No final deste mês de setembro, funcionários e autoridades da Congregação para a Doutrina da Fé passaram três dias ouvindo teólogas, canonistas, biblistas e especialistas em outros campos acadêmicos a falar sobre os papéis que as mulheres têm desempenhado na Igreja Católica e os papéis que elas poderiam desempenhar no futuro.

A reportagem é de Cindy Wooden, publicada por Catholic News Service, 29-09-2016. A tradução é de Isaque Gomes Correa. 

Depois de concluído o simpósio, ocorrido entre os dias 26 e 28 de setembro, a Congregação emitiu um breve comunicado em que delineava os tópicos discutidos e listava as participantes que fizeram apresentações formais. O dicastério afirmou que os trabalhos serão publicados posteriormente.

O Cardeal Gerhard Müller, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, abriu o encontro, que envolveu cerca de 50 pessoas, a maioria mulheres, entre funcionários e consultores da Congregação, segundo o comunicado.

Explorou-se o tema do simpósio – “Sobre o papel da mulher na Igreja” – olhando primeiramente para a “definição da vocação feminina na tradição católica”. Na sequência, debateu-se sobre os papéis concretos que as mulheres desempenham e que podem desempenhar dentro da Igreja.

Todos os principais trabalhos foram apresentados por mulheres, várias das quais são ou foram membros da Comissão Teológica Internacional ou da Comissão Bíblica Internacional. Outras atuam como consultoras de departamentos vaticanos ou lecionam em universidades católicas.

A congregação doutrinal não deu informações específicas sobre o conteúdo das falas. Disse, por exemplo, que Barbara Hallensleben, professora de teologia na Suíça, olhou para a “vocação feminina” a partir da ideia do sacerdócio a todos os batizados e do sacramento do matrimônio. Margaret Harper McCarthy, professora da Universidade Católica da América, em Washington, DC, deu uma resposta formal a esta apresentação.

Ainda segundo a nota, a biblista francesa Anne-Marie Pelletier e Mary Healy, professora no Seminário do Sagrado Coração, em Detroit, falaram sobre as contribuições importantes que pesquisadoras mulheres têm dado no campo dos estudos bíblicos.

Outros tópicos incluíram o papel da mulher na formação dos sacerdotes; mulheres como orientadoras espirituais e orientadoras de retiros; dispositivos no Direito Canônico concernentes aos papéis das mulheres nos órgãos tomadores de decisão da Igreja; e “diferença sexual”, tema tratado pela antropóloga espanhola Blanca Castilla Cortazar e pela teóloga australiana Tracey Rowland, diretora do Instituto João Paulo II para o Matrimônio e a Família, de Melbourne.

A Congregação para a Doutrina da Fé disse que, além das apresentações formais, os/as participantes “ouviram interessantes e comoventes testemunhos” de experiências femininas na Igreja, na teologia, no trabalho na Cúria Romana ou nas conferências episcopais, no diálogo inter-religioso, no ecumenismo e no campo das ações de caridade católicas.

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