De um Chile desperto a um Brasil hibernando

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24 Outubro 2019

"Onde estão as forças progressistas e os chamados movimentos sociais? Com isso, um governo sem rumo se mantém pela inércia e um presidente incapaz pode andar passeando pelo mundo sem que nada aconteça. Como sair da anomia? Desafio para partidos e entidades opositoras", escreve Luiz Alberto Gomez de Souza, sociólogo.

"O PT e outras forças tendem a encerrar-se na miopia redutiva de "Lula livre", outros pensam basicamente em vencer as próximas eleições municipais. Onde propostas de dimensões e ambições ao nível de um país que está sendo sucateado, do pré-sal a privatizações a rodo?", pergunta o sociólogo, denunciando que "na ausência de alternativas a política parece vegetar numa calmaria anestesiada".

Eis o artigo.

Impressionante a enorme multidão no centro de Santiago neste 23 de outubro. Para os que vivemos no Chile durante a Unidade Popular, não podemos deixar de recordar o entusiasmo do primeiro de maio de 1972 na Praça Itália. Trata-se agora de um plebiscito de fato, contra uma política neoliberal que foi apresentada entre nós como exemplo pela equipe de Guedes e que naufragou também na Argentina de Macri

Um tremendo contraste: a reforma de previdência que castiga os mais pobres foi aprovada em Brasília com o assustador silêncio e indiferença das ruas brasileiras. Onde estão as forças progressistas e os chamados movimentos sociais? Com isso, um governo sem rumo se mantém pela inércia e um presidente incapaz pode andar passeando pelo mundo sem que nada aconteça. Como sair da anomia? Desafio para partidos e entidades opositoras. 

O PT e outras forças tendem a encerrar-se na miopia redutiva de "Lula livre", outros pensam basicamente em vencer as próximas eleições municipais. Onde propostas de dimensões e ambições ao nível de um país que está sendo sucateado, do pré-sal a privatizações a rodo? Na ausência de alternativas a política parece vegetar numa calmaria anestesiada. 

Na história, às vezes, basta uma fagulha concreta – do preço dos transportes à indignação por uma saúde em decomposição - para despertar forças aparentemente hibernando. Assim com os gilet jaunes na França, entre nós os caras pintadas contra Collor, ou as manifestações de junho de 2013 em São Paulo que as esquerdas não souberam avaliar... 

Sempre tratei de manter a esperança numa frente ampla nacional, popular e democrática. No momento atual não posso deixar de expressar uma certa perplexidade. 

“A história não caminha ao ritmo de nossa impaciência”, escreveu o poeta espanhol Antonio Machado, ao partir para o exílio no final da guerra civil. 

Mas é do Chile que vem o alento com Salvador Allende, em sua última e comovente alocução pelo rádio, despedindo-se de seu povo: “La historia es nuestra, la hacen los pueblos”. E antevia então o que está acontecendo agora nas ruas de Santiago: “Volverá el pueblo a las grandes alamedas”. 

Porém entre nós: quando?

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