“Não coloquem sobre os ombros dos fiéis cargas que não conseguem carregar”, diz Papa Francisco aos novos padres

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08 Mai 2017

“Não coloquem sobre os ombros dos fiéis pesos que não conseguem carregar”. Esta é a mensagem que o Papa Francisco transmitiu aos 10 novos presbíteros que ordenou na manhã do último domingo na Basílica de São Pedro. O Pontífice pediu-lhes, além disso, que se recordem sempre do exemplo de fé de suas mães, avós e catequistas, e que não caiam na “grave doença” do clericalismo hipócrita.

A reportagem é publicada por Religión Digital, 07-08-2017. A tradução é de André Langer.

No 4º Domingo da Páscoa, conhecido como do “Bom Pastor”, e no contexto da 54ª Jornada Mundial de Oração pelas Vocações, o Papa Francisco presidiu a Santa Missa de ordenação presbiteral destes 10 presbíteros. Seis dos quais para a sua própria diocese, que se formaram no Pontifício Seminário Romano Maior e no Colégio Diocesano Missionário de Roma Redemptoris Mater.

Concelebraram com o Santo Padre o cardeal vigário Agostino Vallini, o vice-gerente Filippo Iannone, os bispos auxiliares da diocese de Roma, os superiores dos seminários interessados e os párocos dos ordenandos.

Em sua homilia – neste caso a ritual da ordenação dos presbíteros, com algumas observações pessoais acrescentadas de forma espontânea –, o Pontífice alegrou-se por estes filhos chamados à ordem do presbiterado e convidou para refletir sobre o ministério ao qual estavam a ponto de serem elevados na Igreja, recordando que o Senhor Jesus é o único Sumo Sacerdote do Novo Testamento, e que n’Ele também todo o povo santo de Deus foi constituído povo sacerdotal.

“Recordem-se da história do dom da palavra que o Senhor transmitiu a vocês através de suas mães, avós, catequistas e de toda a Igreja”, pediu o Pontífice.

 Além disso, o Papa Bergoglio destacou que o Senhor, dentre todos os seus discípulos, deseja escolher de modo especial alguns, para que, exercendo publicamente na Igreja em seu nome o ofício sacerdotal em favor de todos os homens, prossigam sua missão pessoal de mestre, sacerdote e pastor.

De maneira que, assim como Ele foi enviado pelo Pai, do mesmo modo Ele, por sua vez, enviou mundo afora primeiro os Apóstolos, depois os Bispos e seus sucessores, aos quais deu, finalmente, como colaboradores os presbíteros, que, unidos a eles no ministério sacerdotal, são chamados a servir o Povo de Deus.

Dirigindo-se aos ordenandos, o Bispo de Roma disse-lhes que não escolheram este estado de vida para fazer carreira, mas como serviço, motivo pelo qual devem ter em conta que, exercendo o ministério da Sagrada Doutrina, serão partícipes da missão de Cristo, único Mestre. Por esta razão, pediu-lhes que dispensem a todos a Palavra de Deus que eles mesmos receberam com alegria. “Sejam pastores, não funcionários”, clamou o Papa, de forma improvisada. “Sejam mediadores, não intermediários”.

“Leiam e meditem assiduamente a Palavra do Senhor”, acrescentou Francisco, “para crer o que leram, ensinar o que aprenderam na fé e viver o que ensinaram. Sem esquecer que sua doutrina deve ser alimento para o povo de Deus, e o perfume da sua vida, alegria e apoio aos fiéis de Cristo, construindo com sua palavra e exemplo a casa de Deus, que é a Igreja”.

“Deste modo continuarão a obra santificadora de Cristo”, prosseguiu o Papa Bergoglio. “E mediante seu ministério, o sacrifício espiritual dos fiéis será perfeito, porque unido ao sacrifício de Cristo, quem, mediante suas mãos e em nome de toda a Igreja, é oferecido de modo incruento no altar na celebração dos Santos Mistérios”.

“Tenham sempre diante dos olhos o exemplo do Bom Pastor”, terminou dizendo o Santo Padre, “que não veio para ser servido, mas para servir; não para permanecer em suas comodidades, mas para sair, buscar e salvar o que se havia perdido”.

Entre as recomendações que o Papa Francisco fez aos novos sacerdotes, estão as seguintes: ir além de acumular títulos com tanto estudo e aprender a carregar a Cruz de Cristo.

Porque poderão ser, sim, bons acadêmicos, mas não bons sacerdotes. Que se santifiquem tocando a carne de Cristo nos doentes. “Não façam homilias muito elaboradas teologicamente, mas falem ao coração”, prosseguiu o Papa, recordando que a palavra sem o exemplo da vida é inócua. Assim como a dupla vida, que é uma “grave doença” na Igreja.

“Por favor, peço-lhes em nome de Cristo e da Igreja, sejam misericordiosos. Não coloquem sobre os ombros dos fiéis pesos que não conseguem carregar”, disse o Papa, destacando, por sua vez, que Jesus recriminou aqueles doutores chamando-os de “hipócritas”.