31 Agosto 2021
“Uma casa para todos? Renovando o Oikos de Deus” será o tema da celebração ecumênica Tempo da Criação 2021, que terá início amanhã, 1º de setembro, e se estenderá até 4 de outubro, dia de São Francisco de Assis, o santo patrono dos animais e do meio ambiente. O logotipo da celebração deste ano é a estilização da tenda de Abraão, simbolizando “um lar para todos e todas”.
Logotipo Tempo da Criação 2021
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
Oikos é a palavra grega para “casa” ou “família”. O conceito de oikos reporta-se à teia integral de relações que sustentam o bem-estar da Terra. O Tempo da Criação é “um convite à união na vocação de redesenhar sistemas políticos, sociais e econômicos justos e sustentáveis que respeitem os limites ecológicos vitais da Terra”, assinalou o pastor luterano Dr. Chad Rimmer, presidente do Comitê Diretor Ecumênico dessa iniciativa internacional que reúne episcopais, ortodoxos, católicos, luteranos, reformados, organismos ecumênicos.
“Infelizmente, sabemos muito bem que estamos destruindo habitats e desestabilizando ecossistemas, o que significa que estamos extinguindo inúmeras espécies em num ritmo alarmante”, alertou Rimmer.
Durante séculos, destaca o Guia preparado para a celebração deste ano, os humanos regeram suas vidas e economias mais de acordo com a lógica dos mercados do que com as limitação do planeta. “Essa falsa lógica explora o oikos de Deus e converte a Criação num meio para fins econômicos e políticos”. A exploração desmesurada da terra, das plantas, dos animais, dos minerais com fins lucrativos resulta na perda de habitats que abrigam milhões de espécies, incluindo seres humanos, segue o texto.
“A razão nos diz que nesta era antropocena, a desintegração e exclusão ecológica e social provocam a atual crise climática, acelerando a instabilidade ecológica. A sabedoria nos prepara para encontrar as respostas e os caminhos para construir economias de vida verdes e sistemas políticos justos que sustentem a vida do planeta e das pessoas”, aponta o Guia. “Esquecemos que vivemos na casa de Deus”, lembra.
As relações econômicas (oikonomia), sociais e políticas estão vinculadas ao equilíbrio da Criação. Tudo o que a humanidade fabrica, utiliza e produz tem sua origem na Terra, seja de insumos minerais, vegetais ou animais. O texto remete ao livro de Gênesis para lembrar aos humanos que eles foram incumbidos da especial vocação de cuidar e zelar a casa comum.
O Guia sugere às igrejas e congregações que realizem atos em favor da vida do planeta, como caminhadas ou peregrinações para locais ecológicos significativos ou que já sofreram degeneração. Um passeio contemplativo da natureza sugere a meditação sobre o dom da Criação de Deus e as respostas que humanos lhe deram e lhe dão. Também sugere a limpeza de córregos, arroios, rios, praias durante a Jornada Internacional de Limpeza Costeira, agendada para setembro. Ou dar início a hortas comunitárias e plantação de árvores, incorporado a um culto ou momento de oração, além do estudo de textos das Escrituras Sagradas que tragam referenciais de cuidados ambientais.
O papa Francisco, o patriarca Bartolomeu, líderes protestantes, episcopais, o Conselho Mundial de Igrejas têm conclamado os 2,2 bilhões de cristãos/ãs mundo afora a se agregarem ao momento celebrativo Tempo da Criação. No dia 1º de setembro a família cristã está convidada a participar Dia Mundial da Criação. Líderes cristãos vão se reunir em Assis para uma oração ecumênica.
Foi o patriarca ecumênico Dimitrios I que proclamou, em 1989, o 1º de setembro como Dia de Oração pela Criação. Em 2001, igrejas da Europa e em 2015 o papa Francisco aderiram à iniciativa, que estendeu a celebração para além de um mês, finalizando-a em 4 de outubro. No encerramento, um serviço de oração virtual refletirá sobre a peregrinação espiritual de São Francisco de Assis e o que ela aponta para os dias atuais.
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