Cardeal O'Malley sobre o caso McCarrick: desculpas não bastam

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26 Julho 2018

Examinar rapidamente as acusações feitas contra o cardeal Theodore McCarrick, verificar a adequação das políticas da Igreja e uma maior clareza se as denúncias envolverem bispos e cardeais: “Esses e outros casos requerem mais do que desculpas”.

A reportagem é de Iacopo Scaramuzzi, publicada por Vatican Insider, 25-07-2018. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

O cardeal Sean O’Malley, arcebispo de Boston e presidente da Pontifícia Comissão para a Proteção dos Menores, se pronunciou sobre as denúncias contra o arcebispo emérito de Washington de abusos sexuais de menores e comportamentos sexuais inapropriados com adultos e, em uma nota, ressaltou que “cada novo relato de abuso clerical, em todos os níveis, cria dúvidas nas mentes de muitos sobre o fato de estarmos efetivamente enfrentando essa catástrofe na Igreja”, sublinhou a necessidade de “assegurar a justiça às vítimas e responder adequadamente à legítima indignação da comunidade” e prometeu que levará as questões que o caso McCarrick está levantando nos Estados Unidos para a próxima reunião no Vaticano da comissão que ele preside.

“Estou profundamente perturbado com esses relatos que traumatizaram muitos católicos e membros da comunidade em geral”, afirmou o cardeal O’Malley. “Em um caso que envolvia um menor, a Arquidiocese de Nova York, após uma investigação, constatou que a acusação era credível e fundamentada. Enquanto outra acusação relativa a um menor ainda deve ser investigada, os relatos são devastadores para as vítimas, suas famílias e para a própria Igreja. Cada novo relato de um abuso clerical, em todos os níveis, cria dúvidas nas mentes de muitos sobre o fato de estarmos efetivamente enfrentando essa catástrofe na Igreja.”

“Esses e outros casos requerem mais do que desculpas”, escreve o purpurado estadunidense. “Eles levantam a questão sobre o fato de que, quando são feitas denúncias que dizem respeito a um bispo ou a um cardeal, ainda existe uma grande lacuna na política da Igreja sobre a conduta sexual e sobre o abuso sexual. Enquanto a Igreja nos Estados Unidos adotou uma política de ‘tolerância zero’ em relação aos abusos sexuais de menores cometidos por padres, devemos ter procedimentos mais claros para casos envolvendo bispos. Protocolos transparentes e coerentes são necessários para garantir a justiça às vítimas e para responder adequadamente à indignação legítima da comunidade. A Igreja precisa de uma política forte e abrangente para lidar com as violações dos votos de celibato por parte de bispos em casos de abuso criminoso de menores e em casos envolvendo adultos.”

“Minha experiência em diversas dioceses e em meu trabalho com os membros da Pontifícia Comissão para a Proteção dos Menores me levaram a essa conclusão”, diz o arcebispo de Boston. “A Igreja precisa agir de maneira rápida e decisiva em relação a essas questões de importância crucial. Em cada caso de denúncias feitas por vítimas de abuso sexual, seja de violações criminosas ou de abuso de poder, a primeira preocupação deve ser com a vítima, sua família e seus entes queridos. As vítimas devem ser elogiadas por trazer à luz sua trágica experiência e devem ser tratadas com respeito e dignidade. Notícias recentes – continua O’Malley – também relataram uma carta que me foi enviada pelo Pe. Boniface Ramsey, OP em junho de 2015, que eu pessoalmente não recebi. Em linha com a prática sobre questões relativas à Pontifícia Comissão para a Proteção dos Menores, no nível da equipe, a carta foi recebida, e se determinou que as questões apresentadas não estavam sob a jurisdição da comissão ou da Arquidiocese de Boston, decisão que foi compartilhada com o Pe. Ramsey em resposta.”

“Essas acusações – escreve o presidente da comissão antiabuso – são compreensivelmente uma fonte de grande desapontamento e raiva para muitos. Esses casos, envolvendo um cardeal, devem ser consideradas à luz das duas últimas décadas de experiência da Igreja com abusos sexuais clericais. É minha convicção de que três ações específicas são necessárias neste momento. Primeiro, uma justa e rápida avaliação dessas acusações; segundo, uma verificação da adequação de nossos padrões e políticas na Igreja em todos os níveis, especialmente no caso dos bispos; e, terceiro, comunicar mais claramente aos fiéis católicos e a todas as vítimas o processo para apresentar denúncias contra bispos ou cardeais. Não tomar essas ações ameaçará e porá em perigo a já enfraquecida autoridade moral da Igreja e poderá destruir a confiança exigida da Igreja para guiar os católicos e desempenhar um papel significativo na sociedade civil em geral.”

“Neste momento – conclui O’Malley –, não há maior imperativo para a Igreja do que ser responsável ao abordar essas questões, que eu levarei aos meus próximos encontros com a Santa Sé com grande urgência e preocupação.”

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