Católicos negam acusações de "panelinha homossexual" na gestão da Igreja

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17 Novembro 2018

Autoridades da Igreja na Inglaterra negaram fortemente as acusações de que haja uma “panelinha homossexual" no controle de um seminário, acusações que também vinculam sacerdotes gays a casos de abuso sexual do clero. Ambos os tipos de acusações causaram forte repúdio.

A reportagem é de Robert Shine, publicada por New Ways Ministry, 12-11-2018. A tradução é de Luísa Flores Somavilla.

Funcionários do seminário St. Mary's College, Oscott, na Inglaterra, negaram as acusações de um ex-funcionário sobre uma "panelinha homossexual" na gestão, dizendo que se tratavam de "uma imagem falsa e distorcida da vida e da formação". O padre David Marsden, STJ, apresentou suas queixas em uma carta aberta à Conferência dos Bispos do país que foi publicada por websites católicas da direita. O The Tablet noticiou a controvérsia:

"[Marsden] disse que 'os alunos normais, heterossexuais, [do seminário] Oscott pediram que todos os estudantes e funcionários homossexuais e bissexuais fossem excluídos.

"O padre Marsden, que foi demitido do cargo de tutor de formação este ano, disse que foi por estar tentando cumprir a doutrina da Igreja sobre a sexualidade, depois de ter recomendado que um seminarista abertamente gay descontinuasse a formação. Ele disse que essa dissidência da doutrina da Igreja e a admissão de homossexuais ao sacerdócio era "a causa do maior escândalo da nossa era”. Afirmou, ainda, que o problema começou durante o processo de seleção.

Funcionários do seminário não quiseram comentar sobre Marsden devido a pendências judiciais, mas disseram que seu afastamento aconteceu por "uma série de razões". O arcebispo de Birmingham Dom Bernard Longley e os curadores do seminário disseram confiar na administração.

A situação no seminário fez com que um padre britânico homossexual respondesse anonimamente. Não foram apenas as declarações de Marsden sobre o incidente do seminário que chatearam o padre, mas suas sobre homossexualidade e abuso. Seguem seus comentários, compartilhado no PinkNews:

"Tudo isso me levou a me preparar para desafios no meu mundinho. Em várias ocasiões, me questionei se queria mesmo o sacerdócio, ser membro integralizado da Igreja. No entanto, segui em frente. E continuo. Por quê? Porque minha fé - e a fé preciosa de meus paroquianos mais jovens ou mais velhos, que encontram conforto e esperança na vida e nas palavras de Jesus - não é propriedade da Igreja institucional. Não depende de políticas mesquinhas nem de cartas abertas cruéis."

Este incidente é parte de um discurso maior sobre a presença de gays no sacerdócio que surgiu neste verão depois da crise de abuso sexual do clero. No National Catholic Reporter, o padre Peter Daly atacou a ideia de que um coletivo de padres gays esteja de alguma forma controlando a Igreja e apontou para o problema da homofobia:

"Alguns católicos arquiconservadores nos EUA estão dizendo que [o cardeal Theodore] McCarrick foi protegido por algum tipo de 'panelinha gay' na hierarquia. Isso é um absurdo. Se tem uma coisa de que não se fala honestamente por parte dos clérigos, é a vida sexual. Os clérigos se escondem por trás da máscara do celibato. Duvido que McCarrick ou [o cardeal KeithO'Brien tenham admitido para si mesmos que eram gay...

"Tanto McCarrick como O'Brien se esconderam atrás da homofobia pública. Na vida pública, se opunham aos direitos dos homossexuais e ao casamento gay. McCarrick se opôs ao casamento homossexual em Maryland e em Washington. Também se opôs ao direito de plano de saúde para casais homossexuais que trabalhem para a arquidiocese. Assim como O'Brien, talvez ele achasse que seus posicionamentos públicos contra os homossexuais pudessem afastar rumores sobre sua vida privada.”

Thomas Plante, professor de psicologia na Universidade de Santa Clara, também escreveu na revista América em defesa tanto dos padres gays como da justiça para as vítimas de abuso:

"Culpar ou vitimizar homens homossexuais sem motivo, dentro ou fora da Igreja, não protege as crianças nem resolve os problemas de abuso sexual do clero. Independentemente da orientação sexual, do voto celibatário sacerdotal ou até mesmo dos votos conjugais, uma percentagem muito pequena de pessoas busca atividade sexual com crianças e adolescentes, e a maioria são pessoas leigas, heterossexuais, casadas e não celibatárias que tendem a explorar os membros da própria família. O foco na homossexualidade, que é falso e tira a atenção do que é importante, não é relevante para manter as crianças seguras dentro da Igreja Católica."

O incidente na Inglaterra mostra as ligações entre a acusação da existência de uma “panelinha homossexual" na gestão da Igreja e a crença de que os padres gays são uma das causas dos abusos sexuais. O chavão de uma "subcultura", "rede" ou "máfia gay” é devastador o suficiente ao serem usados termos como esses por conservadores para minar a inclusão LGBT e prejudicar os padres homossexuais. Portanto, os fiéis ingleses merecem mais das autoridades da Igreja do que apenas negar o incidente. Merecem que os líderes da Igreja reafirmem sua existência e todo o serviço ao povo de Deus que eles têm prestado e continuam prestando.

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