Fernando Pessoa na oração inter-religiosa desta semana

Mais Lidos

  • “A destruição das florestas não se deve apenas ao que comemos, mas também ao que vestimos”. Entrevista com Rubens Carvalho

    LER MAIS
  • Povos Indígenas em debate no IHU. Do extermínio à resistência!

    LER MAIS
  • “Quanto sangue palestino deve fluir para lavar a sua culpa pelo Holocausto?”, questiona Varoufakis

    LER MAIS

Revista ihu on-line

Zooliteratura. A virada animal e vegetal contra o antropocentrismo

Edição: 552

Leia mais

Modernismos. A fratura entre a modernidade artística e social no Brasil

Edição: 551

Leia mais

Metaverso. A experiência humana sob outros horizontes

Edição: 550

Leia mais

12 Mai 2018

Neste espaço se entrelaçam poesia e mística. Por meio de orações de mestres espirituais de diferentes religiões, mergulhamos no Mistério que é a absoluta transcendência e a absoluta proximidade. Este serviço é uma iniciativa feita em parceria com o Prof. Dr. Faustino Teixeira, teólogo, professor e pesquisador do PPG em Ciências da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora.

Foto: Arquivo Pessoal | Faustino Teixeira

Se Deus

Mas se Deus é as flores e as árvores
E os montes e sol e o luar,
Então acredito nele,
Então acredito nele a toda hora,
E a minha vida é toda uma oração e uma missa,
E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.

Mas se Deus é as árvores e as flores
E os montes e o luar e o sol,
Para que lhe chamo eu Deus?
Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar;
Porque, se ele se fez, para eu o ver,
Sol e luar e flores e árvores e montes,
Se ele me aparece como sendo árvores e montes
E luar e sol e flores,
É que ele quer que eu o conheça
Como árvores e montes e flores e luar e sol.

E por isso eu obedeço-lhe,
(Que mais sei eu de Deus que Deus de si próprio?).
Obedeço-lhe a viver, espontaneamente,
Como quem abre os olhos e vê,
E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes,
E amo-o sem pensar nele,
E penso-o vendo e ouvindo,
E ando com ele a toda a hora.

Fonte: Fernando Pessoa. Obra poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1990, p. 207-208 (Alberto Caeiro – O guardador de rebanhos).

Foto: Wikipedia

Alberto Caeiro (Heterônimo de Fernando Pessoa): Personagem ficcional de Fernando Pessoa ligado à natureza, que desconsiderava o pensamento filosófico. Um poeta "simples", que considerava a "sensação como única realidade", sempre em busca de um "objetivismo absoluto". 

Fernando Antônio Nogueira Pessoa (1988 - 1935): Escritor, astrólogo, crítico literário, filósofo e comentarista político português. O mais famoso poeta português teve seu trabalho marcado pela criação de heterônimos, que eram personalidades poéticas completas, "com identidades que, em princípio falsas, se tornam verdadeiras através da sua manifestação artística própria e diversa do autor original". É autor de muitos livros e poemas, entre eles, O Guardador de Rebanhos (1925), Mensagem (1934), Poemas de Alberto Caeiro (1946), Poemas Dramáticos (1952), O EU profundo e os outros eus (1974) e Livro do Desassossego (1984).

Comunicar erro

close

FECHAR

Comunicar erro.

Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

Fernando Pessoa na oração inter-religiosa desta semana - Instituto Humanitas Unisinos - IHU