As exportações da China superam o PIB brasileiro. Artigo de José Eustáquio Diniz Alves

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01 Mai 2021

 

"As exportações são um bom indicador do grau de competitividade das nações. Existe uma visão simplista da economia que considera dois modelos antagônicos de desenvolvimento: desenvolvimento voltado para fora e desenvolvimento voltado para dentro", escreve José Eustáquio Diniz Alves, demógrafo e pesquisador em meio ambiente, em artigo publicado por EcoDebate, 30-04-2021.

 

Eis o artigo.

 

De modo geral se diz que a América Latina seguiu o primeiro modelo, com o processo de substituição de importações. Enquanto o Japão, os Tigres Asiáticos e a China seguiram o segundo modelo, com promoção das exportações (export-led). É claro que a discussão é muito mais complexa do que isto, mas o sucesso do leste asiático é evidente, especialmente quando comparado com a América Latina.

O gráfico abaixo mostra o valor do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e as exportações da China e do Brasil, em dólares correntes, segundo dados do FMI e da OMC. O contraste é evidente, o Brasil exportava mais do que a China e, em 1984, o Brasil exportou US$ 27 bilhões (14% do PIB) e a China exportou US$ 26 bilhões (8,3%). Mas, a partir de meados da década de 1980, as exportações da China subiram de forma exponencial e ultrapassaram o valor do PIB brasileiro. Em 2020, o Brasil – com um PIB de US$ 1,44 trilhão – exportou US$ 210 bilhões (14,6% do PIB), enquanto a China exportou US$ 2,6 trilhões (18% do PIB). Ou seja, as exportações da China cresceram tanto que ultrapassaram o valor total do PIB brasileiro.

 

Com o aumento da conquista de mercados externos a economia chinesa cresceu, se diversificou, se complexificou e passou a produzir produtos com maior valor agregado. O gráfico abaixo, também com dados do FMI e da OMC mostra os valores anteriores e o chinês. Até meados da década de 1990 os dois PIBs tinham valores parecidos. Mas o PIB da China deu um salto impressionante e chegou a quase US$ 15 trilhões em 2020, quando as exportações ficaram em US$ 2,6 trilhões (18% do PIB). O modelo “export-led” da China foi também um modelo “wage-led”, pois conjuntamente ao aumento das exportações houve ainda um aumento da renda, da educação, da saúde e dos indicadores sociais (o IDH da China passou de 0,499 em 1990 para 0,761 em 2019), uma melhoria geral da infraestrutura e um grande avanço tecnológico (só não houve avanço na área de defesa do meio ambiente).

 

O gráfico abaixo relativo à renda per capita (dólares correntes) do Brasil e da China, segundo dados do relatório WEO, do FMI, mostra que o Brasil tinha uma renda per capita de US$ 1,3 mil em 1980, enquanto a China tinha uma renda de US$ 307. Em 1990 a renda per capita brasileira passou para US$ 3,2 mil e a da China para US$ 347 (a renda brasileira quase 10 vezes maior). Mas, em 2020, a China já tinha uma renda de US$ 10,5 mil contra somente US$ 6,8 mil do Brasil.

 

Portanto, não existe contradição entre exportar e avançar com o mercado interno. As duas coisas podem ser feitas ao mesmo tempo. A vantagem de conquistar mercados externos é que a economia com sucesso internacional, geralmente, também tem sucesso nacional. Mas o contrário não é verdadeiro. Depois das reformas econômicas de Deng Xiaoping, no final da década de 1970, a China optou por fazer uma inserção soberana no processo de globalização e soube tirar vantagens da divisão internacional do trabalho. E fez tudo isto com inflação baixa e um grande acúmulo de reservas internacionais.

Na época de Mao Tsé-tung, a China era uma potência do Terceiro Mundo e agora caminha para ser a potência hegemônica do mundo, já dominando na área comercial. E conseguiu êxito combinando a conquista do mercado externo com grandes avanços do mercado interno e, em especial, com o aproveitamento do bônus demográfico e um grande avanço na qualificação da sua força de trabalho.

 

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