Ética, pós-humanismo e participação política na sociedade da inteligência artificial. Debate com Sebastiano Maffettone

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20 Outubro 2021

Terça-feira, dia 26 de outubro, às 10h, o Instituto Humanitas UnisinosIHU receberá o Prof. Dr. Sebastiano Maffettone para debater sobre Ética, pós-humanismo e participação política na sociedade da inteligência artificial. A fala integrará o Ciclo de Estudos A condição humana entre a Biosfera, a Tecnosfera e a Infosfera em tempos sindêmicos, o qual já contou com a participação do Prof. Dr. Fernando Wirtz da Universidade de Tübingen (Alemanha), do Prof. Dr. José Manuel de Cózar da Universidade de La Laguna (Espanha), Prof. Dr. Roberto Marchesini, etologista italiano e fundador da zooantropologia na Itália e do Prof. Dr. Oswaldo Giacoia Junior da Unicamp.

O Prof. Dr. Sebastiano Maffettone é filósofo italiano e professor de Filosofia Política na Universidade LUISS Guido Carli, em Roma, onde dirige o Center for Ethics and Global Politics e é presidente da Escola de Jornalismo Massimo Baldini. Ele lecionou em várias universidades italianas (Turin, Palermo, Nápoles e Roma), bem como universidades internacionais (Harvard, Columbia, Boston College, Universidade Tufts, Paris, Délhi, Universidade da Pensilvânia para mencionar alguns). Maffettone se formou summa cum laude da Universidade de Nápoles em 1970, e completou seus estudos de graduação em filosofia social na London School of Economics - LSE em 1976, sob a supervisão de filósofos como Karl Popper e Amartya K. Sen.

Em um artigo publicado em maio de 2021 por Corriere della Sera e republicado no sítio do IHU, Maffettone, juntamente com Paolo Benanti, apontam uma nova ferramenta conceitual para dar vistas aos desafios sociotécnicos contemporâneos. Intitulada de “sustentabilidade digital”, eles a interpretam como sendo “o cuidado dos problemas decorrentes do complexo das consequências sociais, morais e políticas devido ao impacto extraordinário da revolução digital sobre as nossas vidas”.

Não é por acaso, apontam eles, “que o entusiasmo inicial que se seguiu à revolução digital foi seguido por um período em que, na maior parte da literatura das Ciências Sociais sobre o tema, percebe-se o temor pelo futuro e a necessidade de adotar precauções. A sustentabilidade digital propõe uma abordagem ética, que inclui critérios, princípios e orientações, capaz de ajudar na escolha de medidas políticas entre as diversas opções em relação ao digital. Essa abordagem se baseia na capacidade de duração no tempo da opção escolhida combinada com a proteção dos mais desfavorecidos pela digitalização”.

Observando a sociedade cada vez mais intermediada por dispositivos eletrônicos, algoritmos e sistemas Big Data, Maffettone e Benanti aprofundam o conceito de sustentabilidade e apontam novas dimensões para ação política. “Falar em sustentabilidade, na nossa perspectiva, não se refere, predominante ou exclusivamente, à proteção do ambiente natural. Em vez disso, diz respeito a uma perspectiva ampliada que também inclui a sustentabilidade econômica e política. A sustentabilidade geral, assim concebida, deveria garantir – como se disse – a durabilidade no tempo e a proteção dos mais desfavorecidos pela digitalização”.

Em julho de 2021, Maffettone e Benanti escrevem a respeito da plataforma Decidim, isto é, uma plataforma digital utilizada para fins políticos. Decidim já é um instrumento utilizado pela administração pública catalã, e também pela Prefeitura de Milão.

“É uma opinião generalizada que a democracia liberal tradicional está em crise em todo o mundo. E, portanto, é natural explorar outras possibilidades, começando pelas oferecidas pela revolução digital, da qual o Decidim é um dos últimos filhos. A franqueza com que o próprio Decidim se apresenta ao usuário (ou ao cliente?) é reveladora. Até o obriga a assinar um “contrato social”, isto é, uma coisa séria, de Hobbes a Rawls. Além disso, os objetivos desse contrato são múltiplos e totalmente respeitáveis. Porque o contrato em questão pretende explicitamente promover virtudes ético-políticas certamente louváveis como a transparência, a rastreabilidade e a integridade das informações. Tudo com o objetivo de favorecer a participação democrática e a deliberação informada com igualdade de oportunidades, com plena segurança e respeito à privacidade.”, apontam Maffettone e Benanti.

“É lícito conceder uma certa confiança preventiva a tais instrumentos. Afinal, os algoritmos e até mesmo a inteligência artificial têm sido utilizados de muitos modos socialmente vantajosos, desde a antecipação das necessidades sanitárias e a criação de conexões entre indivíduos potencialmente compatíveis até a regulamentação do tráfego e a facilitação de decisões financeiras e políticas. No entanto, há uma crescente preocupação no que diz respeito ao impacto do processo decisório algorítmico sobre os resultados individuais e coletivos. Algoritmos projetados para recomendar informações e produtos de acordo com as supostas preferências individuais podem criar feedbacks descontrolados em que as preferências sobre as informações do usuário e a sucessiva exposição aos conteúdos se tornam mais extremas ao longo do tempo (as chamadas bolhas)”, provocam.

 

Os limites éticos e democráticos da participação política mediada por algoritmos serão abordados na fala do Prof. Dr. Sebastiano Maffettone. Acompanhe aqui o debate na íntegra:

 

 

 

Artigos de Sebastiano Maffettone publicados no IHU

 

 

O Ciclo de Estudos – A condição humana entre a Biosfera, a Tecnosfera e a Infosfera em tempos sindêmicos debate interdisciplinarmente questões relacionadas às cosmotécnicas, ética, transumanismo, pós-humanismo, tecnofeudalismo, digitalização da governança, sistemas de poder, tecnosfera, biosfera e responsabilidade socioambiental. Estas discussões têm o intuito de evidenciar questões humanitárias em meio às transformações ambientais, climáticas e tecnossocietais globalmente vigentes.

 

Confira aqui a programação completa do evento.

 

 

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