Uma igreja desperta

Fonte: Marko Ivan Rupnik

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01 Dezembro 2017

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 13,33-37 que corresponde ao Primerio Domingo de Advento, ciclo B do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. 

Eis o texto

Jesus está em Jerusalém, sentado no monte das Oliveiras, olhando para o Templo e conversando confidencialmente com quatro discípulos: Pedro, Santiago, João e André. Vê-os preocupados por quererem saber quando chegará o fim dos tempos. A Ele, pelo contrário, preocupa como viverão seus seguidores quando já não o tenham entre eles.

Por isso, uma vez mais, mostra-lhes sua inquietude: «Olhai, vivei despertos». Depois, deixando de lado a linguagem aterradora dos visionários apocalípticos, conta-lhes uma pequena parábola que passou quase inadvertida entre os cristãos.

«Um senhor foi de viagem e deixou a sua casa». Mas, antes de ausentar-se, «confiou a cada um dos seus criados a sua tarefa». Ao se despedir, apenas lhes insistiu numa coisa: «Vigiai, pois não sabeis quando virá o dono da casa». Que, quando venha, não vos encontre a dormir.

O relato sugere que os seguidores de Jesus formarão uma família. A Igreja será «a casa de Jesus» que substituirá «a casa de Israel». Nela, todos são servidores. Não há senhores. Todos viverão esperando o único Senhor da casa: Jesus, o Cristo. Nunca devem esquecê-lo.

Na casa de Jesus ninguém deve permanecer passivo. Ninguém deve sentir-se excluído, sem responsabilidade nenhuma. Todos são necessários. Todos têm alguma missão confiada por Ele. Todos estão chamados a contribuir para a grande tarefa de viver como Jesus. Ele viveu sempre dedicado a servir o reino de Deus.

Os anos irão passando. Manter-se-á vivo o espírito de Jesus entre os Seus? Continuarão a recordar o Seu estilo a serviço dos mais necessitados e desamparados? Irão segui-Lo pelo caminho aberto por Ele? Sua grande preocupação é que sua Igreja possa adormecer.

Por isso insiste até três vezes: «Vivei despertos». Não é uma recomendação aos quatro discípulos que o estão a escutar, mas um mandato aos crentes de todos os tempos: «O que vos digo a vós digo-o a todos: velai».

O traço mais generalizado dos cristãos que não abandonaram a Igreja é seguramente a passividade. Durante séculos temos educado os fiéis para a submissão e a obediência. Na casa de Jesus, só uma minoria se sente hoje com alguma responsabilidade eclesial.

Chegou o momento de reagir. Não podemos continuar a aumentar ainda mais a distância entre «os que mandam» e «os que obedecem». É pecado promover o descontentamento, a mútua exclusão ou a passividade. Jesus deseja ver-nos a todos despertos, ativos, colaborando com lucidez e responsabilidade no seu projeto do reino de Deus. 

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