejável.

 

 

Pois bem, segundo Taylor, os românticos, abalados pela tentativa iluminista de domesticar intelectualmente a força transformadora dessa experiência humana básica, foram os pioneiros ou as vanguardas de uma exploração criativa desses âmbitos da existência – o corpo, o amor erótico, o jogo, o sagrado, a espiritualidade, a arte, os pertencimentos comunitários – em que a intensidade das avaliações fortes normalmente excede a capacidade do saber analítico, do cálculo, da abstração de domar o seu poder motivador que é, no seu núcleo irredutível, uma forma de comoção, um ser aferrado, um apropriar-se que simultaneamente expropria.

É aqui que a virtude da coragem, à qual me referi acima, volta a ser essencial. Para Taylor, a redescoberta romântica das avaliações fortes não é, de fato, o sintoma de um colapso nervoso ou do bovarismo de pessoas que permaneceram à margem do processo de civilização moderna e da sua teia de práticas de socialização e autodisciplina. Ao contrário, para ele, tornar-se sondas, “sensores” modernos das avaliações fortes não tem nada de sentimental, escapista, subjetivista, mas é uma forma aventurosa de abertura à alteridade.

O acesso a esse “interespaço”, nem exclusivamente subjetivo nem puramente objetivo, é justamente aquilo que torna especial o gênero humano, que, ao contrário do que foi teorizado pelos debunkers anti-humanistas, não reivindica um status excepcional por aquilo que tem “dentro” de si, pela sua “essência” ou “natureza”, mas merece uma consideração especial por aquilo que pode se tornar graças às coisas que encontra fora de si, no espaço de pressões cruzadas descerrado pelas avaliações fortes.

Resumindo, a coragem intelectual de Taylor que celebramos hoje, no dia do seu 90º aniversário, é a virtude filosófica indispensável para a exploração rigorosa desse fenômeno, hidden in plain sight, da forma de vida moderna. Hartmut Rosa a descreveu com palavras não convencionais na sua contribuição para Modernità al bivio:

 

“É por isso que os escritos de Taylor têm um efeito portentoso nos corações e nas mentes dos estudantes em todos os cantos do planeta. A frieza distanciada e a aridez emocional tão típicas das contribuições filosóficas e teóricas em âmbito acadêmico não pertencem a ele de modo algum. Quando se lê um artigo, ensaio ou livro dele, o que se sente ressoar é sempre a voz comprometida de alguém que realmente se preocupa com as coisas e que tem algumas sugestões para dar. Esse é o motivo pelo qual os seus escritos são lidos, compreendidos e assumidos não apenas pelos estudiosos, mas também pelos políticos e pelas pessoas comuns em todo o mundo. [...] Isso explica o arcano. Há um motivo pelo qual Taylor continua viajando e discutindo as suas teorias com trabalhadores, estudantes, estudiosos, papas e públicos de todas as línguas e nacionalidades. Ele não faz isso para difundir um conhecimento filosófico particular, mas para refinar cada vez mais a nossa explicação da difícil situação em que nos encontramos. À medida que fazemos o nosso ingresso no antropoceno – a época em que o ser humano será posto diante das suas responsabilidades últimas – esse esforço, sem dúvida, é de uma importância decisiva para o futuro da humanidade. Por isso, eu espero que Taylor não deixe de combater a sua batalha antes de chegar aos 100 anos! [7].

 

Reprodução da capa do livro Uma era secular, obra mais famosa do filósofo Charles Taylor, traduzida para o português pela Editora Unisinos.

 

Notas:

 

1. Cf. C. Taylor, “The Explanation of Behaviour” (1964), Londres: Routledge, 2021; C. Taylor, “Hegel”, Cambridge: Cambridge University Press, 1975. Para uma reconstrução abrangente do itinerário teórico de Charles Taylor, remeto a P. Costa, “Verso un’ontologia dell’umano. Antropologia filosofica e filosofia politica in Charles Taylor”, Milão: Unicopli, 2001.

2. Cf. C. Taylor, “Cross-Purposes: The Liberal-Communitarian Debate” (1989), in Philosophical Arguments, Cambridge: Harvard University Press, 1995, pp. 181-203; C. Taylor, “The Politics of Recognition” (1992), in Philosophical Arguments, cit., pp. 257-288.

3. Cf. C. Taylor, “Sources of the Self: The Making of the Modern Identity”, Cambridge: Harvard University Press, 1989.

4. Cf. C. Taylor, “Human Agency and Language: Philosophical Papers I”, Cambridge: Cambridge University Press, 1985; C. Taylor, “Philosophy and the Human Sciences: Philosophical Papers II”, Cambridge: Cambridge University Press, 1985.

5. Cf. C. Taylor, “Modernità al bivio. L’eredità della ragione romantica”, editado por P. Costa e com contribuições de R. Abbey, R. Beiner, R. Bhargava, N. Kompridis, A. Laitinen, J. Maclure, D. McPherson, M. Meijer, H. Rosa, J. Smith, N. Smith, Bolonha: Marietti 1820, 2021.

6. Cf. C. Taylor, “The Language Animal: The Full Shape of the Human Linguistic Capacity”, Cambridge: Harvard University Press, 2016.

7. Cf. H. Rosa, “Alla ricerca della ‘spiegazione migliore’: Charles Taylor intellettuale pubblico e teorico critico”, in C. Taylor, “Modernità al bivio”, cit., p. 193.

 

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